A
santidade de Madre Teresa de Calcutá nascia, sem dúvida, da sua caridade
heróica, pela qual é universalmente conhecida. Mas havia nela ângulos
escondidos, onde se encontrava secretamente com seu Esposo e que cavavam
abismos de sofrimento íntimo, que ela transformava (e ocultava) no sorriso. Sua
beatificação, dia 19 de outubro, abriu-nos o acesso às várias facetas da sua
personalidade espiritual.
AS
ETAPAS DA VIDA
26
agosto de 1910: nasce em Skopje, Albânia, última de cinco irmãos.
No
batismo, recebe o nome de Gonxha Agnes.
1915:
Primeira Comunhão
1916:
Crisma
1928:
entra no Instituto das Irmãs de Loreto, na Irlanda, e recebe o nome de Mary
Teresa.
1929:
chega a Calcutá, Índia.
1931:
emite os votos temporários e é enviada a ensinar no colégio St. Mary para
meninas.
1937:
emite os votos perpétuos. Desde aquele dia, é chamada de Madre Teresa.
1944:
torna-se diretora do colégio St. Mary.
10
de setembro de 1946: durante uma viagem de trem, recebe a inspiração de matar a
sede de Jesus pelas almas. Nos meses seguintes, Jesus, por meio de locuções e
visões interiores, revela a Teresa o desejo de seu coração de encontrar
"vítimas de amor", que teriam "irradiado seu amor sobre as
almas". Revela-lhe seu sofrimento em ver o abandono dos pobres e sua dor
por não ser conhecido por eles. Pede-lhe de fundar uma comunidade religiosa, as
Missionárias da Caridade, dedicadas ao serviço dos mais pobres entre os pobres.
17
de agosto de 1948: sai do Instituto das Irmãs de Loreto e veste, pela primeira
vez, o sari branco bordado de azul.
21
de dezembro de 1948: faz a primeira visita à periferia de Calcutá
7
de outubro de 1950: a Congregação das Missionárias da Caridade é reconhecida
oficialmente pelo arcebispo de Calcutá.
1960:
começa a enviar as irmãs para outros lugares da Índia.
1963:
fundação dos Irmãos Missionários da Caridade.
1965:
Paulo VI reconhece a Congregação como de direito pontifício e encoraja Madre
Teresa a abrir uma casa na Venezuela. A partir daí, seguem outras fundações em
todos os continentes.
1973:
recebe o Prêmio Templeton pelo progressoda religião.
1976:
funda o ramo das Irmãs Contemplativas e, em 1979, os Irmãos Contemplativos.
Forma os Colaboradores de Madre Teresa e os Colaboradores Enfermos e
Sofredores, de diferentes credos e nacionalidades, que participam de seu
espírito de oração e de dedicação por amor aos pobres. Nesta linha, funda
também os Missionários da Caridade Leigos.
1979:
recebe o Prêmio Nobel pela Paz e o Prêmio João XXIII pela Paz.
1980:
recebe a mais alta condecoração civil indiana, o Bharat Ratna.
1980-1990:
abre casas em quase todos os países comunistas.
1991:
funda o Movimento Corpus Christipara Sacerdotes.
1997:
passa a direção do Instituto das Missionárias da Caridade a Madre Nirmala
Joshi.
5
setembro 1997: morre e recebe os funerais de Estado do governo indiano.
20
dezembro 2002: João Paulo II aprova os decretos sobre as virtudes heróicas e os
milagres.
19
outubro 2003: João Paulo II beatifica Madre Teresa. As Missionárias da
Caridade, hoje, são 4337, presentes em 127 nações, com 669 casas.
Madre
Teresa em suas visitas na Itália as Irmãs da Imaculada e ao papa João Paulo II
A
revolução de Teresa![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_v_v8eC6v1xRw3IjsuyTwsoIeT5RkyzNyJyoOq8EzEDd1KumUt8HnzLq5DNALNqiXUfhncLJF0rDiYkzKuGHEEwyaMttbKxfoVwWsnnE0DKPPOYOqM=s0-d)
por
Bernardo Cervellera
até
agora o papa havia proposto a irmã dos pobres à imitação da Índia; com a
cerimônia de 19 de outubro, Madre Teresa foi apontada como modelo para todos.
Com seu amor pessoal a Cristo e sua proximidade aos mais pobres dos pobres,
Madre Teresa é como o modelo de tudo o que o papa pede aos cristãos de hoje.
