quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Os perigos de quem é “Super Espiritual”..

Padre Rufus Pereira
Há alguns meses atrás ouvi algo muito interessante sobre as maneiras que Satanás encontra para entrar em nossas vidas e a maneira dele intervir na mesma, sempre com o intuito de destruí – la.

E uma das maneiras na qual o inimigo encontra para entrar em nossa vida, em nosso dia a dia, é o que podemos chamar de super espiritualidade!

Uma espiritualidade vivida de maneira desencarnada, repleta de exageros e muitas vezes sem equilibro.
A sabedoria dos padres do deserto já nos ensina que: “Todos os excessos provém do demônio.”

Por isso abaixo vamos encontrar o ensinamento de um grande homem de Deus, Padre Rufus Pereira, nos ensinando como é que o inimigo nos ataca através da super espiritualidade:

Padre Rufus Pereira

“Uma outra forma de abertura a Satanás é a super- espiritualidade. Como se fosse um espírito de religiosidade absurda. Quando você é religioso demais, um super religioso.

Quando você passa o tempo todo em encontros de oração, em oração, e não faz por exemplo uma xícara de chá para o seu marido. Agora os maridos ficaram contentes…rs

É por isso que a minha mãe, tudo o que ela fez na sua vida foram 3 coisas:
- Primeiro: Ela esteve o tempo todo em casa, cuidando de nós, cozinhando pra nós, a melhor cozinheira do mundo para mim. E ainda hoje quando me lembro dos seus pratos minha boca se enche de água. O seu primeiro lugar era a casa, o lar. 

- Segundo: Ela também sempre tomava as nossas lições de casa. Todos os dias quando chegávamos da escola, ela supervisionava as tarefas da escola, para ter a certeza de que fizemos bem o nosso trabalho e se estávamos prontos para o dia seguinte.

- Terceiro: Ela queria ter a certeza que nós crescêssemos na fé Católica com seriedade. Ela nunca saia de casa, exceto para ir à igreja.

Então a vida toda ela passou com esta fé de quem cuida da casa, cuida dos filhos, e foi tudo que ela fez.
E ela foi muito espiritual. Mas não super espiritual, não naquilo que nós estamos chamando de um espírito de super religiosidade.

Certa vez uma Irmã fez um retiro da Renovação Carismatica conosco e quando ela voltou para o convento, ela não ia mais a escola ensinar as crianças, passava o tempo todo na capela em oração. E ela dizia: “O Senhor esta me dizendo para que eu fique todo o meu tempo na capela em oração.” Certamente a madre superiora ficou brava e impediu a Irmã de participar da Renovação Carismática. Então esta Irmã foi tomada por este espírito de super religiosidade. E o que a bíblia diz: Que o Senhor não quer de nós o sacrifício, mas a obediência.

Uma outra Irmã participou de um retiro da Renovação Carismática e quando voltou ao convento procurou a madre superiora e disse que tinha uma carta para entregar à ela. Na carta ela dizia que Jesus tinha pedido para que ela escrevesse e a entregasse à madre. Na carta dizia: “Madre, é preciso que a senhora desça do seu pedestal…” E a madre proibiu que a entrada da Renovação naquele convento.

É desta maneira que Satanás aparece como um espírito de luz. Às vezes quando estou na minha paróquia em Bombaim as pessoas me perguntam: “Ouvimos dizer que tem um padre aqui que tem um poder de cura” e eu digo: “Ele não esta aqui, ele esta naquela paróquia ali”….e mando – os à uma outra paróquia ali.
Então é preciso tomar cuidado com certas praticas na qual satanás se reveste de anjo de luz.“

Está aí um grande ensinamento para todos nós, como o inimigo tenta se camuflar em nos com “boas intenções” para nos dispersar do caminho correto de Deus.

Por isso é necessário todo cuidado, todo o discernimento; até mesmo em nossa espiritualidade. É preciso sempre estarmos nos perguntando se estamos caminhando com o equilíbrio correto diante de nossas decisões e do nosso dia a dia!

Fonte:http://blog.cancaonova.com/livresdetodomal/super-espiritualidade-cuidado

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ALGUNS ENGANOS DO DEMÔNIO


O Pai da Mentira tem muitas maneiras de deformar os homens. Todos vivemos a tentação e o vício de uma forma ou de outra, em mais de uma ocasião. Mas em algumas oportunidades, Deus permite que o ataque seja mais sensível, para a formação espiritual de seus filhos e humilhação do tentador. 

Aqui contamos alguns casos felizes e outros nefastos na atuação de quem passou por estes artifícios infernais.

