sábado, 19 de maio de 2012

"O FENÔMENO RELIGIOSO: A EVANGELIZAÇÃO NA ERA DIGITAL"

Imagem de Darío Castrillón Hoyos

Antes de publicar o material que achei extremamente interessante, do Congresso Continental sobre Igreja e Informática, quis conhecer o autor e saber sobre a sua identidade. Então, fui na Wikipédia. 

Sugiro aos leitores, ler até o fim, analise tudo e fique com o que é bom. Tire um tempinho e leia com calma, verá que é uma excelente formação.

Darío Castrillón Hoyos (Medellín4 de julho de 1929) é um cardeal colombiano, foi o presidente emérito da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei e prefeito emérito da Congregação para o Clero.

Recebeu a ordenação presbiteral no dia 26 de outubro de 1952, pelas mãos de Dom Alfonso Carinci . Foi ordenado bispo Titular de "Villa Regis" no dia 18 de julho de 1971, pelas mãos de Dom Angelo Palmas, Dom Aníbal Muñoz Duque e Dom Baltasar Alvarez Restrepo em 16 de dezembro de1992 foi nomeado Arcebispo de Bucaramanga, cargo do qual resignou em 1996.
Foi criado cardeal no consistório de 21 de fevereiro de 1998, presidido por João Paulo II, recebendo o título de Cardeal Diácono do Santíssimo Nome de Maria no Foro Traiano.

Vamos ao material?

"O FENÔMENO RELIGIOSO: A EVANGELIZAÇÃO NA ERA DIGITAL"

S. Em. R. Darío Card. Castrillón Hoyos
Congresso Continental sobre Igreja e Informática
Monterrey, N. L., 3 de abril de 2003

Queridos irmãos Cardeais, Bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos que assistem a este Congresso Continental sobre Igreja e Informática:

De acordo com alguns estudos, dentro de 10 a 15 anos, em 30% das uniões efetuadas os casais terão se conhecido através da Internet [1]. Este dado nos ajuda a conhecer desde já uma das grandes características da cultura da era digital: os seres humanos conhecem melhor seus companheiros de chat que seus vizinhos de condomínio. Mas ao mesmo tempo nos revelam que a Internet, longe de ser um simples instrumento de informação, se tornou um ambiente onde acontecem profundas relações humanas. E, por isso, a Evangelização não pode estar ausente dele.

I. O FENÔMENO RELIGIOSO NA WEB

A Internet é, primeiramente, um reflexo da sociedade e da cultura atual, como uma radiografia que nos mostra o mais profundo de nossa natureza, de nossos pensamentos, de nossas convicções, de nossa vida. Se a Igreja quer evangelizar esta nova civilização como ela se apresenta, deve mostrar-se claramente nos ambientes onde esta civilização se forma e se informa, e um meio privilegiado é a Internet.

Em 1996, um grupo de jornalistas do Times fez uma busca na Web. Foram encontradas 25.000 referências a Bill Gates, 410.000 referências a Deus e 146.000 referências a Cristo. É mais que evidente que Deus e Jesus Cristo não estão ausentes da Internet.

 As religiões, os grupos sociais, as plataformas políticas, todos aparecem na Web oferecendo sua mercadoria, muitas vezes sem preocupar-se com a veracidade ou a utilidade de seu “produto”, mas movidos pelo proselitismo ou por simples interesse econômico.

Oferece-se a felicidade, o bem-estar imediato para atrair o interesse dos "clientes" potenciais, as maiores panacéias e as maiores utopias sociais, todas juntas e de um modo chamativo, atraente. Este mercado, de recente erupção, está gerando algumas características culturais novas, está formando um tipo novo de religiosidade da qual se podem adiantar certas peculiaridades preocupantes.

1. Secularismo virtual.
Basta navegar um pouco na Web para concluir que a Internet não é um ambiente absolutamente secular. Realmente, a abertura contínua de sites religiosos que se observa na Web nos leva a uma nova reflexão, baseada nesta nova cultura, sobre a relação que o homem deve estabelecer com Deus.

Os restos do Iluminismo, que ainda continuam influenciando fortemente nossas sociedades, têm nos levado a meditar se o único lugar para se estabelecer uma coexistência saudável seria a sociedade secular, dentro da qual as religiões poderiam estabelecer-se apenas no ambiente privado. Todavia, a realidade é que a Internet está repleta de anúncios religiosos. É necessário avançar com precaução.

Nos encontramos perante verdadeiros sites religiosos ou perante criações consumistas feitas na medida do homem de hoje? Nós estamos perante novas formas de secularismo? Como as religiões são apresentadas na Web?

Entrar na Web é entrar em um mercado onde, próxima a outras mercadorias, se oferece o que hoje genericamente se denomina espiritualidade. Essa espiritualidade, na maioria das vezes, se baseia em uma abordagem puramente psicológica, atualmente muito em voga, e que se torna um recurso quase terapêutico que apenas procura confortar o ser humano.

Em muitos sites da Web, de aspecto aparentemente religioso, encontramos uma pseudossacralidade. A secularidade é apresentada não como ausência de elementos sagrados, mas sim como a oferta, quase comercial, de religiões sem sacralidade ou com um conceito irreal do sagrado, feita na medida do ser humano.

A Internet, como mercado, busca satisfazer as necessidades das pessoas, e entre estas necessidades está o desejo de transcendência. Muitas vezes, a mercadoria oferecida são religiões proclamadas pelo homem, não por Deus; não reveladas; ou, no máximo, com um pouco de iluminação divina temperada com sentimentalismo e esoterismo para torná-la mais atraente, mais negociável.

