Famoso Exorcista da diocese de
Roma.
Não se pode encontra nenhum
exemplo na Bíblia mas, a experiência prova que, este tipo de
exorcismos é necessário em certos casos e que, os resultados obtidos são
satisfatórios. Mesmo o Ritual não prevê esta forma de exorcismo.
Na verdade, o final do exorcismo
de Leão XIII preconiza a bênção dos lugares onde esta oração é recitada;
contudo, todo o seu conteúdo tende a invocar a proteção de Deus para a Igreja
contra os espíritos malignos, sem nenhuma referência aos lugares.
Devo precisar que nunca vi locais
invadidos por espíritos como certos filmes ou romances descrevem a esse
respeito, sobretudo quando se referem a velhos castelos desabitados. Os seus
autores tinham, evidentemente, como único objetivo apresentar cenas
espetaculares e impressionantes, não se baseando em nenhum estudo sério.
Por outro lado, é-se muitas vezes
confrontado com barulhos, por vezes semelhantes à crepitação, outras a
pancadas, outras vezes tem-se a impressão de uma presença, de se estar a ser
fixado, tocado ou atacado. É evidente que, nestes casos, pode haver uma grande
parte de sugestão, o medo que dá forma às sombras.
Mas há casos muito mais
complexos. Portas que se abrem e fecham a uma determinada hora; passos que
ressoam nos corredores; objetos que de deslocam ou desaparecem para reaparecer
depois nos lugares mais estranhos; animais que não se vêem mas se sentem
movimentar.
Lembro-me de uma família em que
todos os membros a determinada hora, ouviam a porta de entrada se abrir, depois
um barulho de passo pesados (de homem) atravessando o corredor antes de se
desvanecerem numa divisão, ninguém sabia qual.
Um dia em que estava presente um
dos seus amigos, o barulho habitual fez-se ouvir claramente, a ponto de este
amigo perguntar quem tinha entrado; para não o aterrorizar responderam-lhe que
se tratava de um hóspede de passagem. Ouvi falar da materialização de insetos,
de gatos e de serpentes; um dos meus pacientes, encontrou mesmo um sapo vivo na
sua almofada!
A maior parte das vezes uma
presença maléfica num local manifesta-se provocando problemas físicos: insônias,
dores de cabeça ou de estômago, um mal-estar geral que não se sente em mais
nenhum lugar. Então torna-se fácil controlar estes fenômenos embora nem
sempre seja fácil determinar a causa.
Vamos ver por exemplo o caso de
uma pessoa que cada vez que é convidada para ir na casa de um parente próximo
ou amigo, experimenta os seguintes problemas: insônia, mal-estar, dores de
cabeça... que podem durar vários dias; entretanto não volta a sofrer disso
se se vai embora. Neste caso há um controle fácil. A causa contudo pode ser
extremamente variável.
Pode-se tratar de pura e simples
sugestão quando razões válidas o fazem supor (quando por exemplo uma nora
vai a casa da sogra que se opôs ao seu casamento ou que nutria um amor
possessivo para com o filho). Mas também se pode tratar de causas
maléficas.
Assinalamos que é interessante
notar o comportamento dos animais domésticos face a estes fenômenos. Quando
se sente a presença de alguém na divisão onde se encontram, vê-se muitas
vezes o cão ou o gato da casa fixarem os olhos num determinado ponto; ou
fugirem bruscamente, aterrorizados, como se esse ser misterioso se aproximasse
deles.
Poderia contar várias
acontecimentos interessantes a quem desejasse estudar este aspecto mais em
detalhe. Contento-me, em dizer que, segundo a minha perspectiva, os
animais não distinguem nada de concreto, mas são mais sensíveis do que o homem
a uma eventual presença. E não nego que o seu comportamento possa
constituir um elemento determinante para decidir se convém exorcizar uma casa
ou não.
O essencial, quando se recebem
pessoas angustiadas por este tipo de fenômenos, é interrogá-las bem e, se for
caso disso, exorcizá-las. Na maioria dos casos os fenômenos mencionados
não são devidos a presenças maléficas nas casas, mas a presenças maléficas
nas pessoas. Aconteceu-me muitas vezes não obter nenhum sucesso ao
exorcizar a casa; e depois á medida que exorcizava a pessoa ou as pessoas,
constatar que as manifestações na casa diminuíam, e acabavam por desaparecer
completamente.
Como se exorciza uma casa?
O Pe. Cândido e eu próprio
aplicamos o seguinte método. O Ritual contém uma dezena de orações em que
se pede ao Senhor que proteja os lugares contra as presenças maléficas.
Encontram-se nas bênçãos das casas, escolas, etc. Rezamos algumas, depois
lemos a primeira parte do primeiro exorcismo destinado às pessoas, mas
adaptando-as à casa.