Querendo o Apóstolo explicar as ilusões com as quais o demônio engana as almas mal avisadas, diz que "o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz" (2 Cor 11,14). Vedes aqui as aparências e as ilusões com as quais o enganador faz o falso parecer verdadeiro. 

Como os anjos do céu, enviados por Deus para consolar ou para instruir ou animar a seus servos, e algumas vezes também para manifestar a eles as coisas futuras, costumam vir coroados de raios e resplendores muito devidos a seu glorioso estado, também ele se cobre com um manto de luzes e esconde com elas sua fealdade, para parecer o que não é. 

E como os anjos emitem suas embaixadas com vozes claras, que ressoam nos ouvidos do corpo e no profundo do coração, também ele finge semelhante modo de falar e faz penetrar um som semelhante nos ouvidos do corpo ou no coração.

Recordemos que o desejo do demônio é sempre de nos arruinar. Basta dizer que Santo Antônio viu em uma ocasião todo o mundo semeado de laços, os quais não significavam outra coisa que as falsidades, as astúcias e fraudes que o demônio arma – em formas mais ou menos explícitas – para nos fazer cair e precipitar-nos no abismo de todos os males.

Assim o inimigo tentou enganar o santo ermitão Abraham, segundo o relato que nos faz Santo Efrém. Encontrando-se o santo solitário recolhido em devota oração, viu de improviso resplandecer todo o seu quarto com uma bela luz que da noite fazia dia claro, e ouviu que lhe diziam estas palavras: "Feliz és tu, Abraham, que não tens igual; porque cumpriste em tudo a minha vontade" (Santo Efrém em "A vida de Santo Abraham"). 

Mas Abraham, como quem tinha o verdadeiro espírito do Senhor, entendeu logo quem era aquele que vinha visitá-lo com pompa de tanta luz, e que lhe dava anúncio tão feliz; e assim lhe lançou desprezo, dizendo-lhe: "Afasta-te de mim, espírito falaz e enganador. 

Não sou como tu me dizes: sou um miserável pecador. Com tudo isso tenho em minha defesa Jesus Cristo, em cujo nome te afasto, cão infernal".

Do grande São Simão Stelita conta Antônio, seu discípulo e escritor de sua vida, que um dia lhe apareceu o demônio rodeado de formosos resplendores, sobre um carro de fogo, e próximo à coluna em que havia vida celestial, distante de toda relação humana, disse-lhe: 

"O Senhor me enviou do Paraíso, como seu mensageiro, para que te arrebate ao céu, como arrebatei a Elias em outra ocasião, e em um carro semelhante o transportei. Sobe, pois, e vamos ao céu, onde os anjos, os Apóstolos, os mártires, com Maria, Mãe de Deus, esperam com ansiedade sua chegada" (Antônio em "A vida de São Simão Stelita"). Coisa maravilhosa! 

À chegada daquele falaz mensageiro o santo não percebeu a mentira. Deu crédito ao embuste (quiçá o permitiu Deus, para nos fazer mais cautelosos). Levantou o pé para subir naquele carro flamejante. Mas o que aconteceu então? Fazendo nesse ato o sinal da cruz, desapareceram imediatamente o carro, os cavalos e o mensageiro, e se desvaneceu de seus olhos num instante aquela falsa luz.

Fato semelhante Paladio conta de São João, que predisse com espírito profético uma insigne vitória ao Imperador Teodósio. Também lhe apareceu o demônio em bela figura, sobre um carro muito luminoso, prometendo-lhe transportá-lo às estrelas se, dobrando os joelhos, o adorasse. 

Mas João, guiado pela luz celeste, percebeu a fraude e lhe respondeu: Eu adoro ao Rei do céu, que tu não és (Paladio em "Louvores"). A esta recusa, desapareceu a visão e o urdidor da trama se afastou confuso.

Outras vezes o inimigo infernal se transfigura em outras formas. Para enganar as almas recolhidas em Deus, toma a figura de algum santo ou santa, e o temerário toma às vezes a semelhança do próprio Jesus Cristo, para dar crédito à falsidade com aquela falsa aparência, e autenticar a mentira. 

Nesta forma se apresentou diante de São Pacômio, dizendo: Eu sou Cristo, que venho a ti, meu servo fiel, para visitar-te (Dionísio em "A vida de São Pacômio"). Mas o santo, não experimentando em si aqueles efeitos de paz, de quietude e serenidade que costumavam causar-lhe as verdadeiras aparições do Redentor, afastou-o com indignação e repulsa, dizendo-lhe: 

"Afasta-te de mim, diabo; que és maldito, e maldita é tua visão". Então se foi o demônio e, deixando horrível fedor, disse: Eu te teria ganho com minha mentira, se não o houvesse impedido o Redentor com Seu poderoso braço: mas nem por isso perco o ânimo; jamais deixarei de te fazer dura guerra.