Estas crenças comerciais situam-se ligeiramente próximas à religião revelada. Até mesmo dentro do cristianismo, a Internet é o púlpito onde se expõem os que constroem um catolicismo sob medida, longe da Sagrada Escritura e da Revelação, feito mais de opiniões do que de doutrinas de origem sobrenatural, impregnadas mais do efêmero e egoísta do que da verdadeira salvação.

Se a mentalidade dessacralizante do final do século XIX e começo do século XX procurava despertar as consciências anestesiadas pela cultura cristã, agora nós nos encontramos com uma forte tendência para absorver os narcotizados com a droga das espiritualidades novas que não questionam o comportamento pessoal, nem as atitudes em face ao bem e à verdade.

Deste modo, a secularização assume uma forma pseudo-religiosa mesclada com colorações emotivas e aspectos valorados de um novo um sagrado, comercializado e domesticado pelo homem para seu próprio entretenimento, que seja capaz de chamar a atenção do internauta individualista que navega ou naufraga pela Web.

Chega-se, deste modo, quase sem perceber, a um secularismo novo que não consiste em eliminar Deus da Web, mas que apresenta um deus novo, feito na medida do homem e de suas necessidades. O secularismo da sociedade atual apresenta-se de maneira discreta, adaptável, tolerante, menos coletivo e mais individualista, escondido sob novas crenças alternativas e vistosas que são vendidas espetacularmente, oferecendo alguns conteúdos efêmeros, alguma esperança imediatista e uma salvação mais terrena.


2. Relativismo on-line
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Junto ao secularismo, a Web também oferece um marcado relativismo herdado da cultura na qual é desenvolvida. Nada é absoluto, nem mesmo a verdade. Ao entrar na Web, o “navegante” depara-se com múltiplas propostas de felicidade, oferecidas com argumentos muito atraentes, com múltiplas promessas de uma vida melhor, de superação pessoal, mas sem referência para a verdade de seus conteúdos.

E mais, para o homem de hoje, falar sobre a verdade é considerado quase de mau gosto. Parece uma pretensão comprometedora supor que alguém possa falar de uma verdade que sirva para todos. É preferível falar de “sua verdade”, ou de “minha verdade”. “Isto acontece porque a cultura midiática foi progressivamente penetrada por um sentido tipicamente pós-moderno, no qual a única verdade absoluta admitida é a inexistência da verdade absoluta ou, no caso dela existir, seria inacessível à razão humana e, portanto, irrelevante” [2].

No cosmo internaútico, o relativismo religioso é apresentado com aparência de sincretismo, um sincretismo que supõe espontaneidade e renúncia aos aspectos mais visíveis das religiões para tornar-se pura interioridade. A religião on-line é construída rejeitando a experiência de comunidade e promovendo uma espiritualidade autônoma, de intimidade absoluta, que lembra em muitos aspectos a gnosis dos primeiros séculos do cristianismo. Há uma contradição curiosa entre a publicidade da proclamação e a privacidade da profissão.

Na Web, as religiões aparecem como iguais, subjetivas. Alguns analistas falam da Internet como a promotora de um subjetivismo radical: “Tudo hoje se tornou subjetivo, tudo tem como valor de referência o sujeito.

 ‘Para mim é verdade, para mim não é verdade’. Há uma justiça e uma verdade válida para todos? Não. São válidas em relação ao sujeito, ao seu gosto, à sua escolha. [...]. Esta é a subjetividade. A verdade já não existe, mas para ‘cada cabeça uma sentença’.

É fácil entender porque neste clima o sujeito se converte em mais religioso ou menos religioso de acordo com gostos pessoais ou subjetivos” [3]. O sujeito cibernético é o autor de seu destino, salvador de si mesmo, protagonista de sua própria existência, sem outra autoridade sobre ele senão as limitações do instrumento midiático.
    
A este homem inundado de subjetividade, o mercado religioso on-line propõe uma provocante produção de espiritualidade industrial, uma oferta capaz de prover seu alimento espiritual por meio da personalização da experiência divina. Deste modo, o navegante pode preparar sua própria dieta religiosa depois de clicar em várias estantes de produtos com ofertas a seu gosto. Neste contexto, o mundo do mágico adquire uma especial importância. É um produto que se vende bem por sua atração sutil e porque reforça a idéia de independência, de poder pessoal, de onipotência.

Na Internet, parece estar mais à vontade aquele que busca sem encontrar do que quem parte de sua profissão de fé e constrói sua vida a partir dela. É um reflexo de nossa cultura onde a dúvida, a insatisfação existencial, a rejeição a todo dogma parecem ser as atitudes mais racionais, respeitosas e tolerantes com as opiniões do outro. Muitos cristãos pensam até mesmo se é melhor ser cristão ou ser tolerante, como se ambas as opções fossem incompatíveis.

É certo que a fé cristã implica a aceitação incondicional de verdades absolutas. Supõe a adesão completa e firme à verdade da Revelação Divina, que Deus nos manifestou para nossa salvação. Isso é a confissão de fé. Mas também é verdade que nesta Revelação há uma referência contínua ao valor da pessoa humana. E esta é a convicção que faz o cristão mais tolerante, porque o cristão não só tolera o próximo, mas ele o ama tal e como é, ainda que ele possa dialogar sobre a verdade ou falsidade de suas idéias.

Contudo, a tolerância relativista faz o ser humano in     diferente para com o outro, e isso, no mundo da Internet, é muito fácil, porque o próximo é o que está do outro lado do monitor, a milhares de quilômetros de fibra óptica ou da conexão via satélite.

