Lectio Divina: leitura orante da Palavra!
Para você que não sabe ainda como se faz a Lectio Divina, aqui vão algumas instruções e dicas par fazer. Ela foi inspirada no modelo dos Santos Padres, que se divide em 4 momentos: leitura, meditação, oração e contemplação. Acrescemos ainda um quinto momento, a escrita.
Ler
Um tanto quanto óbvio, nesse primeiro momento, o que se deve fazer é: ler. No entanto, não se trata de uma simples leitura, mas de extrair o máximo de informações possível do texto lido. É uma leitura bem ativa e aqui vai uma dica: durante a leitura, tenha lápis ou caneta na mão, sublinhando e destacando elementos essenciais como verbos, sujeitos ativos, ações, atitudes, pensamentos, a situação, os motivos das ações. Mais do que ler, na verdade relemos várias vezes, fazendo com a caneta todas essas anotações.
Outra dica que ajuda bastante para extrair maior riqueza de detalhes é recorrer a outras traduções que ajudem a esclarecer; sempre que possível consultar as introduções, explicações e notas de rodapé, hoje abundantes em nossas Bíblias; podemos ainda comparar com as passagens paralelas, em geral indicadas nas margens das páginas da Bíblia, logo depois dos títulos.
Esse é o primeiro estágio do mastigar e engolir. Vamos prestando atenção aos vários pontos indicados e nos deixando levar de uns para os outros a partir do seu próprio movimento interior; isso leva de modo natural a um surpreendente entendimento. Esse conhecer a Palavra, de forma intensa, nos conduzirá naturalmente para a segunda etapa.
Meditar
A Palavra já foi lida, bem como extraída a maior quantidade de informações possível, de modo bem mastigado, agora é hora de digerir, ou seja, de meditar. Na verdade, é chegado o momento de “sentir” a Palavra. O intelecto também participa dele, mas não está sozinho.
Entram também os sentimentos, a nossa liberdade movida pelo Espírito, os vários movimentos da vontade. Eis o principal momento em que devemos nos deixar impregnar pelos sentimentos que o Espírito Santo faz surgir em nós por meio da Palavra: alegria, medo, confiança, generosidade, arrependimento, esperança, entusiasmo etc. Os vários sentimentos, os vários impulsos que se misturam uns aos outros…
Em outras palavras, se na leitura adquirimos uma gama de informações, na meditação nós damos vida esse conhecimento trazendo-os para a nossa vida, pra nossa realidade.
Orar
Sem percebermos, esses sentimentos nos impulsionarão a dar uma resposta. Aliás, a Igreja, movida pelo Espírito Santo, sempre destina um momento oração e resposta a Deus após a leitura da Palavra. Basta ver que na Oração das Horas, depois da leitura breve temos o responsório breve e na missa, depois da leitura, o salmo é apresentado com uma resposta.
Todavia, não é tanto responder por responder, como uma metodologia, uma seqüência fria, mas algo que brota naturalmente o louvor, o arrependimento, a súplica, a gratidão, o pedido de perdão, a oferta, a adoração e assim por diante. Mais do que uma oração por palavras, essa vai ser uma oração de sentimentos e de atitudes interiores. Umas poucas palavras nos prestarão simplesmente ajuda para nos exprimirmos e nos referir ora ao Pai, ora a Jesus, ora ao próprio Espírito Santo. É uma oração já bem simples e sobremodo interiorizada.
Contemplar
Pouco a pouco, todos aqueles sentimentos que se misturavam e se multiplicavam em nós, os vários movimentos de oração por eles provocados vão se simplificando e se unificando em nosso íntimo. É a hora da tranqüilidade, da harmonia, do repouso em Deus.
Eis o que significa contemplação: entrarmos, mediante a Palavra, no Templo de Deus que existe em todos nós e aí nos deixamos ficar repousando no Senhor. Vem aqui a simplicidade de todos os nossos movimentos interiores. Trata-se de um movimento privilegiado, um instante de graça. Todos podem chegar a vivenciá-lo; Deus deseja vê-lo em todas as pessoas, sem distinção.
Vale ressaltar que a contemplação nada tem de controle mental nem filosofias orientais, não é nada de Nova Era. De forma nenhuma. Estamos alcançando outra vez o que há de mais autêntico e genuíno na espiritualidade cristã. A contemplação é o modo de rezar de Jesus. Ela nos é ensinada pelos místicos, pelos monges e pelos contemplativos… Pelos homens e mulheres de Deus do passado e do presente.
Escrever
Apesar do gozo espiritual que a contemplação lhe traz, ponha-se a escrever: é seu Diário Espiritual, feito agora de maneira distinta e certamente muito proveitosa. Não é questão de escrever muito, nem é o momento de narrar ou descrever o que se passou. Agora, temos somente de registrar: Qual a passagem bíblica utilizada? O que Deus falou pra mim? Qual a minha resposta? Qual o meu propósito?
Esse momento não requer um intelecto supra desenvolvido, tão pouco possui características místicas como na contemplação, mas serve como tesouro particular, pessoal e intransferível. Como um casal de namorados que guardam cartinhas e fotos um do outro, passam-se os anos, casam e lá está a história dos dois registrada. Assim também o seu diário espiritual é a sua história com Deus. Lá estão registradas suas descobertas, seus sentimentos, suas decisões.
Deus te abençoe e uma boa Lectio Divina
Fonte:Família de Nazaré.
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