Mas o que neste particular nos deve encher de um justo e santo temor é saber que o demônio, com estas suas armações, não somente enganou os olhos de homens santos, mas talvez os tenha cegado totalmente. 

É digno de lágrimas o caso de Paladio de Valente, monge de grande virtude. A este começou a lhe aparecer o demônio em forma de anjo muito resplandecente, e encontrando credulidade no homem simples, voltava freqüentemente a enganá-lo com estas aparições. 

De modo que o infeliz, parecendo-lhe que se havia introduzido entre os coros dos anjos, e admitido a tratar familiarmente com eles, elevou-se com soberba, como se tivesse chegado a ser um deles. Então o inimigo, vendo-o tão disposto a receber os enganos, ganhou-o de todo com outra ilusão muito forte. Colocou-lhe diante dos olhos uma grande procissão de mil anjos, todos com tochas acesas e resplandecentes nas mãos. 

Ao fim dela, vinha um personagem de aspecto mais formoso e digno, que representava a pessoa de Cristo. À sua chegada um dos anjos que estavam a seu lado, voltado para o monge, disse-lhe: "Valente, Cristo te ama tanto, que veio visitar-te acompanhado de tão nobre comitiva; sai logo ao seu encontro, e adora-o profundamente". 

Saiu imediatamente o monge de sua cela e o adorou. Nesse ato lhe tomou tanto o espírito de soberba, que tendo entrado pouco depois na igreja com outros monges, começou a dizer como um louco e desatinado: "Eu não preciso comungar, porque hoje mesmo vi Jesus Cristo com meus olhos". Os monges, ao ouvir declaração tão ímpia, ficaram escandalizados e encerraram-no por um tempo (Paladio em "Louvores").

Nem são menos lastimosas as quedas que Casiano conta de monges santos, pervertidos pelo demônio com revelações falsas e representações vãs. 

Ele chora a ruína de um ancião de nome Eron, o qual, depois de cinqüenta anos de vida passada na solidão, fora do trato e da conversa com os monges, com tanta austeridade que fazia escrúpulo de alimentar-se até no dia de Páscoa com um mísero prato de lentilhas, enganado pelo demônio ao final, infelizmente pereceu. 

Porque dando crédito ao anjo do inferno transformado em anjo do paraíso, atirou-se em um profundíssimo poço, acreditando na palavra que lhe havia dado o enganador, de que sairia sem nenhum ferimento. 

E o pior foi que, tirado pelos monges com grande trabalho, não quis persuadir-se em três dias que sobreviveu, de que havia sido uma ilusão, nem a afastou, experimentando ainda em si mesmo seus efeitos funestos. E assim, depois de tantos anos de vida penitente, morreu ao fim impenitente por soberba e apego a suas próprias idéias.

Por isto recomendam os diretores espirituais, desde tempos antigos, uma grande objetividade, um grande amor a Deus em descobrir a verdade e uma profunda humildade tanto naqueles que dirigem como naqueles que vivem ou viveram experiências de aparência sobrenatural.

Por Equipe LeiaMe em 03-Dec-08 10:55
Juan Bautista Scaramelli
Fonte: http://aparicoes.leiame.net/artigos/enganos.htm

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Almas Penadas na visão de um teólogo católico.

Cheguei à conclusão que temos de aprofundar na nossa fé e ouvir os mais experientes. Obviamente devemos analisar tudo e ficar com o que é bom. Estou  lendo um livro  de Arnaud Dumouch que ensina teologia católica na Bélgica, formado na escola de S. Tomás de Aquino e de Santa Teresa de Ávila e há assuntos interessantíssimos e tenho transcrito algumas partes por ser esclarecer. Antes, porém, quero esclarecer que nunca devemos evocar um morto, pois o Senhor abomina tais práticas, mas não devemos ignorá-los, pois devemos rezar por eles sim.

Padre Robert DGrandis, Padre Rufus, Padre Alberto,Maria Gabriela, têm rezado pela cura de gerações. 
Nós do ministerio de libertação, tem sido uma realidade nas nossas orações.