A fé cristã compromete pessoalmente até o ponto de se estar disposto a deixar tudo e entregar, se necessário, a própria vida, antes de renunciar a ela, porque a fé comporta a certeza, a segurança plena de que aquilo em que se crê é verdadeiro, absolutamente verdadeiro, porque é Deus quem o revela, e Deus não pode nem se equivocar e nem nos enganar. Esta certeza se apóia não na sabedoria dos homens, mas na fidelidade de Deus à sua palavra. Cristo, Deus feito homem, é a Verdade.

O cristão não é tolerante porque duvida do conteúdo de sua fé, mas porque ele sabe em quem confiou [4], porque consciente de que sua verdade não é sua, não pertence ele; é uma Verdade revelada, da qual não é o dono, mas servo. É uma Verdade que se revela suavemente ao que a busca com humildade, que sabe esperar com infinita paciência e que dá testemunho com tolerante firmeza de um amor que prefere o silêncio da cruz antes de qualquer palavra de violência.


3. Sincretismo digital
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 Alguns analistas do fenômeno religioso na cultura atual definem-no como uma nebulosa místico-esotérica [5]. E isto se reflete na Web. Por exemplo, as páginas de meditação transcendental contam seus acessos por milhões, enquanto que as de oração cristã, nas quais se busca o diálogo com Deus para encontrar Sua Vontade e não o simples relax interior, não passam de dezenas de milhares. Verifica-se uma modificação na procura espiritual: passa-se de uma espiritualidade da procura de Deus para uma espiritualidade de e para o ego.

São incontáveis os sites da Internet que prometem alcançar estados profundos de quietude do espírito e de autocontrole, delineando caminhos escondidos pelos quais se pode entrar em contato com o mais íntimo da própria alma, não com Deus - que normalmente não aparece nem é nomeado -, ou então eles oferecem instruções precisas para reordenar uma harmonia interior dissonante.

Em alguns casos, o usuário da internet pode abrir sua alma para espíritos-guia, ciber-chamãs [curandeiros] virtualmente existentes, organizações especializadas em fazê-lo reencontrar a paz perdida ou restabelecer o equilíbrio interior, e tudo isso em alguns poucos clicks, ou em mensagens que não passam de dez linhas. Também poderá aderir a miscelâneas de música e movimento que o levarão a um êxtase revitalizante e, o mais surpreendente, é que tudo isso ele será capaz de fazer até mesmo através de portais dirigidos por organizações católicas.

Do ponto de vista religioso, a Internet é apresentada como um instituto de beleza interior, como uma academia psicofísica onde são recebidas extraordinárias lições condensadas de sabedoria. Por meio de fáceis instruções, os alunos atingirão graus altíssimos de domínio pessoal que, de outro modo, fora da Web, só estariam a seu alcance depois de muitos sacrifícios e renúncias.

A Web se torna uma confortável auto-estrada para o Absoluto, que é facilmente alcançado por um contato rápido e direto, sem aborrecidas normas morais nem exercícios enfadonhos de piedade. Mas o Absoluto – chamamo-lo deste modo -, na Internet, não recebe elogio nem adoração; eventualmente é nomeado, sem receber importância maior; é um deus domesticado, que não aborrece.

No mercado das religiões on-line, não importa tanto a incômoda verdade, mas a aparência agradável e a satisfação do cliente.

Para as diferentes religiões e espiritualidades, a Internet é, ao mesmo tempo, meio de comunicação, lugar de profissão de fé e área de vendas. Tecnologia, sagrado e mercado se fundem em um equilíbrio harmônico, sem dissonâncias dogmáticas, feito sob medida para o homem e a mulher de hoje.

“Os dados sugerem que alguns visitantes dos sites religiosos da Web podem fazer compras, selecionar e escolher elementos de pacotes religiosos sob medida paro o usuário, adaptá-los a seu gosto pessoal” [6]. Deste modo, se favorece o sincretismo a cujo culto se imola a verdade, a comunhão e a fé.

O egoísmo se fortalece criando seres religiosos autônomos capazes de formalizar sua própria religião misturando os elementos mais convenientes – ou convincentes - dentre os achados ao longo de seu nomadismo religioso virtual. O resultado é uma interferência no sagrado, que aparece adaptado à subjetividade do “navegante”.

O protótipo do internauta, contaminado pelo relativismo ambiental, não reconhece um Criador ao qual pertence, mas se considera propriedade de si mesmo, com capacidade total de decisão em qualquer assunto.

O internauta pode escolher entre esoterismo, parapsicologia, astrologia, ocultismo, cartomancia, medicina alternativa, e muitas outras possibilidades, de acordo com seu próprio gosto, sem o peso de autoridades que lhe indiquem qualquer parâmetro.

Deste modo, se chega pouco a pouco a uma divinização do indivíduo que acaba prescindindo de Deus, ou melhor, de um Deus objetivo. Por isso, na Internet surgem novas divindades tolerantes, amáveis, generosas, redentoras, quebrando os velhos limites que obrigaram o ser humano a obedecer a um único Deus.

 A Internet multiplica as possibilidades de escolha, sem realmente se preocupar se esses deuses existem ou não. Agora, os deuses novos não são feitos de barro nem de ouro, mas de bits, mais confortáveis de adorar, menos aborrecedores, e sempre prontos a atender nossos gostos. A Internet é um grande arquipélago de crenças, mas crenças sem força nem convicção onde se misturam cultos, seitas, confissões, verdadeiras religiões e Igrejas institucionais.


