domingo, 19 de agosto de 2012

Aparições reconhecidas pela Igreja -Nossa Senhora de Akita- A Virgem Maria Chora no Japão e outras- Veja:


Estamos postando, para apreciação dos devotos, algumas das Aparições reconhecidas pela Igreja-
«A aprovação [de aparições pela Igreja] não é mais do que a permissão de as publicar, para instrução e utilidade dos fiéis, depois de maduro exame. 

Pois estas revelações assim aprovadas, ainda que não se lhes dê nem possa dar um assentimento de fé católica, devem contudo ser recebidas com fé humana segundo as normas da prudência, que fazem de tais revelações objeto provável e piedosamente aceitável.» - Papa Bento XIV


Nossa Senhora Akita e Padre Gobi

Em 28 de junho de 1973 uma ferida em forma de cruz apareceu na palma da mão esquerda da Irmã Agnes Katsuko Sasagawa. A ferida sangrou abundantemente e causou-lhe muita dor. 

Em 6 de julho a Irmã Agnes ouviu uma voz vinda da imagem da Bem-aventurada Virgem Maria na capela onde ela estava rezando. A imagem foi esculpida de um único bloco de madeira de uma árvore Katsura e tem um metro de altura. Nossa Senhora falou com a Irmã Agnes e lhe deu uma mensagem.


No mesmo dia, algumas das irmãs notaram gotas de sangue fluindo da mão direita da imagem. Em quatro ocasiões este ato de escorrimento de sangue se repetiu. A ferida na mão da estátua permaneceu até 29 de setembro, quando desapareceu. 

Em 29 de setembro, o dia em que a ferida na estátua desapareceu, as irmãs perceberam que a estátua agora tinha começado a "suar", especialmente na testa e pescoço.

Em 3 de agosto, a Irmã Agnes recebeu uma segunda mensagem. Em 13 de outubro, ela recebeu a terceira e última mensagem.

Dois anos depois, em 4 de janeiro de 1975, a imagem da Bem-aventurada Virgem começou a chorar. Ela continuou a chorar, com intervalos, pelos próximos 6 anos e oito meses. Ela chorou 101 vezes de acordo com o testemunho de mais de 500 cristãos e não-cristãos, incluindo o prefeito da cidade de Akita, budista.

Leia Carta Pastoral Do Revmo. Bispo D. Shojiro-Jean Ito, da Diocese de Niigata, aprovando e declarando sobrenaturais os eventos de Akita, no Japão:

I- A todos os meus diocesanos, minha bênção e meus melhores votos nesta Festa da Páscoa.

Eis que há vinte anos sou Bispo da Diocese de Niigata, nomeado por Sua Santidade João XXIII, em 1962. Conforme a legislação da Igreja, atinjo a idade compulsória e devo deixar minhas funções. Sou reconhecido a cada um de vós por vossa oração e colaboração que me permitiram, apesar das dificuldades, cumprir meu dever até o dia de hoje.

Antes de vos deixar, devo ainda vos confiar uma missão: trata-se de uma série de acontecimentos misteriosos, concernentes a uma imagem de madeira da Virgem Maria, que se encontra no Instituto das Servas da Eucaristia. (O pedido do reconhecimento eclesial deste Instituto Secular já foi introduzido em Roma). O instituto se encontra em Yuzawadai, Soegawa, Akita, na Diocese de Niigata (Japão).

Todos estão informados desses acontecimentos, sem dúvida, pela divulgação dos livros, revistas e da televisão. Desde que em 1976 a primeira Comissão de Inquérito foi nomeada, anunciei publicamente que era preciso abster-se de qualquer peregrinação oficial e de toda veneração particular a essa imagem, enquanto durasse a investigação. 

Depois daquele dia, não fiz nenhuma outra declaração a respeito. Com efeito, tratando-se de acontecimentos importantes que dizem respeito à Igreja, não podiam ser tratados superficialmente.