(...) Segundo alguns teólogos, uma alma penada não é senão uma alma submetida ao Purgatório, no próprio local onde pecou. Quer seja um miliciano criminoso ou um monge infiel, Deus pode, pelo poder dos anjos, mantê-lo um certo tempo no nosso mundo. Dever-se-ia dizer antes, que é a própria alma, por causa de um apego excessivo à terra, que permanece como que “agarrada” ao lugar em que viveu, donde foi arrancada demasiado depressa, e que não se convence a ter de deixar. Trata-se, pois, de uma alma patologicamente apegada à terra, uma vez que se desviou voluntariamente da Luz que a veio buscar, apesar da sua beleza. Estes casos são, pois, bastante raros, porque bastante específicos de pessoas pouco esclarecidas. Deus deixa-as, o tempo necessário, até que se cansem. 

Não actua assim para castigar, mas com um objectivo pedagógico. Não podendo ser vistas pelos homens vivos (salvo caso excepcional), estando separadas do mundo dos mortos, a sua solidão é total. Se esta solidão dura vários anos, vários séculos, acaba por produzir uma viragem. A vaidade das coisas às quais estão apegadas, acaba por se lhes impor. Na sua terrível solidão, os espíritos dos pecadores, acabam por aprender pouco a pouco a vaidade dos bens da terra. Compreendem que o único bem é o Amor.

Mas estas almas podem ser ajudadas na descoberta deste caminho, pelos vivos que, se tomarem consciência da sua presença, podem rezar por elas e explicar-lhes o seu erro, e o caminho que lhes está aberto para o outro mundo. Para isso, Deus permite que as almas deste purgatório apareçam ou se façam ouvir pelos vivos. Elas têm dificuldade em faze-lo por si mesmas, de tal forma o corpo psíquico que lhes restou, está pouco adaptado a este tipo de contacto. 

A maioria das vezes, trata-se antes de uma ajuda de Deus e dos seus anjos. O fenómeno das almas penadas, quando se produz, não deveria nunca assustar. Como ter medo dessas almas que gritam os seus sofrimentos? A nossa resposta imediata deve ser, pelo contrário, a misericórdia. 

Deve rezar-se pelas almas do Purgatório. Alguns santos, canonizados pela Igreja, passaram toda a vida a oferecer-se por elas. Estas orações e sacrifícios oferecidos por elas, têm uma enorme eficácia: a alma penada fica comovida, como ficaria o mais solitário dos prisioneiros, que, pela primeira vez, recebesse uma carta. Este gesto é eficaz, de tal forma a alma tem sede: pode, diante da beleza deste gesto, compreender num instante a grandeza do Amor, e libertar-se da solidão. Passa então para um outro Purgatório, onde o sofrimento não mais é causado pela ausência de prazeres, mas pela ausência de Deus.

A fim de ilustrar este fenómeno, eis algumas histórias relatadas por santos: entre todas as revelações que cita S. Gregório Magno nos seus diálogos, escolheremos aquelas cuja autenticidade está ao abrigo de toda a contradição.

«Um peregrino do território de Rodez, regressando de Jerusalém, diz-se nos anais de Cister, foi obrigado pela tempestade a aportar a uma ilha vizinha da Sicília. Visitou aí um santo ermita que se informou do que dizia respeito à religião no seu país de França, e lhe perguntou, além disso, se conhecia o mosteiro de Cluny e o abade Odilão. O peregrino respondeu que os conhecia e acrescentou que lhe ficaria grato se lhe dissesse que interesse o levava a dirigir-lhe aquela pergunta. 

O ermita continuou: há aqui muito perto uma cratera de que vemos o cimo; em certas épocas, vomita com estrondo turbilhões de fumo e fogo. Vi demónios levar as almas de pecadores e lançá-las nesse precipício horrível, a fim de as atormentar por um tempo. Ora, acontece-me em certos dias, ouvir os maus espíritos conversarem entre eles e queixarem-se de que algumas dessas almas lhes escapam; murmuram contra pessoas de piedade que, pelas suas orações e sacrifícios, apressam a libertação dessas almas. Odilão e os seus religiosos são os homens que parecem inspirar-lhes mais medo. É por isso que, quando estiverdes de volta ao vosso país, vos peço, em nome de Deus, que exorteis os monges e o abade de Cluny a redobrarem as suas orações e esmolas para alívio destas pobres almas. 

O peregrino, quando voltou, cumpriu o recado. O santo abade Odilão considerou e pesou maduramente todas as coisas. Recorreu às luzes de Deus e ordenou que em todos os mosteiros da sua ordem, se fizesse todos os anos, no segundo dia de Novembro, a comemoração de todos os fiéis mortos. Tal foi a origem da festa dos fiéis defuntos.»