4. A Web e liberdade
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Se nós fizéssemos uma pesquisa mundial sobre quais são as principais características da Web, seguramente a maioria das respostas apontaria a informação e, principalmente, a liberdade. Está certo, a liberdade é a essência mesma da Internet. No mundo virtual, pode-se fazer quase tudo o que se deseja, praticamente sem leis. Pode-se acessar o site de uma organização terrorista, páginas de pornografia ou de organismos de resistência antiglobalização, tudo em questão de segundos e sem nenhum compromisso por parte do surfista cibernético. O mundo dos usuários da Internet é um mundo livre, sem compromissos, sem obstáculos, sem normas.

     A Internet é como um altar no qual se rende culto ao conceito de liberdade nascido nos prelúdios da última modernidade, onde esta palavra tem assumido diferentes características míticas. Em nossas sociedades, a liberdade é concebida freqüentemente de maneira anárquica ou, simplesmente, antiinstitucional, convertendo-se deste modo em um ídolo.

Mas a liberdade humana só pode ser, em todo momento, a liberdade da justa relação recíproca, a liberdade na justiça; caso contrário, se torna mentira e leva à escravidão. A liberdade humana é muito mais que a simples ausência de obstáculos, que declina em rebeldia e desacato a toda autoridade. É um compromisso para construir e construir-se, uma capacidade de decisão para determinar o próprio comportamento e procurar sempre o melhor [7].

II. AS CHAVES DA EVANGELIZAÇÃO NA ERA DIGITAL

A Evangelização na Era Digital deve ser dirigida ao homem todo, sem prescindir da evangelização da inteligência, porém sem permanecer apenas nela. É necessário chegar ao homem e à mulher que vivem na e da Internet, e é necessário chegar a eles também através da Web, propondo-lhes a verdadeira salvação, a única salvação de Cristo.

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1. Evangelizar na Internet
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"Proclama a Palavra, insiste a tempo e fora de tempo, repreende, ameaça, exorta com toda a paciência e doutrina” [8].

As palavras de Paulo continuam nos lembrando que “o dever de dar testemunho da morte e ressurreição de Jesus e de sua presença salvífica em nossas vidas é tão real e urgente como aos primeiros discípulos. Nós temos que comunicar a boa notícia a todos aqueles que a queiram escutar.

É indispensável a proclamação pessoal e direta, na qual uma pessoa compartilha com outra a fé no Ressuscitado. Igualmente o são as outras formas tradicionais de semear a Palavra de Deus. Não obstante, ao mesmo tempo, deve-se realizar hoje uma proclamação nos e pelos meios de comunicação social. ‘A Igreja se sentiria culpada perante o Senhor se fizesse não uso destes meios poderosos’ [9]” [10]. E um destes meios é a Internet.
    
Se verdadeiramente a Igreja tem consciência do que o Senhor quer que ela seja, surge dela uma singular maturidade e uma necessidade de transbordamento, com a clara advertência da missão que a transcende e do anúncio que deve difundir. É o dever da Evangelização. É o mandato missionário. É o ministério apostólico. Não é suficiente uma atitude fielmente conservadora.

 Certamente teremos que conservar o tesouro da verdade e da graça legado a nós por herança pela tradição cristã; mais ainda, teremos que defendê-lo: “Guarda o depósito” [11], admoesta São Paulo. Mas nem a custódia, nem a defesa encerram toda a tarefa da Igreja relativa aos dons que possui. O dever primordial para a herança recebida de Cristo é a difusão, é a oferta, é o anúncio: “Ide, pois, e ensinai a todas as gentes” [12], é o supremo mandato de Cristo a seus Apóstolos.

Estes, com o nome mesmo de Apóstolos, definem sua própria e irrecusável missão. A este impulso interior de amor que tende a fazer-se dom exterior é que S.S. o Papa Paulo VI chama “diálogo” [13]. Todo católico, a partir de seu testemunho pessoal, de sua vida, também é responsável por esta missão da Igreja. Também quando se manifesta ao cibermundo deve sentir-se comprometido a dar o que recebeu, ir e ensinar a todas as gentes. Deste modo, a Internet se torna para ele um areópago para proclamar o nome de Cristo.

Evangelizar é abrir a riqueza da Revelação para os homens, é anunciar a inescrutável riqueza de Cristo, é esclarecer como foi revelado o Mistério escondido desde os séculos em Deus [14].

Não se pode evangelizar quando se abandona a verdade da mensagem. Por isso, “a atenção ao acercar-se dos irmãos não deve traduzir-se em uma atenuação ou diminuição da verdade.
Nosso diálogo não pode ser uma fraqueza em relação ao compromisso com nossa fé. O apostolado não pode tolerar uma espécie de compromisso dúbio relativo aos princípios de pensamento e de ação que devem definir nossa profissão cristã.

O irenismo [15] e o sincretismo são, no fundo, formas de ceticismo em relação à força e ao conteúdo da Palavra de Deus que queremos manifestar. Só quem é completamente fiel à doutrina de Cristo pode ser eficazmente apóstolo. E só o que vive com plenitude a vocação cristã pode ser imunizado do contágio dos erros com os quais se põe em contato” [16].

Evangelizar é satisfazer o coração do ser humano que procura para Deus até encontrar n’Ele a plenitude da vida e da felicidade. Todo o homem, toda a mulher, carrega em seu ser essa ânsia de Deus; sua inteligência, sua vontade, sua liberdade, sua consciência moral, seus ricos sentimentos e até mesmo suas paixões [17], falam da necessidade de procurar um Absoluto que plenifique sua vida; algo, ou melhor, Alguém que está fora e dentro dele ao mesmo tempo. Superior Summo meo et Interior Intimo meo [18]. O homem é fraco e feito para Alguém que parece esperá-lo e escutá-lo a partir de dentro e do alto.

