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Não é suficiente, que o eleito siga uma regra e seja um fiel observante, que não transgrida a castidade e leia a Palavra todos os dias, que cumpra pontualmente o seu dever e esteja a serviço das pessoas, que não crie problemas aos seus superiores e não seja demais de esquerda ou de direita (mas se mostre "politicamente correto"), que seja sóbrio e não tenha um estilo de vida burguês...,
mas é indispensável que ele ame aquilo que é e que é chamado a ser, que seja cada vez mais fascinado por sua vocação, que desenvolva atrações que sigam cada vez mais no sentido daquilo que Cristo amou e pelo que se apaixonou, que goste, afinal, de ser consagrado, de ser todo de Deus e todo do seu povo; e sobretudo que tenha aprendido ou esteja aprendendo o gosto das bem-aventuranças.
Uma pessoa não pode pensar em se esforçar por toda a vida em fazer aquilo que é considerado seu dever e ser fiel as suas promessas, pois não é possível "obrigar-se", a cada dia, a fazer alguma coisa, por mais nobre que seja (cedo ou tarde o equilíbrio ira se romper ate acabar em esgotamento nervoso), e porque quem faz o bem por obrigação, no fim das contas o faz mal.
De qualquer forma, a virtude nada tem a ver com uma atitude psicológica forçada. O homem virtuoso, como lembra São Tomás, é uma pessoa que experimentou o gosto e o prazer da ação virtuosa ou a liberdade interior de fazer algo que o atrai cada vez mais. Justamente por isso, Agostinho reza: "Faze-nos amar, Senhor, aquilo que mandas”.
O segredo de uma vida exitosa, diz Dostoievski, é empenhar-se em agir por aquilo que se ama e amar aquilo pelo que a pessoa se empenha. E Teresa de Lisieux, escrevendo a irmã Leonia, uma irmã que sempre se sentia um tanto insatisfeita, diz que "a única felicidade da terra consiste em aplicar-se a achar deliciosa a parte que Jesus nos confia" ( Teresa de Lisieux, Opere complete, Citta del Vaticano, 1997, carta 257.8, de 17 de julho de 1897, p. 596). A santidade, como já acena no começo, não significa a paz sonolenta e um tanto obtusa dos sentidos, quase uma espécie de eutanásia do espírito, mas - ao contrario implica a plena vitalidade, a exuberância do espírito, a loucura do amor; e uma paixão convertida (Lavelle), mas que da paixão conservou o ardor e a fantasia.
Os santos, com efeito, são pessoas não privadas de desejos, mas que aprenderam a desejar os desejos de Cristo, sobretudo em qualidade, mas também em santidade. Desejar os desejos e, no fundo, viver da sua mesma vida ressuscitada, quase recebê-la em dom, para viver como ressuscitados, como pães ázimos, pessoas profundamente renovadas naquilo que é mais distintivo do homem, como os seus desejos.
E, no entanto, quantos crentes e discípulos, padres e religiosos, são profunda e talvez inconscientemente infelizes; trabalhadores honestos, que aspiram a perfeição, mas infelizes, porque não amam aquilo que fazem; fazem o bem, mas o fazem porque são obrigados, ou porque Lhes cabe, ou... Por encomenda.
Não podem dize-lo, mas para eles a vida bela é a outra, a daqueles que podem se permitir certos tipos de gratificações, sobretudo afetivas, e outras mais. Vivem ainda uma vida velha, e quanto mais aumentam em anos, mais se fecham sobre si mesmos, pois ainda desejam a maneira do homem velho e nunca ressuscitado.
Seus desejos nunca passaram pelo tríduo pascal, a fim de se tornarem novos. Praticam a renuncia em sentido único, isto é, de um modo frustrante e unicamente mortificante, sem fazer nascer desejos novos. Sentem-se tratados injustamente pela vida ou por um obscuro e sinistro destino; e não o admitem nem para si mesmos, mas se pudessem voltar atrás...
Portanto, não obstante o empenho ou a fadiga são pessoas falidas, porque não conseguiram gozar daquilo que são (talvez nem mesmo tenham considerado isso possível, ou nem tentaram faze-lo); aliás, chegaram até a pensar, de fato, que o mal e mais belo do que o bem, ou no mínimo mais divertido e gratificante...”
Fonte:http://amigosdoshalom-sa.blogspot.com.br/2009/05/amadeo-cencini-graca-da-formacao.html
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