S. Bernardo, na vida de S. Malaquias, cita um outro traço. Este santo conta que viu um dia a irmã, morta há algum tempo. Cumpria o Purgatório no cemitério. Por causa da sua vaidade, dos cuidados que tinha tido com o cabelo e o corpo, tinha sido condenada a habitar na própria cova onde tinha sido enterrada e a assistir à dissolução do seu cadáver. O santo ofereceu por ela o sacrifício da missa, durante trinta dias. Expirado este prazo, voltou a ver de novo a irmã. 

Desta vez, estava condenada a acabar o Purgatório à porta da Igreja, sem dúvida por causa das irreverências no lugar santo, talvez porque tivesse desviado a atenção dos fiéis dos mistérios sagrados, para atrair a ela a consideração e os olhares. Estava profundamente triste, coberta de luto, numa extrema angústia. O santo celebrou de novo por ela, o sacrifício, durante trinta dias, e por uma última vez, ela apareceu-lhe no santuário, a face serena, radiosa, vestida com uma veste branca. O bispo soube por este sinal que a irmã tinha obtido a libertação.

Este relato constata o costume, universalmente em vigor desde os primeiros séculos da Igreja, de rezar pelos mortos, durante um período de trinta dias. Neste ponto, o cristianismo não fez senão seguir a tradição mosaica: “Meus filhos”, dizia aos filhos o patriarca Jacob no seu leito de morte, “enterrai-me na caverna de Mambré, que está na terra de Canaã”, e os netos de Isaac choraram o pai durante trinta dias. Pela morte do sumo sacerdote Aarão e do seu irmão Moisés, o povo renovou este luto de trinta dias. E o piedoso costume de rezar pelos defuntos durante todo um mês, tornou-se em breve uma lei da nação escolhida. S. Pedro, príncipe dos Apóstolos, ao que diz S. Clemente, gostava que se rezasse pelo alívio dos mortos, e S. Diniz, o Aeropagita, descreve-nos em termos magníficos, com que majestade os fiéis celebravam as exéquias.

Desde os primeiros séculos, a Igreja, em memória dos trinta dias de luto observados na lei mosaica, encorajou as orações durante um mês, após a morte dos fiéis.

Sem misturar, é importante constatar que certas teologias orientais explicam, da mesma forma, o fenómeno das almas penadas. O Livro dos Mortos tibetano, indica como é possível aos vivos, conduzirem as almas errantes a bom porto. Nesta tradição, explica-se a sua ligação com o nosso mundo por uma presença excepcional sobre a terra, para além do corpo físico, daquilo a que chamam o corpo astral[173]. Desta forma, é-lhes fácil explicar as manifestações das almas penadas. Tal perspectiva é perfeitamente admissível pela teologia católica.

O fenómeno das almas penadas é, infelizmente, para muitos, causa de terror mais que de amor. Lembremo-nos da reacção dos discípulos de Jesus, quando o viram aproximar-se caminhando sobre as águas: “Pensaram que era um fantasma e começaram a gritar”[174].

Não se devem tomar à letra todas as histórias de fantasmas, sem uma investigação aprofundada da parte das autoridades religiosas. Uma imaginação desenfreada pode inventar muitos fantasmas. Basta pôr uma criança no escuro para nos apercebermos. Verá sinceramente toda a espécie de monstros nas pregas duma cortina, toda a espécie de criminosos nos estalidos de um soalho. Os nossos antepassados supersticiosos, inventavam nos seus medos, monstros como o ‘Ancou’ com o seu carro (A Morte, na Bretanha), o vampiro sedento de sangue (Roménia), os ‘Troll’s’ e os duendes (Escandinávia). Todos os povos têm as suas crenças de criança.

Outra causa possível: Satanás

O fenómeno das almas penadas (alma humana infeliz) não deve ser confundido com o das casas que se dizem assombradas (Satanás). O Santo Cura de Ars, quando já era conhecido em toda a França, ouviu uma noite de inverno, estranhos barulhos na sua casa: pancadas nos tetos e nos móveis. Procurou em vão, mas não encontrou ninguém. Convencido de se tratar de alguém que procurava assustá-lo, chamou um robusto camponês da aldeia que veio estar com ele de vigília, em casa, na noite seguinte. 

Lá fora estava frio, e a neve caía em grandes flocos. Cerca da meia-noite, os barulhos ouviram-se de novo. Procuraram na casa, no sótão, mas não viram ninguém. Saindo, o Cura de Ars apercebeu-se que não havia nenhum sinal de passos, na neve. Chamou o camponês e mostrou-lhe: “Vai para tua casa, disse-lhe, não senão o gatázio (o demónio)”. 