No entanto, manter silêncio no momento de deixar minha função seria uma negligência no tocante aos meus deveres de Bispo, porque estive no centro dos acontecimentos. Por isso decidi fazer uma nova declaração em forma de Carta Pastoral.

Onze anos já se passaram desde que os acontecimentos tiveram início em 1973.

Como foi a primeira vez que testemunhei acontecimentos tão extraordinários, dirigi-me à Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, em 1975. Consultei Dom Hamer, Secretário dessa Congregação, já meu conhecido. Ele meu explicou que tais fatos se reportavam sobretudo à autoridade do Bispo do lugar.

Em 1976, solicitei ao Arcebispo de Tóquio a criação de uma Comissão de Inquérito. Essa Comissão declarou não estar à altura de provar o caráter sobrenatural dos acontecimentos em Akita.

Em 1979, apresentei à Congregação uma renovada solicitação para ser instituída uma segunda Comissão de Inquérito, que nos permitiu examinar os fatos ainda mais detalhadamente.

Em 1981, uma carta da Congregação, desfavorável aos acontecimentos, chegou à Nunciatura de Tóquio. Porém essa carta continha mal-entendidos. Julgando ser do meu dever restabelecer a exatidão dos fatos, reexaminei tudo em 1982, precisamente no momento em que os acontecimentos chegaram ao fim. 

Fiz com que voltassem a Roma, por intermédio do Núncio Apostólico em Tóquio, relatórios completos, acrescidos de novos fatos. Por oportunidade de minha viagem a Roma, no mês de outubro do ano passado, tive a oportunidade de me entrevistar com três personalidades encarregadas dos assuntos da Congregação para a Doutrina da Fé.

Como conclusão desse encontro, admitimos que a matéria deveria ainda ser objeto de um prolongado exame.

II- A série de acontecimentos relativos à imagem da Virgem Maria inclui o derramamento de sangue da mão direita da estátua, bem como uma transpiração que espalhou um perfume suave, transpiração tão abundante, que foi necessário enxugar a imagem.

No entanto, o fato mais notável, ao nosso juízo, e o mais evidente, é o transbordar de um líquido aquoso, semelhante a lágrimas humanas, dos olhos da imagem de Nossa Santa Mãe. Isto teve início no dia 4 de janeiro de 1975 (Ano Santo) e as lágrimas se derramaram cento e uma vezes, até o dia 15 de setembro de 1981, festa de Nossa Senhora das Sete Dores.

Eu mesmo fui testemunha de quatro lacrimações. E cerca de quinhentas pessoas puderam ver o fenômeno. Por duas vezes, provei esse líquido. Era salgado e me pareceu serem verdadeiras lágrimas humanas. O exame científico do professor Sagisaka, especialista em Medicina Legal, da Faculdade de Medicina da Universidade de Akita, provou que esse líquido é de fato idêntico a lágrimas humanas. Se os acontecimentos não são naturais, é possível admitir três causas. E estas seriam devidas a:

faculdades paranormais de um ser humano;
à maquinação do demônio;
uma intervenção sobrenatural.

Não sei exatamente o que poderiam ser faculdades paranormais; no entanto, alguns dizem que a religiosa Agnes Katsuko Sasagawa, do Instituto das Servas da Eucaristia, que está particularmente ligada aos acontecimentos de Akita, possuiria poderes paranormais, que lhe permitiriam transferir suas próprias lágrimas à imagem. 

Para isso, entretanto, seria necessário, segundo o professor Itaya, da Universidade de Tecnologia de Tóquio, que a interessada estivesse consciente do fato, a fim de intervir com seus poderes paranormais.

Ora, as lágrimas se derramaram na estátua quando a irmã Sasagawa dormia e não teve conhecimento do fato, estando na ocasião com sua família a quatrocentos quilômetros de Akita. Penso, portanto, que a hipótese de tais faculdades devem ser descartadas.