Santo Agostinho desejava saber: “Por que, Senhor, que eu te busco?”, e ele mesmo encontrou a resposta: “Porque ao buscar-Te, meu Deus, eu busco a vida plena. Faz que Te busque para que viva a minha alma, porque meu corpo vive de minha alma e minha alma vive de Ti” [19]. A vida do homem está n’Aquele de quem vive sua alma. “Nos fizeste para Ti, e nosso coração está inquieto enquanto não descansar em Ti” [20].

Com a Evangelização, a Igreja preenche a mais profunda necessidade do ser humano, entrega-lhe o que mais anseia. Por isso, hoje é um ditame comumente aceito o colocar entusiasmo em nossa fé, fazer com que as convicções da fé desçam da mente para o coração e preencham todas as facetas do ser humano.

A Igreja, sem medo nenhum nem falsas humildades, também através da Internet deve apresentar-se ante os novos modelos culturais como a grande alternativa para o futuro do homem e o ponto de referência para uma renovação fundamental da sociedade.

Só ela está em condições de responder aos “enigmas secretos da condição humana que, tanto ontem como hoje, movem seu coração intimamente: O que é o homem? Qual é o sentido e o fim de nossa vida? O que é o bem e o que é o pecado? Qual é a origem e o fim da dor? Qual é o caminho para chegar à verdadeira felicidade? O que é a morte, o juízo e qual a retribuição após a morte? Qual é, finalmente, aquele último e inexplicável mistério que envolve nossa existência, do qual procedemos nós e para o qual nós dirigimos?” [21]. Nem a ciência [22], nem a exaltação dos sentimentos podem dar solução aos grandes questionamentos que envolvem a vida dos seres humanos.

“A Internet pode oferecer magníficas oportunidades para a Evangelização se for usada com competência e com uma clara consciência a respeito de suas forças e suas debilidades.

Principalmente ao prover informação e despertar interesse, torna possível um encontro inicial com a mensagem cristã, especialmente entre os jovens que se dirigem cada vez mais ao mundo do ciberespaço como a uma janela aberta ao mundo.

Por isto, é importante que as comunidades cristãs descubram meios práticos para ajudar aos que se põem em contato com elas pela primeira vez através da Internet, para passar do mundo virtual do ciberespaço para o mundo real da comunidade cristã” [23].

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2. O encontro pessoal com Cristo, chave de toda autêntica evangelização
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Ao esboçar a Evangelização na Internet não se pode perder de vista que a fé católica e a pertença à Igreja são algo mais que uma cultura ou uma história; é uma relação com o Salvador, com o único Salvador do homem. Esta é a chave: o cristianismo não é só uma tradição cultural, nem só uma doutrina, nem sequer se reduz a uma filosofia de vida. Não, o cristianismo é um encontro vital e pessoal com Cristo, na Igreja e pela Igreja. Ser cristão é ser discípulo de Cristo, nosso Mestre e único Salvador. Por isso, o primeiro passo da Evangelização é levar ao conhecimento de Cristo.

A fé é crer em algo, mas é principalmente crer em Alguém, e crer pela autoridade de Deus que não pode enganar-se nem enganar-nos. Crer implica uma disposição da alma que aceita a Cristo como a Revelação de Deus. Mas a Cristo não chegamos diretamente, por isso precisamos de intermediários fiéis.

A evangelização é sempre obra de homens, de evangelizadores que dão daquilo que eles, por sua vez, receberam, recordando a frase misteriosa de Jesus: Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou [24], ou o colocado nas palavras de São Paulo: eu recebi do Senhor o que lhe transmiti [25]. Portanto, o evangelizador é uma testemunha fiel, o transmissor de Alguém em quem acredita profundamente, de Alguém a quem ama com todo seu coração, com toda sua alma e com toda sua mente [26].

Evangelizar é conduzir ao encontro pessoal com Cristo, à aquisição da convicção profunda que “a vida que eu vivo no presente na carne, a vivo na fé no Filho de Deus que me amou me e se entregou a si mesmo por mim” [27]. Esta é a explicação de toda a Evangelização: abrir a porta da fé para que Cristo, o Redentor, entre em nossas vidas: Ianua nostra est fides. Per istam ianuam Christus ingreditur: “Nossa porta é a fé. Por esta porta entra Cristo” [28]. A Internet é o meio pelo qual, com um número indefinido de pessoas, podem ser dados os primeiros passos da evangelização, apresentando-as a Cristo para abrirem a porta da fé.

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3. A vida de Igreja on-line
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Há uma verdade inquestionável: a Igreja está muito presente na Internet [29]. No supermercado de religiões que nos propõe a Web, há muitos portais católicos ricos em informação e doutrina. Certamente que o aspecto sacramental da Igreja está fora da Internet, e é muito difícil de levar à Internet alguns aspectos da vida da Igreja, mas “embora a realidade virtual do ciberespaço não possa substituir a comunidade real e interpessoal, ou a realidade encarnada dos sacramentos e da liturgia, ou a proclamação imediata e direta do Evangelho, pode complementá-las, atrair as pessoas para uma experiência mais completa da vida de fé e enriquecer a vida religiosa dos usuários, ao mesmo tempo em que lhes disponibiliza algumas experiências religiosas” [30].

"A realidade virtual não substitui a real presença de Cristo na Eucaristia, nem a realidade sacramental dos outros sacramentos, nem mesmo o culto compartilhado em uma comunidade humana de carne e osso. Os sacramentos não existem na Internet; e até mesmo as possíveis experiências religiosas com a graça de Deus são insuficientes se estão separadas da interação com o mundo real, com outras pessoas de fé.