A reacção do Santo Cura é para surpreender: assustado perante a eventualidade de um ladrão, tranquiliza-se quando se apercebe que a casa está assombrada pelo demónio.

O fenómenos das casa assombradas não se explica através de uma alma defunta, mas pelo demónio. Ora, o demónio, não vem nunca por iniciativa própria perturbar a paz exterior dos homens. Como no caso das possessões demoníacas[175] (controle do corpo de uma pessoa, pelo demónio), duas causas são possíveis:
1) O homem que chama, pela prática da invocação de espíritos. 

Não é raro que sessões de espiritismo, onde o demónio é chamado sem que ninguém dê conta, prolonguem os seus efeitos durante anos junto das pessoas que as praticaram: obsessão demoníaca (consciência viva de uma presença maléfica), possessão ou fenómeno de casas assombradas. Contaram-me o seguinte facto: um grupo de jovens praticava o espiritismo. Um deles teve a ideia de colocar sobre a mesa um pequeno espelho de toalete e de dizer ao espírito: “Se estás aí, parte este espelho”. Nada aconteceu. Ora, ao voltar a casa, os jovens descobriram com horror que todos os espelhos das suas casas respectivas, tinham sido partidos. Imaginam-se os efeitos de um tal choque sobre a paz dos seus imaginários.

Ao contrário do espiritismo, a feitiçaria[176] chama expressamente o demónio. Pactos de aliança podem ser feitos entre o feiticeiro e o demónio, cujo poder se torna, a partir desse dia, submetido aos desejos do homem. Nada impede que o feiticeiro possa fazer mal aos seus inimigos desta forma, mergulhando-os no medo.

2) Permissão de Deus: em casos muito mais raros, o fenómeno de casas assombradas (como o da possessão), pode produzir-se sem nenhuma intervenção humana, pela simples iniciativa do demónio, ao qual Deus deixa excepcionalmente a permissão de agir. A Bíblia testemunha estes fenómenos: “Havia outrora, no país de Ur, um homem íntegro e recto chamado Job.
Ora, no dia em que o Filho de Deus se vinha apresentar diante de Javé, Satanás também se apresentou no meio deles. Deus disse então a Satanás: “Reparaste no meu servo Job? Não tem quem o iguale na Terra”. E Satanás replicou: “É desinteressadamente que Job teme a Deus? Não abençoaste tudo quanto fez? Os seus rebanhos pululam no país”. “Seja, disse Yahve a Satanás, todos os seus bens estão em teu poder. Evita apenas pôr a mão sobre ele”[177].

No dia seguinte, Job ficou reduzido à miséria, mas não pecou contra Deus.

Esta permissão de Deus é excepcional. A maioria das vezes, o demónio limita-se a tentar-nos para nos fazer cair, mantendo-nos numa mediocridade habitual. O Cura de Ars foi um verdadeiro santo e, portanto, teve de sofrer ataques do demónio cada vez mais directos: depois destes primeiros barulhos na casa, conheceu a delação e a dúvida da sua honestidade (acusaram-nos de ser magro não por ascese, mas por excesso de deboche com mulheres). Conheceu, finalmente, a tentação do desespero (obsessão interior vinda do demónio). Santa Mariam, carmelita árabe, foi, por sua vez, submetida a uma verdadeira possessão demoníaca por autorização de Deus, em vista da sua educação na humildade. Marta Robin parece ter sido espancada pelo demónio até morrer (testemunho do Padre Finet). 

Outra causa possível: a telecinésia inconsciente
Simples pancadas numa casa ou, mesmo, a constatação de objectos que se deslocam sozinhos, não são suficientes para concluir que se trata de um caso de assombro demoníaco. Um enfermeiro de psiquiatria, contou-me um dia o seguinte facto: em Nova York, um café foi vítima de fenómenos inexplicáveis. As garrafas caíam sozinhas das prateleiras, os copos partiam-se sem que ninguém lhes tivesse tocado. O patrão estava à beira da falência. Decidiu mandar embora o empregado de café. Apenas este se tinha ido embora, os fenómenos cessaram.
Este rapaz era trabalhador, mas completamente fechado sobre si mesmo. Praticamente nunca falava e parecia vítima da solidão. Foi contratado por um outro café da cidade. Os copos e as garrafas puseram-se de novo a cair. Informado-se, o patrão mandou-o imediatamente embora. Estava feita a sua reputação e ninguém mais o querendo tomar ao serviço, partiu para um outro estado americano onde, sem dificuldade, encontrou trabalho. Os fenómenos reproduziram-se. Mas o novo patrão, curioso por natureza, era apaixonado pelos fenómenos paranormais. Pôs-se, pois, a observá-lo no trabalho. Um dia, enquanto servia, o rapaz voltou-se diante de uma fila de copos, que caíram um a um, à medida que ele passava. Não era permitida mais nenhuma dúvida: tratava-se de um extraordinário fenómeno de telecinesia[178] inconsciente. Este rapaz, doente de solidão, acumulava nele uma energia que esvaziava, sem se dar conta, desta forma. Não se tratava de uma possessão demoníaca, mas de uma telecinesia inconsciente.
A telecinesia inconsciente pode também produzir-se no sono. A pessoa desloca objectos da casa sem se dar conta, sem nenhuma intervenção demoníaca.