Há também pessoas que supõem que se trata de uma maquinação do demônio. Se tal fosse o caso, deveria produzir efeitos nefastos à fé. Não somente não há tais efeitos, mas bem ao contrário, resultantes favoráveis.

Por exemplo, um marido por cuja conversão sua mulher, católica, pedia instantemente, resolveu pedir o batismo depois de ter visto essas lágrimas. Em outro caso, um antigo crente, há décadas afastado da Igreja, voltou regularmente à prática de nossa religião. Ou ainda, depois de uma visita ao lugar, uma fiel se decidiu trabalhar na evangelização e vem perseverando nesta obra até os dias de hoje. E sozinha, ela fundou duas bases de evangelização leiga.

Por outro lado, há relatórios de curas miraculosas de doenças tais como o câncer, graças à mediação da Virgem de Akita. Menciono dois dos mais comprovados. Uma cura súbita de uma senhora coreana. Um câncer no cérebro a reduziu a um estado vegetativo desde julho de 1981. A Virgem de Akita lhe apareceu e lhe disse que se levantasse. Ela de imediato pôde se levantar, recuperando completamente a saúde. 

Esta cura se deu quando sacerdotes e senhoras coreanas pediam em oração por ela à Nossa Senhora de Akita, pedindo o milagre pelos méritos e canonização dos mártires coreanos. Existem radiografias dessa pessoa tomadas durante a doença e depois de sua completa cura. Elas são de tal clareza que até mesmo um leigo pode constatar sua restauração. A autenticidade dessas radiografias é atestada pelo Dr. M.D. Tong Woo King, do Hospital São Paulo de Seul, que ele próprio tirou, e também pelo Pe. Theisen, STD., presidente do Tribunal Eclesiástico de Seul. Todos esses documentos foram enviados a Roma.

Também fui a Seul, capital da Coréia do Sul, no ano passado e pude me entrevistar com essa miraculada. Pude então me assegurar da veracidade dos fatos e da sua cura milagrosa. Ela, por sua vez, também veio a Akita para agradecer à Nossa Santa Mãe.

O segundo caso é o da completa cura da surdez total de que era vítima a irmã Sasagawa. Desse darei detalhes mais adiante.

Em face de tais fatos propícios à Fé e à saúde física, parece que se excluem dos acontecimentos de Akita a possibilidade de terem origem diabólica. Só resta, portanto, a possibilidade de uma intervenção sobrenatural. Torna-se difícil sustentar outra justificativa.

III- Mas, por que se deram tais fenômenos? Eu me indago se eles não se relacionam com as Mensagens provenientes da imagem da Virgem, recebidas pelos ouvidos surdos da irmã Sasagawa.

A primeira mensagem lhe foi dada na manhã do dia 6 de junho de 1973, primeira sexta-feira do mês. Uma voz vinda da imagem de Maria, toda resplandecente, dizendo:

«Minha filha, minha noviça, tu me obedeceste certamente abandonando tudo para me seguir.

A doença de teus ouvidos é penosa? Eles serão curados, estejas certa. Sê paciente. É a última prova.

A ferida da mão te maltrata?

Reza em reparação pelos pecados da humanidade.

Cada pessoa desta comunidade é minha filha insubstituível.

Rezas bem a oração das Servas da Eucaristia? Vamos, rezemos juntas!…

Reza bastante pelo Papa, os Bispos e os sacerdotes.»

Agnes Katsuko Sasagawa perdeu a audição desde que trabalhava como catequista na igreja Myokô-Kogen. Por causa dessa surdez ela passou uma temporada no Hospital de Rôsai na cidade de Joetsu. O Dr. Sawada diagnosticou uma surdez total e incurável e redigiu um requerimento para que ela conseguisse uma pensão do governo. Não podendo trabalhar como catequista, ela veio para o Instituto das Servas da Eucaristia de Akita, onde começou uma vida de oração.

