O apóstolo Pedro, o primeiro Bispo de Roma
A
comunidade de Roma foi fundada pelos apóstolos Pedro
e Paulo e é
considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de
um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um
deles. Por esta razão desde a antiguidade a
comunidade de Roma (chamada atualmente de Santa Sé pelos católicos) teve o primado sobre todas as outras comunidades
locais (dioceses);
nessa
visão o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo Bispo de Roma (segundo o catolicismo
romano), assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos outros
Bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio apostólico, do colégio
episcopal. A sucessão papal (de Pedro) começou com São Lino(67) e, atualmente é exercida pelo papa Bento XVI.
Segundo
essa visão, o próprio apóstolo Pedro atestou que exerceu o seu ministério em
Roma ao concluir a sua primeira epístola: "A [Igreja] que está em
Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, meu filho."[15]. Trata-se da Igreja de Roma[16].
Assim
também o interpretaram todos os autores desde a Antiguidade, como abaixo, como sendo a Roma
Imperial (decadente). O termo não pode referir-se à Babilônia sobre o Eufrates, que jazia em ruínas ou à Nova
Babilônia (Selêucia) sobre o rio Tigre, ou à Babilônia Egípcia cerca de Mênfis, tampouco a Jerusalém; deve, portanto referir-se a Roma, a
única cidade que é chamada Babilônia pela antiga literatura Cristã[17].
Testemunhos
históricos de Pedro em Roma
Os
historiadores atualmente acreditam que a tradição católica esteja correta;
igualmente, muitas tradições antigas corroboram a versão de que Pedro esteve em
Roma e que ali teria sido martirizado.
Clemente, terceiro bispo de Roma e discípulo de Pedro, por
volta de (96) d.C., em sua Epístola aos Coríntios, faz
clara alusão ao martírio deste e de Paulo em Roma:
"Todavia,
deixando os exemplos antigos, examinemos os atletas que viveram mais próximos
de nós. Tomemos os nobres exemplos de nossa geração.
Foi por
causa do ciúme e da inveja que as colunas mais altas e justas foram perseguidas
e lutaram até a morte. Consideremos os bons apóstolos. Pedro, pela inveja
injusta, suportou não uma ou duas, mas muitas tribulações e, depois de ter
prestado testemunho, foi para o lugar glorioso que lhe era devido.
Por causa da
inveja e da discórdia, Paulo mostrou o preço reservado à perseverança. Sete
vezes carregando cadeias, exilado, apedrejado, tornando-se arauto no Oriente e
no Ocidente, ele deu testemunho diante das autoridades, deixou o mundo e se foi
para o lugar santo, tornando-se o maior modelo de perseverança". .[18]
Inácio de Antioquia, bispo, mártir e também discípulo de Pedro, em
cerca de (107) d.C., em sua Epístola aos Romanos, a qual
fora dirigida à comunidade cristã lá situada, refere-se nos seguintes termos ao
martírio de Pedro e Paulo em Roma:
"Não
vos dou ordens como Pedro e Paulo; eles eram apóstolos, eu sou um condenado.
Eles eram livres, e eu até agora sou um escravo".[19]
Papias, bispo de Hierápolis, por volta de (140)
d.C., ao tratar da origem do Evangelho de Marcos,
atribui o relatado a João Marcos, companheiro dePaulo e Barnabé, a partir
da convivência com os que haviam estado com Jesus,
em especial Pedro quando este estava em Roma:
"Papias,
bispo de Hierápolis, atesta a atribuição do segundo evangelho a Marcos,
“intérprete” de Pedro em Roma. O livro teria sido composto em Roma, depois da
morte de Pedro (prólogo antimarcionita de
século II, Ireneu) ou ainda durante sua vida (segundo Clemente de Alexandria).
Quanto
a Marcos, foi identificado como João Marcos, originário de Jerusalém (At
12,12), companheiro de Paulo e Barnabé (At 12,25; 13,5.13; 15,37-39; Cl 4,10)
e, a seguir, de Pedro em “Babilônia” (isto é, provavelmente, em Roma) segundo
1Pd 5,13."[20]
O bispo Dionísio de Corinto,
em extrato de uma de suas cartas aos romanos (170)
trata da seguinte forma o martírio de Pedro e Paulo:
"Tendo
vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos
Pedro e Paulo nos formaram na doutrina do Evangelho. A seguir, indo para a
Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o
martírio simultaneamente."[21]
Gaio,
presbítero romano, em 199:
"Nós
aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de Filipe.
Possuímos os troféus dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Ide à Via Ostiense e lá encontrareis o troféu de
Paulo; ide ao Vaticano e lá vereis o
troféu de Pedro."