Este é outro aspecto da Internet que requer estudo e reflexão. Desse modo, o plano pastoral deveria considerar como levar as pessoas do ciberespaço para uma comunidade autêntica e como, então, a Internet poderia ser usada, como instrumento de ensino e catequese, para apoiá-los e enriquecê-los em seu compromisso cristão” [31].

Jesus Cristo quis agir por mediações humanas [32], ele quis chegar a todos os homens de todos os continentes e de todos os tempos, através de sua Igreja. “Jesus, enviando seus apóstolos, confiou a eles não só o ministério da Palavra de Deus e dos sacramentos, mas também o da autoridade de governar a Igreja em seu nome, autoridade que prometeu e conferiu a um apóstolo em particular, Simão Pedro, confiando-lhe deste modo a responsabilidade pastoral suprema de toda a Igreja; resulta daí que Cristo instituiu verdadeiramente uma única Igreja como comunidade formal e especificamente visível, quer dizer, individualizada na história como Sua Igreja graças a certas estruturas e instituições visíveis” [33]. O comportamento dos Apóstolos e da Igreja primitiva nos confirma esta realidade [34].

A Igreja tem sua origem na Encarnação do Verbo que, assumindo nossa natureza, quis salvar-nos com ela e ensinar-nos por meio dela. A Igreja continua a Encarnação de Cristo no tempo e no espaço, é seu Corpo Místico.

A Igreja é uma instituição e essa instituição significa que a Igreja é uma criação de Cristo, instituída por Ele. A Igreja é, ao mesmo tempo, um presente e uma estrutura, ou melhor, um presente que possui uma estrutura.

“A Igreja é o lugar onde os homens, encontrando Jesus, podem descobrir o amor do Pai” [35]. A Igreja é quem recebe o filho pródigo. Cristo vive na Igreja. Cada um dos filhos que vivem na Igreja, vivem na fé no Filho de Deus que a amou e se entregou a si mesmo por ela [36].

Parece que atualmente uma opinião muito difundida é que a Igreja, em vez de atrair para si as pessoas que buscam respostas para suas dúvidas, as rejeita. Mas nós, que nos sentimos Igreja, que estamos nela de coração, sabemos que nos compete dar resposta a essas perguntas, porque nós somos a Igreja.

Nós que vivemos a Igreja dentro de nós sabemos que somos pedras vivas e percebemos que dentro desta instituição, muitas vezes muito humana, às vezes excessivamente humana, corre o rio da graça, do amor, da caridade e da infinita misericórdia de Deus.

Os de fora, que não são os não-batizados, mas os que não fazem sua a Igreja, os que não se sentem comprometidos, os que falam deles e nós (a hierarquia e nós) infelizmente eles não revelam esse rio da graça. Eles pensam em uma instituição cheia de imposições, legalista. Eles chegam até o portão da casa do Pai e não ousam entrar nela, e não a entendem; principalmente não entendem que não se trata de entender, mas de amor, de entrega, de doação, como a doação de Cristo [37].

Eles não entendem que essas leis são o caminho da liberdade, de uma liberdade que dever ser guiada pelo amor. E a Igreja, ou seja, nós, o que fazemos? A Igreja tem que abrir suas portas e lhes mostrar o amor do Pai que habita nela. E pode fazer isto, deve fazer isto também através da Internet.

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4. Uma nova forma de inculturação [38]
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Evangelizar o homem significa também evangelizar sua cultura, essa maneira peculiar com que os homens, em um determinado tempo e lugar, cultivam sua relação com a natureza, consigo mesmo e com Deus a fim de alcançar um nível verdadeiramente, plenamente humano. A igreja respeita a diversidade de culturas para enriquecê-las mais. Evangelizar não é desrespeitar uma cultura, mas testemuhar-lhe um respeito maior chamando-a, em nome de Cristo, ao desenvolvimento pleno.

Evangelizar as culturas é propor modelos de sociedade inspirados na Revelação, transformar o íntimo da sociedade, os critérios de juízo e seus valores expressos, até elevá-los a um nível superior, de acordo com a dignidade do ser humano.

O Evangelho não é uma cultura a mais. Anunciar o Evangelho em sua integridade é, para a Igreja, uma questão de fidelidade a Deus e um serviço ao homem. A Boa Nova cristã oferece sua alma às culturas de todos os povos. A inculturação da fé e a Evangelização das culturas avançam conjuntamente, que é o progresso na fé sem alterar seus conteúdos. A característica do progresso é o crescimento de uma realidade em sua própria identidade, e não a mudança desta realidade em outra diferente. No centro desta identidade está a fé em Cristo vivo acumulada pela Tradição da Igreja.

Pode-se falar agora, então, de uma verdadeira inculturação do Evangelho na Internet? De que modo pode cumprir-se esta inculturação?

Na Web convergem uma infinidade de culturas, ou melhor, a Internet se torna uma vitrine de culturas ou um tipo de meta-cultura universal, na qual todas as culturas podem expressar-se. Graças à Internet, “as culturas menos difundidas já não estão isoladas, beneficiam-se de um aumento de contatos, mas também sofrem pelas pressões exercidas por uma forte tendência à uniformidade” [39].

A inculturação, se utilizada para proclamar eficazmente a Boa Nova na Web, deve se lembrar de que “Deus, realmente, ao revelar-se a seu povo até a plena manifestação pelo Filho Encarnado, falou de acordo com a cultura característica de cada época.

Do mesmo modo, a Igreja, ao viver durante o curso da história uma variedade de circunstâncias, empregou as manifestações das diversas culturas para difundir e revelar a mensagem de Cristo em sua pregação a todas as pessoas” [40].

