segunda-feira, 23 de julho de 2012

Não façamos torres sem fundamentos


Estava na capela, em oração, com inúmeras dúvidas, sobre o meu chamado. Havia algo dentro de mim, que me inquietava. 

Tenho atualmente 47 anos e desde quando tive a minha experiência com Jesus, no ano de 1989, sentia um desejo imenso de servir ao Senhor.

Por anos até servi. E de uma forma imensa e intensa. Fui pega inclusive pelo ativismo e exatamente por isso senti o sabor amargo na caminhada, tanto que depois até abandonei tudo.

Santa Tereza nos ensina:"Não façamos torres sem fundamentos,porque o Senhor não olha tanto à grandeza das obras como ao amor com que se fazem; e, desde que façamos o que pudermos, Sua Majestade fará com que vamos podendo cada dia mais e mais, conquanto não nos cansemos logo, mas;no pouco que dura esta vida,e porventura será ainda menos do que cada uma pensa, ofereçamos interior e exteriormente ao Senhor o sacrifício que pudermos pois que Sua Majestade o juntará com o sacrifício que Ele ofereceu por nós na Cruz a Seu Pai, para que tenha o valor que o nosso amor tiver merecido, embora sejam pequenas as obras."

Quando servia o Senhor, sempre sentia que algo me faltava. Hoje, entendo, que era incompleta, porque não estava servindo o Senhor, embora achasse que o fizesse. Na verdade, estava servindo a mim mesma. Estava deslumbrada com os dons e o "Poder" que eles me davam, inclusive de ser notada pelas pessoas.

Nestes 23 anos após o maior acontecimento da minha vida, que foi a "experiência de Jesus" digo sempre, que não trocaria pelo prêmio da loto o que senti, decidi passar por um processo de discernimento. Algo mexia e remexia dentro de mim, com um desejo imenso de voltar para o Senhor. Só que não queria servir, da forma como antes.

Sentia no meu interior o desejo de ser curada para servir. Queria ser uma pessoa diferente.
Via ao meu redor, as pessoas na Igreja ajudando uns e destruindo outros. Percebia que não era por vontade própria, mas porque não se conheciam e não passaram por um processo de cura e libertação.

Também, fiz isso com muita gente. Tanto, que tinha ressentimento de muitas pessoas e vice versa.

Deus foi colocando no meu interior o desejo de viajar por todo o país, participando de encontros e não foi proposital mas Ele sempre me levava para retiros de cura interior.

Ao fazer alguns retiros, parece que foi sendo retirada a trave dos meus olhos e podia ver de forma diferente. E também escutar de forma diferente.

Passei a saborear a palavra de Deus. E finalmente compreendi que tinha um chamado especial e era para ser missionária.

Pude ver de forma nítida, que Deus tinha algo mais na minha vida e que por cegueira e surdez espiritual não conseguia compreender.

Afinal, Deus é espírito e sendo ele espírito é preciso que o amemos em verdade e em espírito. É o que a palavra diz.

Então, fui compreendendo a dimensão daquilo que Deus estava propondo para a minha vida e que durante anos tentei fugir.

Vivi na mais completa ignorância. O Senhor tirou do meu peito o coração de carne e me deu um coração com bons sentimentos, no entanto, a minha mente continuava a mesma. Os traumas, continuavam em mim.

Quis servir o Senhor, porque Ele me deu um novo coração. Mas não entendia que não bastava só esse novo coração, era preciso renovar, transformar o meu jeito de pensar e agir.

O Espírito Santo habitava no meu espírito e queria levar a minha mente a render-se a  Cristo, a submeter-se a Deus. Ele não me obrigava, era necessário eu querer. Só que não enxergava devido ao orgulho, à ignorãncia e os traumas e ao próprio satanás que não quer ninguém fazendo a vontade de Deus.

É na mente que estão arquivadas todas as nossas lembranças, boas e ruins. É na mente que estão alojados os complexos. É na mente que atuam vários tipos de espíritos.

Queria servir  a Deus do meu jeito e não do Dele.

Como dizia Santa Tereza, que firmeza pode levar o nosso edifício, querendo que o Senhor faça a nossa vontade e que vá nos direcionando da forma como queremos?

Como vivia na ignorância não deixei Deus me moldar. Quando as provações vieram de forma intensa caí. E caí feio. Não conseguia reerguer por mais que quizesse.

Realmente não tinha como o meu edifício permanecer. Só muitos anos depois do meu pentecostes, vim a compreender que era uma cega que queria guiar outros cegos.

Entendi também que olhava o cisco no olho do meu irmão e não via a trave que tava no meu.

Depois de Fazer o Retiro Curados para Amar da Comunidade Shalom por duas vezes e o Tecendo Fio de Ouro e participar de tantos outros retiros, como Santo Inácio de Loyola e muitos de Cura e Libertação, fui vendo a minha realidade.

Quantos sofrimentos tive e quantos causei às pessoas, porque queria viver e fazer a minha vontade.

As maiores curas que tive foi diante de Jesus Sacramentado. Pude sentir que eu já não era mais eu.

Já estava começando a deixar Jesus fazer a sua vontade em mim.

Santa Tereza dizia que é preciso conformar a nossa vontade com a vontade de Deus.

Finalmente hoje, ao ler um pouco os escritos de Santa Tereza,pude compreender outro texto bíblico onde Jesus queria me falar, aliás Ele falava mas não compreendia o que Ele queria para a minha vida com esse texto. Veja: Lucas 14, 27: "E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo.

Nos vv. 28-30 Ele prossegue: "Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar.

Na verdade, Deus queria me dizer que teria que conformar a minha vontade com a vontade Dele. Senão, não teria como realizar o projeto que Ele tem para a minha vida.

Queria servir nosso Senhor Jesus,  mas não queria a cruz, não queria a humilhação, não queria deixar o orgulho, não queria deixar a minha forma de agir e ser. Na verdade, queria servir ao Senhor para ser feliz e não para receber a salvação. Queria servir o senhor, mas no fundo tava servindo a mim mesma.

E Ele quis dizer através desta palavra que se fosse ser missionária, como de fato é o meu chamado, não aceitando as cruzes, as dificuldades, as humilhações, não teria como, que haveria um momento que teria que abandonar a missão e seria motivo de derrota na minha vida, de perdição. 

"O sal é uma coisa boa, mas se ele perder o seu sabor, com que o recuperará? Não servirá nem para a terra nem para adubo, mas lançar-se-á fora. O que tem ouvidos para ouvir, ouça!"

Pois bem, é isso que temos que parar para pensar. O Senhor nos convoca para construir uma nova geração de pessoas cheias de fé, prontas para a batalha. O Senhor nos convoca a pregar o evangelho, a curar os enfermos, a ajudar o nosso irmão que sofre e principalmente curar o interior das pessoas, dando-lhes a liberdade interior.

Portanto, somos do entendimento, de que todo cristão  tem que conformar a sua vontade à de Cristo, para que assim possa dar bons frutos.

Augusta Moreira dos Santos
Grupo de Oração São Francisco de Assis.

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