Gaio
dirigiu-se nos seguintes termos a um grupo de hereges: "Posso mostrar-vos
os troféus (túmulos) dos Apóstolos. Caso queirais ir ao Vaticano ou à Via
Ostiense, lá encontrareis os troféus daqueles que fundaram esta Igreja."[22]
Orígenes (185 - 253) responsável pela Escola
Catequética de Alexandria afirmou:
"Pedro,
ao ser martirizado em Roma, pediu e obteve que fosse crucificado de cabeça para
baixo"[23]
"Pedro,
finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo."[24]
"Para
a maior e mais antiga a mais famosa Igreja, fundada pelos dois mais gloriosos
Apóstolos, Pedro e Paulo." e ainda "Os bem-aventurados Apóstolos
portanto, fundando e instituindo a Igreja, entregaram a Lino o cargo de administrá-la como bispo; a
este sucedeu Anacleto; depois
dele, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, Clemente recebeu o episcopado."
"Mateus,
achando-se entre os hebreus, escreveu o
Evangelho na língua deles, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí
fundavam a Igreja."[25]
Formado
como jurista Tertuliano (155-222
d.C.) falou da morte de Pedro em Roma:
"A
Igreja também dos romanos pública - isto é, demonstra por instrumentos públicos
e provas - que Clemente foi ordenado por Pedro."
"Feliz
Igreja, na qual os Apóstolos verteram seu sangue por sua doutrina
integral!" - e falando da Igreja Romana, "onde a paixão de Pedro se
fez como a paixão do Senhor."
"Nero
foi o primeiro a banhar no sangue o berço da fé. Pedro então, segundo a
promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando o suspenderam na Cruz."[26]
Eusébio (263-340
d.C.) Bispo de Cesareia,
escreveu muitas obras de teologia, exegese, apologética, mas a sua obra mais importante foi
a História Eclesiástica, onde ele narra a história da Igreja das origens
até 303. Refere-se ao ministério exercido por Pedro:
"Pedro,
de nacionalidade galileia, o primeiro pontífice dos cristãos, tendo inicialmente fundado a Igreja de
Antioquia, se dirige a Roma, onde, pregando o Evangelho, continua vinte e cinco
anos Bispo da mesma cidade."
Epifânio (315-403
d.C.), Bispo de Constância (também
foi Bispo de Salamina e Metropolita do Chipre) fala da sucessão dos Bispos de Roma:
"Lino
foi Bispo de Roma após o seu primeiro guia, Pedro."[28]
"Você
não pode negar que sabe que na cidade de Roma a cadeira episcopal foi primeiro
investida por Pedro, e que Pedro, cabeça dos Apóstolos, a ocupou."[29]
Cipriano (martirizado em 258),
Bispo de Cartago (norte da África), escreveu a obra "A Unidade da
Igreja" (De Ecclesiae Unitate), onde diz:
"A
cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a
unidade sacerdotal."[30]
Santo Agostinho (354 - 430):
"A
Pedro sucedeu Lino."[31]
Logo,
apesar das opiniões divergentes que surgiram a partir da Reforma Protestante,
era constante, unânime e ininterrupta a tradição segundo a qual Pedro pregou
o evangelho em Roma e
lá encontrou o martírio, o que é
robustecido pelos escritos dos Pais da Igreja e pela arqueologia.
Nome e
Importância
Segundo
a Bíblia, seu nome original não era Pedro, mas
Simão. Nos livros dos Atos dos Apóstolos e
na Segunda Epístola de Pedro, aparece ainda uma
variante do seu nome original, Simeão. Cristo mudou seu nome para כיפא, Kepha (Cefas em
português, como em Gálatas
2:11), que em aramaico significa "pedra",
"rocha", nome este que foi traduzido para o grego como Πέτρος, Petros, através da
palavra πέτρα, petra, que também significa "pedra" ou
"rocha", e posteriormente passou para o latim como Petrus,
também através da palavra petra, de mesmo significado.
A
mudança de seu nome por Jesus Cristo, bem como seu significado, ganham
importância de acordo com a Igreja Católica em Mt 16,
18, quando Jesus diz: "E eu te declaro: tu és Kepha e sobre
esta kepha edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não
prevalecerão nunca contra ela." Jesus comparava Simão à rocha.[6]
Pedro
foi o fundador, junto com São Paulo, da
Igreja de Roma, sendo-lhe concedido o título de Príncipe dos Apóstolos. Esse
título é um tanto tardio, visto que tal designação só começaria a ser usada
cerca de um século mais tarde, suplementando o de Patriarca (agora destinado a outro uso).
Pedro foi o primeiro Bispo de Roma. Essa
circunstância é importante, pois daí provém a primazia do Papa e da diocese de
Roma sobre toda a Igreja Católica; posteriormente esse evento originaria os
títulos "Apostólica" e "Romana".
Fonte:
todos os textos extraídos de:
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