Esta é a chave que nos oferece o Concílio: é usar as manifestações das culturas diversas para difundir e revelar a mensagem de Cristo. Então, uma verdadeira inculturação da Boa Nova deve superar a tentação de adaptar o Evangelho à cultura atual, destilando a religião católica através de um alambique que elimina os elementos dogmáticos para permitir passarem apenas alguns valores ambíguos que possam ser compartilhados por todos.

A Igreja tem o dever de aprender os novos protocolos de comunicação e as novas linguagens telemáticas para poder continuar seu diálogo com a humanidade. Somente deste modo poderá estabelecer um verdadeiro diálogo com o homem de hoje em um meio como a Internet, que é essencialmente interativa. Há que “… integrar a mensagem nesta nova cultura criada pela comunicação moderna. É um problema complexo, já que esta cultura nasce, até mesmo antes dos conteúdos, do fato de que existem novas maneiras de se comunicar, com linguagens novas, técnicas novas, atitudes psicológicas novas” [41].

Partimos de uma convicção de que o Evangelho pode enriquecer profundamente esta nova cultura. Nesta ambiente virtual da Internet “faz-se necessário um anúncio do Evangelho que seja mais incisivo, testemunhal, encarnado – capaz de penetrar nas profundezas da mentalidade, dos valores partilhados – para regenerar o ethos dos povos e contribuir para a realização de um futuro mais digno da pessoa, que seja especialmente atencioso com o ser humano [42]”.

A união dos Apóstolos no Cenáculo, unidos em torno de Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, nos apresenta qual deve ser a preparação da Igreja para a Evangelização. O Colégio Apostólico perseverou na oração junto a Maria, a Mãe do Senhor [43]. Naquele contexto de união e caridade chegou o Espírito Santo para iniciar a primeira Evangelização. Era necessário esse clima de amor, de compreensão, de oração, de obediência, para serem capazes de acolher o Espírito e lançarem-se à missão recomendada para a Igreja. Sem aquele habitat espiritual de amor se frustra a ação do Espírito Santo.

“O espírito de independência, de crítica, de rebelião, não está de acordo com a caridade animadora da solidariedade, da concórdia, da paz na Igreja, e transforma facilmente o diálogo em discussão, em disputa, em dissidência; fenômeno desagradável, – embora, infelizmente, sempre pode acontecer – contra o qual a voz do Apóstolo Paulo nos previne: Que não haja divisões entre vocês [44]” [45]. Sem o espírito de obediência solícita no amor, a resposta generosa dos apóstolos para a ação do Espírito não teria acontecido.

Pentecostes inicia o milagre de alguns homens enviados, sem medo e acima de suas próprias capacidades humanas, para a difusão do Evangelho e a predisposição de algumas culturas e linguagens finitas abertas à plenitude do amor.

Também hoje, o Espírito Santo põe em marcha sua Igreja lançando-a por sobre suas possibilidades humanas e predispondo um ambiente cultural no qual os homens podem abrir-se ao Amor verdadeiro, ao Amor que salva. Obrigado.