A segunda mensagem, como da primeira vez, foi-lhe dada pela voz provinda da imagem da Santa Virgem:

«Minha filha, minha noviça, tu amas o Senhor? Se tu amas o Senhor, ouve o que tenho a te dizer. É muito importante. Tu o transmitirás ao teu Superior.

Muitos homens neste mundo afligem o Senhor. Eu aspiro por almas que O consolem.

Para amenizar a cólera do Pai Celeste eu desejo, com meu Filho, almas que reparem, por seu sofrimento e por sua pobreza, pelos pecadores e pelos ingratos. Para que o mundo conheça Sua indignação, o Pai Celeste se presta a infligir um grande castigo à humanidade inteira.

Com meu Filho, tenho-me interposto muitas vezes para apaziguar o ímpeto do Pai. Impedi a vinda de calamidades oferecendo-Lhe os sofrimentos do Filho na Cruz, Seu Precioso Sangue, as almas bem-amadas que O consolam e formam a corte das almas-vítimas.

Oração, penitência e sacrifícios corajosos podem abrandar a cólera do Pai. Eu também o desejo da tua comunidade. Que ela ame a pobreza, se sacrifique e reze em reparação das ingratidões e dos ultrajes de tantos homens.

Rezem a oração das Servas da Eucaristia, tendo bem consciente o seu conteúdo; ponham-na em prática; ofereçam em reparação pelos pecados.

Que cada qual se esforce, conforme sua capacidade e sua posição, por se oferecer inteiramente ao Senhor. Mesmo em uma Ordem secular, a oração é necessária. Já estão sendo reunidas as almas que desejam rezar. Sem se prender demais à forma, sejam fiéis e fervorosas na oração para consolar o Mestre.»

A terceira e última mensagem foi-lhe dada de igual modo pela Voz proveniente da imagem da Santa Virgem, no dia 13 de outubro do mesmo ano:

«Minha querida filha, ouve bem o que vou te dizer. E informarás o teu Superior.»

Depois de um breve silêncio:

«Como já te disse, se os homens não se arrependerem e não melhorarem, o Pai infligirá um castigo terrível à humanidade inteira.

Será um castigo mais severo que o dilúvio, tal como jamais houve antes.

Cairá do Céu um fogo que aniquilará uma grande parte da humanidade, tanto os bons como os maus, não poupando nem os sacerdotes nem os fiéis. Os sobreviventes se encontrarão em tal desolação que invejarão os mortos.

As únicas armas que nos restarão então serão o Rosário e o Sinal deixado pelo Meu Filho.

Rezem cada dia as orações do Rosário. Com o Rosário, rezem pelo Papa, pelos Bispos e pelos sacerdotes.

A ação do diabo se infiltrará mesmo na Igreja, de modo que serão vistos cardeais se oporem a cardeais, bispos a outros bispos.

Os padres que me veneram serão desprezados e combatidos por seus confrades; as igrejas, os altares serão saqueados, a Igreja estará cheia daqueles que mantém compromissos espúrios e o demônio forçará muitos sacerdotes e consagrados a deixarem o serviço do Senhor.

O demônio se encarniçará sobretudo contra as almas consagradas a Deus.

A perspectiva da perda de numerosas almas é a causa da minha tristeza. Se os pecados crescerem em número e gravidade, para esses não haverá perdão.»

Esta mensagem está vinculada à condição de que: "Se os homens não se arrependerem e não melhorarem…", contudo, eu penso que é um aviso sério, ainda que em tudo se sinta o amor materno quando diz: "… a perspectiva da perda de numerosas almas me entristece."

Se a promessa contida na primeira Mensagem de 1973 (Tua surdez é penosa de ser suportada? Tu em breve serás curada…) não se tivesse cumprido, poder-se-ia duvidar da veracidade das mensagens.

Mas essa promessa foi cumprida, nove anos depois do início da doença.