Ele vê nesta mulher idosa e enrugada, com o sorriso de criança, um exemplo vivo
de sua proposta à Igreja, bem clara, desde o início de seu pontificado: Cristo
é o caminho da Igreja, o homem é o caminho da Igreja (Redemptor hominis).
Mas
não é meio exagerado propor a Madre de Calcutá como modelo de toda a missão?
Sua tentativa, no fundo, não é só uma, entre mil, de amor aos últimos? E com
toda a complexidade, os desequilíbrios econômicos, as injustiças de um mundo
globalizado, seu exemplo não arrisca ser simplista demais? E numa sociedade
pluralista, com as respostas religiosas mais diferentes, toda essa exibição de
crucifixos e de Nossas Senhoras não corre o risco de prejudicar uma tolerância
já difícil?
APLACAR
A SEDE DE JESUS
Na
realidade, a proposta de João Paulo II responde a uma urgente necessidade: a
missão contemporânea está doente. Na Redemptoris Missio, o papa fala de um
"enfraquecimento" do elã missionário na Igreja, sinal de uma crise de
fé em Jesus Cristo (cf n.º 2). A missão é sermos arrebatados pelo amor de Jesus
Cristo e comunicá-lo a todos os homens, para que conheçam este amor divino,
mais forte do que a morte. Em lugar deste amor vivo, que arrasta e renova, a
missão cristã arrisca a reduzir-se a um impulso moral, generoso ou a organizar
e escorar alguns restos de povo cristão.
Madre
Teresa, ao contrário, fala da missão como experiência dramática: é a descoberta
da "sede de Jesus pelas almas", de seu amor e do coração aberto
também diante da indiferença e do desprezo. A missão, portanto, antes de ser
obras a serem feitas, é participar da "sede" de Jesus e tornar
presente e vivo seu amor na vida da testemunha. Madre Teresa repetia todo dia
esta oração do card. John Henry Newman: "Querido Jesus, fica comigo e
então começarei a resplandecer como você resplandece: a resplandecer de maneira
a ser luz para os outros. A luz, ó Jesus, virá toda de você".
Nessa
descoberta dramática, Madre Teresa operou uma revolução: releu a experiência da
Igreja em sentido missionário. A oração e o trabalho como "experiência de
Cristo"; os votos religiosos como dom de Cristo e como nossa resposta ao
seu amor; a vida de comunidade como sinal da presença de Jesus; os sacramentos
e a autoridade como garantia da presença objetiva de Jesus na sua Igreja.![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_uU9RRhkPBEoL_uLAl2m2JIji7MlzEcC17WObZv9EzfF9vg9owquFuZ1LczTkJCzbzj1xGbLB_Ag5gx_67OO8idAIpH1eWDMtBWjYdIySuDX36B74Q=s0-d)
O
SUJEITO DA MISSÃO
Na
redescoberta do sujeito da missão (Jesus Cristo - a testemunha), encontra-se
também o verdadeiro lugar de síntese entre Igreja e mundo, sacramentos e
desenvolvimento, vida de comunidade e compromisso no mundo. Só o sujeito
atravessa e vive todos esses âmbitos em unidade; fora deste ponto de força, a
missão fica incompreensível e pode cair numa ação sem conteúdo. Para Madre
Teresa, ao invés, o Cristo contemplado na Eucaristia e no crucifixo era o mesmo
que ela encontrava nos moribundos ou nos leprosos ("Nós damos o banho em
Cristo, tratamos Cristo, vestimos Cristo...).
E
a quem lhe pedia a razão do seu empenho para com os pobres, respondia sempre:
"Nós não somos assistentes sociais. Os operadores sociais agem por um
projeto; nós agimos por alguém". Hoje, há quem afirme que, no contato com
outras religiões e culturas, na missão "não devemos ir incomodar ou mudar
essas culturas: por que não se deixa um budista viver na sua fé? No fundo,
Cristo já salvou a todos!". Madre Teresa testemunhou a todo o mundo que
antes, acima e dentro de cada cultura e religião há, em primeiro lugar, o
homem, que precisa ser amado, acolhido, tratado, lavado.