BIBLIOGRAFIA

Juan Pablo II, Internet: un nuevo foro para la proclamación del Evangelio, Mensaje con ocasión de la Jornada de las Comunicaciones sociales, 24 de enero de 2002.
Juan Pablo II, Proclamar desde los terrados: el Evangelio en la era de la comunicación global, Mensaje con ocasión de la Jornada de las Comunicaciones sociales, 24 de enero de 2001.
Consejo Pontificio para las Comunicaciones Sociales, La Iglesia e Internet.
Vincenzo Comodo - Gian Franco Poli, Cliccate e vi sarà aperto, spunti per la misione della chiesa en Internet, Effatà Editrice, Cantalupa (TO) 2002.
Cecilia Gatto Trocchi, Nomadi spirituali, Mondadori, Milano 1998.
[1] Cfr Tonino Cantelmi, Lisa Giardina, La mente virtuale, San Paolo, Cinisello Balsamo (MI) 2002, p 9.
[2] Juan Pablo II, Proclamar desde los terrados: el Evangelio en la era de la comunicación global, Mensaje con ocasión de la Jornada de las Comunicaciones sociales 2001, 3
[3] C. Fiore, Religione tra storia e attualità, LDC, Leumann (TO) 1999, p 150.
[4] Cfr 2 Tim 1,12.
[5] Cfr F. Champion, La nébulose mystico-exoterique. Une décomposition du religieux entre humanisme révisité, magique, psycologique, Presses Universitaires, Lyon 1994.
[6] Consejo Pontificio para las Comunicaciones Sociales, La Iglesia e Internet, 9.
[7] Ao longo da história da filosofia, há três grandes linhas para entender a liberdade humana que partem, por sua vez, de três definições distintas de liberdade:
- "É livre quem se guia apenas pela razão" (Baruch Spinoza, Ética demonstrada de acordo com a ordem geométrica, parte IV, proposição 62). Em outras passagens desta mesma obra, a concepção da liberdade de Baruch Spinoza se apresenta determinista, se reduz à simples ignorância das causas (por exemplo, na parte II, proposição 35).
- "Um homem livre é quem nas coisas que, por sua força ou ingenuidade, pode fazer, não é impedido em realizar sua vontade" (Thomas Hobbes, Leviatã, II, 21).
- "O poder, radicado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aquilo, de executar por si mesmo ações deliberadas. Para o livre arbítrio cada um tem a si mesmo" (Catecismo da Igreja Católica 1731).
[8] 2 Tim 4,2.
[9] Pablo VI, Exhortación apostólica Evangelii nuntiandi, 45.
[10] Juan Pablo II, Anunciar a Cristo en los medios de comunicación al alba del Tercer Milenio, Mensaje del Papa para la Jornada Mundial de las Comunicaciones Sociales, 24 de enero 2000.
[11] 1 Tim 6,20.
[12] Mt 28,19.
[13] Cfr Pablo VI, Ecclesiam suam 16: “Nós daremos a este impulso interior de caridade que tende a fazer-se dom exterior de caridade o nome, hoje já comum, de diálogo”.
[14] Cfr Rom 16,25; Ef 3,9; Col 1,26.
[15] Irenismo: Atitude conciliadora e compreensiva para com os crentes de outras igrejas ou seitas [N.T.].
[16] Pablo VI, Ecclesiam suam 21.
[17] Sobre este tema é muito interesante reler os números 1716 a 1845 do Catecismo da Igreja Católica.
[18] “Superior a lo más alto que hay en mí y más interno que lo más profundo de mi intimidad” (San Agustín, Confesiones, 3, 6,11).
[19] “Quomodo ergo Te quaero, Domine? Cum enim Te, Deum meum, quaero, vitam beatam quaero. Quaeram Te, ut vivat anima mea. Vivit enim corpus meum de anima mea et vivit anima mea de Te” (San Agustín, Confesiones, 10, 20, 29).
[20] San Agustín, Confesiones 1,1,1.
[21] Concilio Vaticano II, Nostra Aetate, 1.
[22] Cfr Juan Pablo II, Discurso a un grupo de “premios Nobel”, 22 de diciembre de 1980.
[23] Juan Pablo II, Internet: un nuevo foro para la proclamación del Evangelio, Mensaje con ocasión de la Jornada de las Comunicaciones sociales 2002, 3.
[24] Jn 7,16. Este é o tema preferido pelo Quarto Evangelho. Cf. p. ex.: Jn 3,34; 8,28; 12,49s; 14,24; 17,8.14.
[25] 1 Cor 11,23: a palavra transmitir, empregada aqui por São Paulo, tem sido repetida amiúde na Exhortación Apostólica Evangelii nuntiandi para descrever a ação evangelizadora da Igreja; Cf, por exemplo, os números: 4, 15, 78, 79.
[26] Cfr Mt 22,37; Mc 12,30; Lc 10,27.
[27] Gal 2,20.
[28] San Ambrosio, In Ps 118,12,14.
[29] Basta ver, por exemplo: I. Domanin - S. Porro, Il Web sia con voi, Mondadori, Milano 2001, y G. Girardet, .cristianesimo 1.0, Editori Riuniti, Roma 2000, que, ainda que se refiram sobretudo à Italia, compilam amplos catálogos de páginas católicas na Internet.
[30] Consejo Pontificio para las Comunicaciones Sociales, La Iglesia e Internet, 5.
[31] Consejo Pontificio para las Comunicaciones Sociales, La Iglesia e Internet, 9.
[32] Cfr Mt 18,18; Jn 20,23; Mt 28,18-20.
[33] André Léonard, Le ragioni del credere, Jaca Book, Milano 1994, p. 144. Para uma reflexão sobre a origem cristológica da Igreja, ver as páginas 139 a 146.
[34] Cfr Mt 16,18-19; Mc 16,15-16; Jn 21,15-17; Hch 2,38; 2,42; 4,34-35; 6,1-6; 15,1-35; 1 Cor 5,3-5; 11,33-34; 14,27-40; 2 Cor 2,9; 13,10.
[35] Juan Pablo II, Exhortación Apostólica Postsinodal Ecclesia in America 10. Além disso, no número 11 desta mesma Exortação, se designa Maria como meio para chegar a Jesus, e no número 12 são citados três lugares proícios para o encontro com Cristo: a Sagrada Escritura lida à luz da Tradição, dos Padres e do Magistério, aprofundada na meditação e na oração; a Sagrada Liturgia; e as Pessoas, especialmente os pobres, com os quais Cristo se identifica.
[36] Cfr Gal 2,20.
[37] Cfr Jn 13,34; 15,12.
[38] “A inculturação é um conceito que serve para descrever as mudanças culturais conseqüentes à penetração do Evangelho em um ambiente humano. A inculturação é semelhante à aculturação, termo usado pelos antropólogos do final do século passado [XIX] para designar as mudanças culturais que se verificam quando dois grupos humanos vivem em estreito contato. O encontro das duas culturas provoca geralmente múltiplas mudanças, por exemplo na língua, nos usos, nas convicções, nos comportamentos. Os católicos começaram a a usar o conceito de aculturação para estudar as relações entre cristianismo e cultura. Hoje, o termo inculturação é preferido e mais freqüente. Tem a vantagem de destacar que o encontro do Evangelho com uma cultura não se reduz simplesmente à relação entre duas culturas (aculturação). Trata-se especificamente da interação entre a mensagem de Cristo e uma determinada cultura” (Cfr H. Carrier, Inculturazione del vangelo, en R. Latourelle - R. Fisichella, Dizionario di Teologia Fundamentale, Citadella, Assisi (PG) 1990, pp 587-588.
[39] Verso un approccio pastorale alla cultura, n 33, en Pontificio Consiglio delle Comunicazioni Sociali, Etica nelle Comunicazioni Sociali, n 16.
[40] Concilio Ecuménico Vaticano II, Constitución pastoral Gaudium et spes, n.58.
[41] Juan Pablo II, Carta encíclica Redemptoris missio, n. 37c.
[42] A. Staglianò, Anche dai tetti urge predicare il Dio di Gesù Cristo, en Ufficio Nazionale per le Comunicazioni Sociali, “Predicatelo dai tetti”, p 42.
[43] Cfr Hch 1,14.
[44] 1 Cor 1,10.
[45] Pablo VI, Carta encíclica Ecclesiam suam 31.





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