Antes que isso se cumprisse, uma pessoa semelhante a um anjo, havia anunciado à irmã Sasagawa (em 25 de março e no dia 1° de maio de 1982):

«A surdez te faz sofrer, não é? O momento da cura prometida se aproxima.

Por intercessão da Santa Virgem e Imaculada, exatamente como da última vez, diante d'Aquele que está realmente presente na Eucaristia, teus ouvidos serão curados definitivamente para que a obra do Altíssimo seja cumprida.

Haverá ainda muitos sofrimentos e obstáculos vindos do exterior. Tu nada tens a temer. Suportando e oferecendo, serás protegida. Oferece generosamente e reza.

Transmite o que te disse àquele que te dirige e pede-lhe conselho e oração.

Teus ouvidos serão curados definitivamente durante este mês consagrado ao Imaculado Coração de Maria. Eles serão curados, como da última vez, por Aquele que está realmente presente na Eucaristia.

Aqueles que acreditarem neste sinal receberão numerosas graças. Haverá opositores, mas tu nada tens a temer.»

Efetivamente, no último domingo do mês de Maria, dia 30 de maio de 1982, na Festa de Pentecostes, no momento da elevação do Santíssimo Sacramento, seus ouvidos ficaram curados definitiva e instantaneamente. Nesta mesma noite, ela me telefonou e conversamos normalmente.

No dia 14 de junho seguinte, visitei o Dr. Arai, do serviço de otorrino do Hospital da Cruz Vermelha de Akita, que havia constatado a completa surdez da irmã Sasagawa, precisamente quando ela chegava a Akita, há nove anos. Eu lhe perguntei o que achava. Ele ficou estupefato com essa cura completa. 

A mesma estupefação teve o Dr. Sawada do Hospital de Rôsai de Joetsu, que inicialmente a havia examinado, quando ficara completamente surda. Ele lhe entregou um atestado médico, confirmando que a partir dali, depois de acurados exames de sua capacidade auditiva, ele não constatou mais nenhuma anomalia em ambos os ouvidos da irmã Sasagawa.

Conheço a irmã Sasagawa há mais de dez anos; trata-se de uma mulher sadia de espírito, franca e sem problemas; ela sempre me causou a impressão de uma pessoa equilibrada.

Por conseqüência, as Mensagens que ela diz ter recebido não me parecem de modo algum resultantes de imaginação ou alucinação.

Quanto ao conteúdo das Mensagens recebidas, não há nelas nada de contrário à doutrina católica ou aos bons costumes; e, quando se pensa no estado atual do mundo, o aviso parece aplicar-se a ele em muitos pontos.

Venho entregar-lhes minhas experiências e minhas reflexões a propósito dos acontecimentos relativos à imagem da Santa Virgem de Akita e acho que é do meu dever, enquanto Ordinário do lugar, responder às perguntas dos fiéis e lhes dar as diretivas pastorais sobre o assunto. 

É que só o Bispo da Diocese em questão tem o poder de reconhecer um fato desse gênero. A Congregação para a Doutrina da Fé me deu instruções nesse sentido.

Depois de sua fundação, estou em constante relação com o Instituto das Servas da Eucaristia e conheço exatamente a situação dessa Congregação e de seus membros.

Estudando a história das Aparições da Virgem Maria até o dia de hoje constata-se que são sempre os Bispos do lugar que autorizam a veneração da Virgem Maria, quando Ela se manifesta em suas Dioceses.

Depois de longas orações e maduras reflexões, enquanto Bispo de Niigata, tiro as seguintes conclusões:

1 - Depois das indagações levadas a efeito até o dia de hoje, não se pode negar o caráter sobrenatural de uma série de acontecimentos inexplicáveis, relativos à imagem da Virgem que se encontra no Convento do Instituto das Servas da Eucaristia em Yuzawadai, no Convento de Soegawa, província de Akita, Diocese de Niigata.
Tampouco se podem encontrar ali elementos contrários à fé católica ou aos bons costumes.