Benzemos em seguida cada divisão como fazemos na benção da casa. Fazemos o mesmo percurso com o incenso benzido. Terminamos com outro oração. Encontrei uma eficácia especial ao celebrar a Missa nas casas, depois de as ter exorcizado.
Benzemos em seguida cada divisão como fazemos na benção da casa. Fazemos o mesmo percurso com o incenso benzido. Terminamos com outro oração. Encontrei uma eficácia especial ao celebrar a Missa nas casas, depois de as ter exorcizado.
Quando os incômodos são de pouca
importância, um só exorcismo é suficiente. Quando é causado por um malefício e
este é renovado, convém repetir também o exorcismo até que a casa se torne
“impermeável” aos malefícios. Nos casos mais graves, as dificuldades são
numerosas.
Tive por exemplo que exorcizar
apartamentos nos quais durante muito tempo se tinham realizado sessões de
espiritismo ou que tinham sido habitados por feiticeiros que faziam magia negra. No
entanto, o pior era quando tinham sido lá celebrados cultos satânicos. Em
alguns casos a gravidade dos problemas e a dificuldade em obter uma libertação
completa, foram de tal ordem, que aconselhei os meus pacientes a mudar de casa.
Em alguns casos, não graves, as
orações foram suficientes para restabelecer a paz. Uma família era
incomodada por inexplicáveis barulhos noturnos; mandou celebrar dez missas
e depois disso os barulhos diminuíram consideravelmente. Mandou ainda celebrou
mais dez missas e a seguir os barulhos desapareceram totalmente.
Seriam almas do purgatório que
por permissão divina se puderam fazer ouvir para pedir sufrágios? É difícil
garantir. Apenas queria aqui assinalar este fato com o qual já fui confrontado
várias vezes.
Don Pellegrino Ernetti, o mais
celebre exorcista de Trivenetto, também muito conhecido como estudioso de música
e de Bíblia, teve experiência de casos excessivamente graves. Em casa de uma
família, portas e janelas perfeitamente fechadas abriam-se e fechavam-se,
cadeiras voavam, armários rangiam, aconteciam todos os absurdos.
O padre decidiu resolver este caso empregando
simultaneamente os três sacramentais a que os exorcistas recorrem
constantemente. Aconselhou misturar num recipiente qualquer (chávena,
copo...) água, óleo e sal exorcizados. Depois recomendou deitar todas as
noites uma colher da mistura na sacada de todas as janelas e nas bases de todas
as portas, rezando um Pai Nosso de cada vez.
O remédio foi espetacular. A
família parou com este uso e passado uma semana, os inconvenientes recomeçaram
a importunar a calma doméstica para voltarem a desaparecer depois de se voltar
a utilizar o remédio sugerido.
No que se refere aos animais
domésticos já me têm perguntado se eles poderiam ser incomodados pelo demônio
e, em caso afirmativo, o que se deveria fazer. O Evangelho relata-nos a
história daquela legião de demônios que pediu a Jesus autorização para entrar
nas duas varas de porcos; depois de obterem uma resposta positiva, todos os
animais se precipitaram no lago de genesaré onde se afogaram.
Conheço o caso de um exorcista
incompetente que mandou a um demônio que fosse apossar-se do porco duma família
de camponeses: o animal ficou imediatamente em fúria e despedaçou a dona.
Inútil será dizer que o mataram imediatamente. Trata-se, portanto de um caso
esporádico que levou imediatamente à morte do animal.
Contaram-me que um bruxo se
servia do gato para levar objetos maléficos ao destino;eu diria que neste caso
o possesso era o dono, não o animal. O gato é considerado como um animal que
“absorve os espíritos” e outras vezes consideram que os espíritos maléficos se
tornam visíveis sob a forma de gato. Para certos bruxos e em certos tipos de
magia, o uso de um gato é fundamental. Mas este simpático animal não é
minimamente responsável por isso.
Digamos, contudo, que a
infestação de animais também é possível e que é permitido benzê-los a fim de os
libertar. Mas em todos os casos de infestação (lugares, objetos, animais), como
de resto em todos os outros casos, o exorcista deve conhecer os fenômenos de origem
paranormal. Esses conhecimentos são indispensáveis para evitar toda a
ambigüidade, mesmo se esta obra não tem, infelizmente, ocasião de falar disso
diretamente.
Para terminar recordamos que, já
nos primeiros séculos, os cristãos também exorcizavam as casas, os animais e os
objetos. Entre outros, Orígenes testemunha este fato. Justamente como
já fizemos notar o Catecismo da Igreja Católica fala de exorcismos não só para
as pessoas, mas também para os objetos (can. 1673).
Fonte: Extraído do Livro "Um
Exorcista Conta-nos" - Pe. Gabriele Amorth - Ed. Paulinas.
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