Esta
posição não leva a um desinteresse pelas culturas e religiões, mas, melhor
ainda, a um respeito maior à religião e à cultura porque são deste homem. A
quem expressava a suspeita de que, através de sua caridade, as irmãs de Madre
Teresa fizessem proselitismo, ela sempre repetiu: "Nunca procuramos
converter ao cristianismo os que acolhemos. De outro lado, com nosso trabalho,
damos testemunho da divina Presença. Se os católicos, os protestantes, os
budistas ou os agnósticos se tornam com isso seres humanos melhores,
simplesmente melhores, estamos satisfeitos".
E
como prova do respeito por todos, Madre Teresa lembrava que na casa dos
moribundos, ao lado do templo de Kali, em Calcutá, cada um recebe os funerais
conforme sua fé: o hindu recebe a água do Ganges antes de morrer para ser
depois cremado nos gath; o muçulmano recebe funerais muçulmanos. Quem não tem
ninguém, tem pelo menos as irmãs que honram o cadáver e choram por ele. Quem
dava a preferência à mudança das estruturas para resolver os problemas dos
pobres, acusava Madre Teresa de dar aos pobres os "peixes", mas não
de lhes ensinar "a pescar".
Ela
fazia notar que seus pobres "são tão fracos que nem conseguem segurar na
mão a vara de pesca". Para Madre Teresa, o que importava não era manter a
situação ou resolver os problemas: no centro de tudo estão, sempre e antes de
tudo, as pessoas marcadas pelos problemas e pela situação. Foi obra também de
Madre Teresa ter resgatado - depois de um período de esquecimento - uma
definição profunda e completa de pobreza, não reduzida somente ao elemento
econômico e material. "Hoje os pobres estão famintos de pão e de arroz e
de amor e da Palavra viva de Deus.
Estão
doentes, necessitados de curas médicas, mas também de um toque gentil, de um
sorriso cheio de calor...". Essa nova e evangélica qualidade da pobreza
exige uma resposta rápida. A cada um de seus pobres Madre Teresa procurou doar,
"com prontidão", algo para viver. Com prontidão, conforme o exemplo
de Maria que "foi às pressas" à casa de Izabel que estava prestes a
dar à luz o filho. Com prontidão, também sem delegar a uma mudança futura, às
estruturas sociais, aos governos, aos outros, menos que a si mesma.
Com
seu método de recolher os pobres "um por um", criou casas para
moribundos, escolas para crianças abandonadas, aldeias para leprosos, clínicas
para doentes de Aids, casas para idosos, para mães solteiras. Dessa maneira,
Madre Teresa tornou-se o símbolo da "fantasia da caridade", que o
papa pede a todos os cristãos para a missão no terceiro milênio.
O
ícone da compaixão
por
Paul Varghese
Ninguém
na Índia acha estranho ver fotos de Madre Teresa nas casas do povo. Não importa
a religião. Sejam hindus ou muçulmanos, cristãos ou siks, parsis ou budistas,
em todo o país são muitos. Ricos e pobres são orgulhosos de exibir retratos de
Madre Teresa. Ela não tem lugar só nas casas. Abriu uma brecha nos corações de
milhões de indianos.
Quando
era viva e ia às mais de 225 casas de sua congregação na Índia, pessoas de toda
condição social acorriam para o darshan, isto é, a visão de uma pessoa santa.
Milhões de pessoas o fizeram. Graças à maciça cobertura que imprensa e TV
reservam até hoje a Madre Teresa, seis anos depois de sua partida, as conversas
entre amigos, freqüentemente, acabam falando dela. Quando conto as várias
ocasiões em que a encontrei, os meus interlocutores arregalam os olhos,
olhando-me com admiração e temor reverencial.
INDIANA
ENTRE OS INDIANOS
Madre
Teresa chegou à Índia com 18 anos, em janeiro de 1929. Aqui percorreu o
itinerário completo de formação à vida religiosa na congregação das Irmãs de
Loreto. Na Índia também se preparou para ser professora. Justamente durante
este complexo processo formativo e o sucessivo trabalho de professora e
diretora da Loreto Convent School de Calcutá, ir. Teresa tornou-se plenamente
indiana. No Estado do Bengala Ocidental e em toda a Índia, todo mundo a acolheu
e considerou como indiana. Não só o povo simples das ruas, mas também os
poderosos e os de alta condição financeira. Ela expressou sua "indianidade"
de várias maneiras, até no hábito e no estilo de vida simples e sóbrio.
