- Um fato curioso ocorre quando conversamos com os pais e educadores que estão envolvidos com a formação integral e espiritual da criança. Eles sempre nos perguntam: Que método utilizar? Como falar de Deus para a criança? Como inseri-la na Igreja e despertar nela o interesse e o respeito pelo que é sagrado? Com que metodologia ensinar o conteúdo bíblico e litúrgico de forma que aconteça uma aprendizagem eficaz e que conduza a criança à experiência com o Amor de Deus?
Isso mostra o quanto o tema é de interesse para os envolvidos na educação e na formação da criança (pais, educadores, catequistas, coordenadores de grupo de oração infantil etc,.) e o quanto gera dúvidas, angústias e preocupações.
Para falar desse tema, é preciso conhecer quem é a criança e quais são as suas potencialidades.
A criança é um ser humano que tem períodos de grandes transformações. Está sempre em evolução e nunca é a mesma. Nela existem características e potencialidades que muitas vezes são ignoradas pelos adultos.
Na primeira infância (0-6 anos), ela é empurrada por uma força interior, própria do seu potencial humano e que, através de um ambiente adequado, é motivada a construir o seu conhecimento, a relacionar-se e a desenvolver as suas habilidades motoras (andar, pegar, correr...).
Principalmente nessa fase, a criança tem algo muito especial a utilizar: a sua mente, pois esta é absorvente. A criança, com essa memória prodigiosa, é motivada por uma força vital, retém aquilo que tem e vê e que são estímulos para continuar e avançar.
Podemos então dizer que "a criança é uma pessoa e não somente um futuro adolescente ou adulto". A criança é uma pessoa, com capacidades e necessidades que clamam por ser alimentadas. Os primeiros anos de vida são os mais criativos. Um grande número de psicólogos diz que 80% de nossas capacidades são formadas antes dos três anos de idade.
Se esse período é tão rico e criativo na vida da criança, então é também criativo e importante para o seu crescimento espiritual e religioso. Podemos dizer que "a criança é um povo em miniatura que aspira a ser acolhido como membro ativo na Igreja".
As crianças pequenas não somente têm capacidades religiosas, mas também fome do que é religioso. Logo, devemos alimentá-las desde a mais tenra idade e não esperar que elas cresçam. Elas vivem uma relação com Deus muito diferente da nossa. Têm uma capacidade de relação com Deus de uma forma muito profunda. São capazes de entregar-se totalmente ao seu Amor, por isso verificamos que já aos seis anos elas estão totalmente imersas nessa alegria da experiência com Deus. E se o nascimento da pessoa religiosa ocorre através da experiência com o Amor de Deus, nós só devemos motivá-las para que esta se realize.
As crianças têm uma grande capacidade de oração. Geralmente as suas orações são de agradecimento e de louvor. São belas tanto em qualidade como em quantidade.
Podemos concluir que "o campo no qual semeia o educador (o adulto que desenvolve qualquer trabalho educativo, formativo com crianças), é particularmente fecundo", assim sendo, não se pode e nem se deve entravar o trabalho que Deus aí desenvolve, mas colaborar através de suas atitudes e da preparação do ambiente para o desabrochar do potencial humano e espiritual que existe em cada criança.
Um adulto que conhece o potencial humano, espiritual e cognitivo da criança e que prepara um ambiente para o desenvolvimento desse potencial, é um auxílio dos mais eficazes para a formação integral da criança e para o desabrochar da sua experiência com Deus.
Soraya Gomes Rocha
Consagrada na Comunidade de Aliança Shalom e Mestra em Educação
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