quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dependência afetiva é uma doença? Dra.Machela Pensavalli




Entrevista com Dra. Michela Pensavalli, Psicóloga-Psicoterapeuta, Professora e Coordenadora Acadêmica SCint (Escola de Especialização em Psicoterapia Cognitivo – Interpessoal), membro da CeDic (Centro para a pesquisa e a terapia do Dep. Comportamental), Investigadora junto à ITCI (Instituto de Terapia Cognitivo – Interpessoal) e Membro do Comitê editorial da revista Modelli per la Mente e Idee in Psicoterapia.
 Quando é que uma pessoa deve pedir ajuda psicológica no campo afetivo? dependência afetiva é uma doença?

(...) Na sua opinião, quando é que uma pessoa deve pedir ajuda psicológica no campo afetivo?

Dra. Michela Pensavalli: Quando se busca contínua e incessantemente a felicidade, uma realização de si mesmo, uma paz interior através de uma relação com um objeto ou com um evento ou com uma pessoa e esta busca entra na cotidianidade no âmbito sentimental, profissional e relacional, então pode ser útil confiar num tratamento psicoterapêutico. Por meio desta ajuda, a pessoa experimenta novas atitudes e retoma, passo a passo, o domínio da própria vida e a direção escolhida para ser perseguida nos vários âmbitos da vida cotidiana.

O que é a dependência afetiva? é uma doença? É algo normal hoje?

Dra. Michela Pensavalli: Define-se “doença das emoções”. O objeto da dependência é um relacionamento. Designa uma necessidade geral e excessiva de ser acudidos, necessidade que leva a um comportamento submisso e a uma angústia de separação. É a antítese do amor a si mesmos.

O dependente afetivo não consegue desenvolver o amor próprio nem a auto-estima.

Na sociedade atual, onde é dada uma grande importância à estética e à beleza externa, o dependente afetivo vive constantemente no medo de não ser aceito e aceita fazer qualquer coisa para mostrar-se complacente com o outro ainda que este seja contrário aos seus valores e ao seu código moral.

As pessoas sentem medo de ficar na solidão, mas ao mesmo tempo não têm a coragem de tomar a sério uma relação porque é muito difícil. É realmente assim? Por quê?

Dra. Michela Pensavalli: Solidão significa entrar em contato consigo mesmos e com a própria alma, significa, às vezes, terror de viver na dor do abandono.

As pessoas têm medo da solidão, porque naquele momento encontram-se diante de si mesmas. Ao mesmo tempo, no entanto, têm medo de estreitar laços fortes porque não se sentem capazes de mantê-los e gerenciá-los no tempo.

A psicoterapia pós-moderna encaminha-se na direção de sustentar a pessoa enquanto busca o equilíbrio entre os excessos de extrema solidão e busca complacente e contínua do outro. Michela, junto com Tonino Cantelmi, você escreveu um livro sobre o assunto: “Scusa se non ti chiamo piu amore”.

Qual é a mensagem que você daria para os jovens de hoje que se deparam com a escolha de se casar ou não casar, que se encontram diante das dificuldades psicológicas de seus parceiros?

Dra. Michela Pensavalli: Uma justa premissa que deve ser sublinhada é saber que o amor pode transformar-se numa dependência afetiva mas a dependência não se transforma jamais em amor. Isso explica porque em muitos casos uma relação amorosa transformada em uma história de dependência recíproca pode ser curada por meio do compromisso ativo dos parceiros, enquanto que uma relação que se destacou como dependência desde o início está destinada a acabar de um modo ou de outro, quando não termina destruindo as pessoas envolvidas.

No entanto, investir no amor é sempre a direção certa e a solução. Isto quando o amor é saudável e não vinculativo, quando se vive de forma independente e recíproca sem excluir o amor para si mesmos.

A união no matrimônio não significa dependência afetiva, mas o oposto.

Uma sadia relação baseia-se na liberdade e na autonomia, na pura necessidade de ser amados. Num matrimônio cada um manifesta o seu amor ao seu modo, e cada um ama o outro como acha melhor: isso é o amor humano.

Amar significa aceitar o desafio de suportar e acolher sobretudo os defeitos do outro.

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