Sua
profunda inserção na sociedade indiana tornou-se ainda mais manifesta em 1948,
com seu ingresso na favela de Calcutá, e culminou com a cidadania indiana em
1962. O povo de Calcutá antes, e o de toda Índia depois, acolheu Madre Teresa
como sua. Essa aceitação se manifestou na cooperação e no apoio que recebeu
antes de se tornar famosa e seu serviço se estendesse em muitas áreas da Índia
e do mundo inteiro. O impacto e o influxo exercidos por Madre Teresa sobre a
sociedade indiana aparecem evidentes no número de ruas, lugares, bairros que
lhe são dedicados.
Outro
significativo testemunho está na outorga à Madre Teresa, em 1980, da mais alta
condecoração civil indiana: o Bharat Ratna. Mas os prêmios e as condecorações
foram muitos e todos conferidos pelas mais diferentes personalidades e
instituições. As duas companhias aéreas nacionais, Indian Airlines e Air India,
manifestavam seu apreço pela obra da Madre, doando-lhe passagens gratuitas para
voar na Índia ou ao exterior. O mesmo vale para as Ferrovias indianas, que
permitiam a Madre Teresa e a suas irmãs viajar gratuitamente.
No
último período da doença que levou a Madre à morte, a cobertura fornecida pela
mídia foi surpreendente. Era o reflexo das orações espontâneas e coletivas pela
sua cura, que se converteram em expressões de luto pela morte. Manifestações
que, pela extensão, não tiveram iguais em toda a história da Índia. Em muitos
lugares do país, foram organizados momentos inter-religiosos de oração para
recordá-la.
OPOSIÇÃO
Devemos
afirmar, porém, que tampouco para Madre Teresa tudo foi fácil. Também na Índia
teve que lutar contra muitos gêneros de oposição e antagonismo. O atual
primeiro ministro indiano Atal Bihari Vajpayee, na época, forte membro da
oposição parlamentar, definiu Madre Teresa como "uma católica
kattarpanthi", isto é, fundamentalista. A definição, pronunciada durante
uma entrevista na TV indiana, foi retomada pelo diário Delhi Midday de 20 de
setembro de 1994. Outro ataque contra Madre Teresa, do jornalista e escritor
inglês Christopher Hitchens, que acusava a religiosa de fazer mais mal do que
bem, teve vasto eco na mídia da Índia.
Madre
Teresa passava do atendimento aos pobres ao testemunho em defesa da vida
No
dia 30 de agosto de 1999, o popular semanário Outlook publicava uma entrevista
a Hitchens, que chegava a afirmar: "Madre Teresa estava a serviço dos
ricos e dos corruptos, enquanto aos pobres pregava resignação e
obediência". Tal como Hitchens, um homem de esquerda, Tariq Ali, foi um
crítico muito determinado de Madre Teresa.
O
documentário O anjo do inferno, escrito por Hitchens e produzido por Tariq Ali,
forneceu ampla publicidade aos dois e a suas acusações. Porém, a ampla maioria
dos indianos ignorou essas críticas malignas, deixando, ao invés, que a
consideração e o amor por Madre Teresa continuassem a crescer.
A
prova maior, quase um milagre, da influência que Madre Teresa exerceu sobre a
consciência do povo indiano é o impressionante incremento numérico de sua
congregação.
Quando
Madre Teresa morreu, The Times of India preanunciou, no editorial de 8 de
setembro de 1997, que a irmã teria se tornado "um ícone do final do
vigésimo século". Para os indianos, ela já é um ícone de amor e compaixão,
especialmente para os mais pobres dos pobres.
Além
da noite da alma
por
Giuseppe Caffulli
E.
Brian Kolodiejchuk, dos Irmãos Missionários da Caridade, é o postulador da
causa de beatificação de Madre Teresa. Ele, nesta entrevista, revela aspectos
da vida da irmã pouco conhecidos e que nos fazem penetrar nas profundezas da
sua alma.
Falou-se
muito, nos últimos meses, de alguns segredos ligados à Madre Teresa ...
-
Os verdadeiros "segredos" - se assim podemos defini-los - são três
extraordinários aspectos de seu relacionamento com Jesus Cristo. O primeiro
refere-se ao voto privado, que Madre Teresa fez em 1942, de não recusar nada a
Deus. O segundo, que é lógica conseqüência do voto, é a decisão, iluminada por
uma série de locuções interiores de Jesus Cristo, de deixar as Irmãs de Loreto
para fundar uma realidade para os mais pobres. Depois de um período de
discernimento, sob a guia do jesuíta, pe. Van Exem, escreveu ao arcebispo de
Calcutá, card. Périer, anunciando o objetivo da nova congregação: saciar a sede
de Jesus na cruz.