É, portanto, necessário que o psiquiatra e o exorcista se unam, antes de concluir que se trata de um fenómeno de casa assombrada. O diagnóstico conduzirá a um exorcismo ou a uma cura psiquiátrica, segundo o caso.

Fonte: extraído na íntegra da internet, do livro Arnaud Dumouch que ensina teologia católica na Bélgica, formado na escola de S. Tomás de Aquino e de Santa Teresa de Ávila. 
http://lesparanormaux.free.fr/livres/igrejaeparanormal.h  
Tradução: Maria do Carmo Silva, Janeiro de 2005

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O anjo não tem cérebro e, portanto, não pode exercer as faculdades que constituem a riqueza da sensibilidade humana e animal.


Os anjos existem, afirma a revelação, e o seu conhecimento, como veremos, é responsável por muitos dos fenómenos paranormais. Ninguém conhece o instante concreto em que Deus pronunciou estas palavras: “faça-se Luz”, fazendo sair do nada essas miríades de criaturas chamadas anjos. 

Se já estivéssemos presentes nesse instante em que começou o tempo, não nos aperceberíamos de nada, porque o anjo não é visível aos olhos materiais. Ele é luz, não no sentido próprio da palavra, mas no sentido metafórico: é puro espírito, sem qualquer mistura com a opacidade da matéria. 

Para nós, é muito difícil compreender verdadeiramente o que é uma realidade puramente espiritual, como vive uma pessoa que não tem corpo. A nossa linguagem é feita para falar das coisas materiais. 

Para compreender um anjo, é preciso esforçar-nos para eliminar dele toda a faculdade dependente de um órgão. O anjo não pode comer, beber, reproduzir-se. Todas as funções vitais vegetativas são inexistentes nele. Mas é preciso eliminar também, toda a possibilidade de uma vida psíquica. 

O anjo não tem cérebro e, portanto, não pode exercer as faculdades que constituem a riqueza da sensibilidade humana e animal. 

O anjo não tem percepções, não pode sentir o cheiro das plantas, não pode ver a beleza dos pores do sol, não pode ouvir a música nem saborear o prazer dos alimentos. Faz parte de um outro mundo, de uma outra dimensão diferente da nossa. 

O anjo não tem memória sensível. É-lhe impossível decorar conhecimentos como nós o fazemos. Aliás, isso é-lhe perfeitamente inútil, uma vez que o seu conhecimento é bem superior àqueles. Não tem também a faculdade de imaginar: impossível para ele, fechar os olhos e representar-se uma paisagem, como se sonhasse. Mas o mais espantoso para nós, é que é preciso expulsar da vida dos anjos toda a paixão. 

A paixão é um amor que nos conduz na direção de uma realidade sensível. O homem e o animal são seres apaixonados, capazes de se inflamarem por causa dos belos olhos do sexo oposto. O anjo não pode enamorar-se desta maneira. Não conhece os encantos destes amores senão porque é inteligente e não porque os experimente. 

Amor passional e ódio, desejo e fuga, tristeza e prazer, medo e audácia, esperança de um bem sensível ou desespero, eis toda uma série de sentimentos impossíveis aos anjos. Assim, quando falarmos mais adiante, como se os anjos tivessem paixões, será num sentido metafórico, para melhor exprimir as reacções da sua inteligência e da sua vontade.

Que pode então fazer o anjo? Qual a sua vida? Não lhe restam senão as faculdades vitais que ultrapassam a matéria, as que não têm necessidade de um órgão para se exercerem: a inteligência e a vontade. 

