O ser humano, em seu
estado natural, possui inteligência e vontade com potencialidades infinitas. A
beleza que surge das mãos dos homens é um reflexo da beleza que surge das mãos
do Criador. No entanto, não quis Deus que o homem permanecesse apenas em seu
estado natural e nos deu o dom da fé.
O dom da fé e da graça eleva o homem ao
estado sobrenatural, somos filhos de Deus (1Jo 3,1). Neste estado podemos dizer
com São Paulo “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). O
estado sobrenatural não está em conflito com o estado natural. A graça não
destrói a natureza, a supõe, eleva e aperfeiçoa.
A fé nos eleva a uma
condição superior, mas não de superioridade. É na vivência profunda da fé que o
homem se encontra completamente consigo mesmo e com o outro, e realiza
plenamente a vocação a que foi chamado.
Cristo é nosso Senhor e nos convida a
contemplar o mundo e seus irmãos com novos olhos. A fé, bem acolhida e
cultivada, nos oferece uma lente que permite perceber a realidade com o coração
de Deus.
Por isto, o cristão não é indiferente aos assuntos do mundo. O
sofrimento e a dor que assolam a humanidade devem ser sentidos, sofridos e
compadecidos com maior intensidade por aqueles que se declaram apóstolos de
Cristo. É com o amor de Deus que amamos o mundo.
A fé não é alienação, ao
contrário, é trazer ao mundo um pouco do divino, é lapidar a beleza da criação
muitas vezes escondida pela nuvem do pecado. A verdadeira alienação é não
acolher, cultivar e promover o dom da fé.
A busca de infinito que permeia o
coração humano encontra nela seu porto seguro, pois somente através desse
magnífico dom descobrimos quem realmente somos. Como dizia Santo Agostinho:
“Fizeste-me para Ti, Senhor, e o meu coração inquieto está enquanto não descansa
em Ti” (Confissões, l.1, n.1).
Elevemos todos uma oração de agradecimento a Deus
pelo dom da Fé que nos enriquece, fazendo-nos mais humanos e filhos de
Deus.
Dom Orani João Tempesta
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