Qual
é o terceiro segredo?
-
Uma "noite obscura", que atravessa toda a vida de Madre Teresa. Logo
que ela começou sua missão nas ruas de Calcutá, não sentiu mais a intensa e
consoladora união com Cristo, que tinha experimentado antes. Entrou nela a
dramática sensação de sentir-se separada dele. Nessa experiência, o desejo de
Deus torna-se mais agudo. É a que São João da Cruz chama "noite obscura da
alma". Através dessas provações, Deus purifica a alma e pede uma união
mais íntima com Ele. Nesse contexto, parece que todos os esforços para crer e
amar resultam vãos.
Que
explicação Madre Teresa dava dessa condição interior? E como podia suportá-la?
-
Qual é a maior pobreza? Não é a material, mas não se sentir amados: ser
sozinhos, recusados. A mesma dolorosa solidão de Jesus na cruz, Madre Teresa
viveu essa condição como uma prova de fé, de amor. Ser esposa de Cristo, para
ela, significava também isto: viver a mesma situação de abandono e rejeição
experimentada pelo Filho de Deus. Este, para mim, é o aspecto mais heróico: um
amor que não pede nada em troca.
Às
vezes, o sofrimento de Madre Teresa era tão grande que o comparava ao dos
danados no inferno: "Dizem que no inferno os danados sofrem as penas
eternas por causa da ausência de Deus. Na minha alma, experimento esse mesmo
sofrimento da ausência de Deus: que Deus não me quer, que Deus não é Deus, que
Deus não existe realmente". Apesar disso, ficou sempre nela a total
entrega à vontade de Deus: "A escuridão é assim sombria, o sofrimento é
assim doloroso, mas aceito qualquer coisa que Deus me dê e lhe concedo qualquer
coisa que Ele tome".
Um
abandono à vontade de Deus, que é um dos elementos frequentes também nos seus
discursos.
-
E que assume valor ainda maior à luz daquele sofrimento escondido. "Por
favor, rezem especialmente por mim, a fim de que não estrague a obra de
Deus", dizia muitas vezes. Madre Teresa nos ensinou a ver a mão de Deus em
tudo o que acontecia dentro e ao redor dela. Considerava-se só um "pequeno
lápis nas mãos dele". Depois de mais de dez anos de luta e de escuridão
interior, o encontro com o padre jesuíta Joseph Neuner lhe ofereceu apoio e
novos elementos de compreensão.
"Cheguei
a amar a escuridão, porque creio, agora, que seja uma parte, uma pequeníssima
parte da escuridão e do sofrimento de Jesus sobre a terra". É estranho que
quase ninguém, também entre os mais íntimos colaboradores de Madre Teresa,
percebeu esta dramática luta. Também nos momentos mais negros da escuridão
interior, Madre Teresa sabia irradiar alegria. Nas dificuldades, seu sorriso
era ainda mais luminoso. Ela tinha-se prefixado o objetivo de se tornar
"uma apóstola da alegria", para difundir a alegria de Cristo em
qualquer lugar a que ela fosse.
Não
só aceitava a cruz, mas desejava fazê-lo com alegria. Escrevia: "Desejo
consolar o Coração de Jesus mediante a alegria. Por favor, peça a Maria de me
doar seu Coração, para que eu possa mais facilmente realizar seu desejo para
mim. Quero sorrir até a Jesus, de maneira a ocultar também a Ele, se for
possível, o sofrimento e a escuridão de minha alma".
Alguns
Endereços das comunidades
das
Missionárias da Caridade no Brasil
Avenida
Brasil n.º 4947 - Bonsucesso
Rio
de Janeiro - RJ - 2040-360
Rua
Francisco Arcuri n.º 149 - Jd. Peri
São
Paulo - SP - 02650-010
Creche
Alto das Malvinas
Fazenda
Coutos n.º 3 - Etapa Paripe
Salvador
- BA - 40760-560 QS n.º 405
Conjunto I - lote 1/4
Brasília
- DF - 72319-579
Paróquia
Nossa Senhora do Bom Socorro
Barreirinha
- AM - 69160-000
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