Não se trata da inteligência dos animais, que lhes permite encontrar soluções engenhosas para viver melhor e sobreviver, ou para melhor se reproduzir. Trata-se da inteligência no que ela tem de especificamente espiritual, aquela que é capaz de conhecer tudo quanto é conhecível, de penetrar a natureza das realidades. 

A inteligência dos anjos é perfeita. É feita de tal modo que pode conhecer imediatamente a essência de todas as coisas. Penetra a natureza de tudo quanto existe (exceto Deus, que a ultrapassa demasiado para ser conhecido), de uma forma direta e intuitiva. Não tem necessidade, como a nossa inteligência, de se apoiar previamente sobre um conhecimento sensível.

O mesmo se passa quanto à vontade. O anjo não possui essa vontade dos animais que os leva à procura do que pode satisfazer as suas necessidades. A vontade do anjo é a sua inteligência que dirige aquilo que compreendeu como um bem. 

Quando o anjo ama, não é porque foi seduzido pelos encantos de uma realidade, mas porque compreendeu a bondade dessa realidade. Não tem a capacidade de se emocionar, não que seja insensível como o são certos intelectuais humanos de coração contraído, mas porque não possui sensibilidade.

Por esta razão, a liberdade dos anjos é perfeita. Não está submetida a nenhum limite, como a nossa. Não tem corpo que o leve numa direção outra que a da sua vontade. Não é como nós, divididos entre os desejos contraditórios dos instintos. 

Não sofre qualquer influência do meio social, porque se basta a si mesmo. 
O que quer é o que compreendeu como sendo o bem absoluto e volta-se totalmente para ele, simplesmente, sem voltar atrás, sem erro possível. 

Foi assim que Deus criou os anjos, a sua primeira obra. Criou-os sem número, miriades, diz a Bíblia. 
Santo Agostinho, e depois, no seu seguimento, S. Tomás de Aquino, perguntaram-se se os anjos, uma vez criados, tiveram de aprender como nós, os diversos conhecimentos que lhe eram necessários. Quando nasce um homem, não sabe nada. 

A sua inteligência é como uma tábua sobre a qual nada está escrito. Graças às sensações, a criança começa a aprender e não parará de aprender até ao fim da vida, elevando-se pouco a pouco do sensível (este cão, este gato) ao espiritual (a beleza, a verdade, a bondade etc.). Mas o anjo, não tendo sensações, não pode aprender desta forma. Deus deu-lhe, ao criá-lo, o conhecimento de tudo quanto precisava para a sua vida de anjo. Os anjos foram criados adultos e, no próprio instante em que saíram do nada, compreenderam-se por completo.

Cada anjo, por natureza, é diferente dos outros, segundo os graus recebidos por Deus. Cada anjo é um pouco como um diamante muito puro que não se pode comparar a nenhum outro diamante. 

Arnaud Dumouch
Fonte: extraído na íntegra da internet, do livro Arnaud Dumouch que ensina teologia católica na Bélgica, formado na escola de S. Tomás de Aquino e de Santa Teresa de Ávila. 
http://lesparanormaux.free.fr/livres/igrejaeparanormal.h  
Tradução: Maria do Carmo Silva, Janeiro de 2005

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O amor precisa ser amado!



Iniciemos nossa reflexão neste dia com as palavras de São Climaque, que dizia: "A fé coloca ao nosso alcance o que nos parecia sem esperança" e falou ainda mais: "O homem de fé, não é aquele que crê que Deus pode tudo, mas aquele que crê tudo poder obter de Deus".

Assim, sem a fé já não há porque ter esperança e não a tendo o amor se vai, levando-nos à dureza de coração e ao orgulho.

Deus não nos dá segundo as nossas qualidades, beleza ou por sermos bonzinhos, Deus nos dá segundo a nossa esperança, que nasce da pobreza de espírito, pois devemos reagir a toda situação com amor, purificando assim, o nosso coração.

É em Deus qe devemos depositar nossa esperança!

As preocupações, medos, inquietações e dificuldades diárias, tem impedido o crescimento e até mesmo o esfriamento do amor em nós, ficando desesperançados.

Com a falta de esperança existe a crença de que Deus não pode nos fazer felizes. Então, necessitamos reanimar essa esperança, precisamos ir na raiz do desencorajamento e trabalhar isso em nós, para que entendamos que podemos "esperar tudo de Deus".

São Paulo dizia: "tudo posso naquele que me fortalece". Esse tudo significa tudo. Confiança plena!
São Francisco dizia: "O amor não é amado"!

Portanto, somos do entendimento de que temos que fomentar a fé, esperança e a caridade, para que o amor possa ser realmente amado.

Augusta Moreira dos Santos