2 - Conseqüentemente, autorizo, em toda a extensão da Diocese da qual fui encarregado e me foi confiada, a veneração da Santa Mãe de Akita, esperando que a Santa Sé publique seu juízo definitivo sobre este assunto.

Chamo a atenção, relembrando, que mesmo que a Santa Sé publique mais tarde um juízo favorável a propósito dos acontecimentos de Akita, trata-se apenas de uma revelação particular que não é um ponto doutrinal.

Os cristãos são levados a crer apenas no conteúdo da Revelação Divina (encerrada com a morte do último Apóstolo) que comporta tudo o que é necessário à salvação. A Igreja, sempre, até agora, também teve em consideração as revelações particulares enquanto elas fortalecem a fé.
A título de ilustração, cito textos do Compêndio da Doutrina Católica:

    "Os Santos e os Anjos, tendo sido confirmados na vontade de Deus, recebem d'Ele graça e glória em abundância, e é justo venerá-los a esse título, pois isso redunda em oferecer louvor e ação de graças ao próprio Deus. Entre os Santos, a Virgem Maria recebe uma veneração especial. De fato, Ela não é somente a Mãe de nosso Salvador, que é Deus, mas também é Mãe de todos nós, e é enquanto Mãe que Ela intercede por nós, cheia da graça divina mais do que todos os Santos e Anjos." (Compêndio da Doutrina Católica, edição revista, Art. 72).

    "Veneram-se imagens e estátuas do Cristo e dos Santos para sustentar a Fé, adorar o Cristo, venerar os Santos. Esse ato também se torna louvor a Deus." (Compêndio da Doutrina Católica, edição revista, Art. 170).

Enfim, rogo a Deus que Ele conceda a todos vós abundantes graças, com minha bênção apostólica.

Niigata, na Festa da Páscoa, 22 de abril de 1984
D. Shojiro-Jean Ito, Bispo

Em junho de 1988, o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, proferiu julgamento definitivo sobre os eventos e mensagens de Akita como confiáveis e dignos de fé.

A Virgem Maria Chora no Japão
Joseph-Marie Jacq
Tradução: Napoleão Lopes Filho
Akiko K. Watanabe
Revisão: Heloísa Helena Paiva
Edições Loyola - São Paulo, Brasil - 1990

Fonte: Grupo da Imaculada - Itajaí - SC.

Editado por Fernando de A. Correia em 13/agosto/96
- Ss. Ponciano, Papa e Hipólito,
presbítero, mártires.

Aparições no mundo
Por Equipe LeiaMe em 08-Jul-09 16:46
Divina Misericórdia - Polônia

Em 22 de fevereiro de 1931, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo apareceu à jovem religiosa Faustina Kowalska em Cracóvia.

Na primeira aparição, Jesus pediu que fosse pintada uma imagem segundo o que a Irmã via: Jesus vestido de uma túnica branca. Uma mão estava levantada a fim de abençoar, a outra pousava na altura do peito. Da abertura da túnica no peito saíam dois grandes raios, um vermelho e outro pálido, simbolizando o Sangue e a Água derramados do Coração de Jesus aberto pela lança. Ele disse:

“Estes raios defendem as almas da ira do meu Pai. Feliz aquele que viver sob a proteção deles, porque não será atingido pelo braço da Justiça de Deus.”

A imagem tem também a inscrição: 'Jesus, eu confio em Vós.'

“Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá.”

mensagem principal: A confiança na infinita Misericórdia de Jesus.

Palavras de Jesus, do Diário de Santa Irmã Faustina:
“São poucas as almas que contemplam a Minha Paixão com um verdadeiro afeto. Concedo as graças mais abundantes às almas que meditam piedosamente sobre a Minha Paixão.”

“Com a Minha Misericórdia persigo os pecadores em todos os seus caminhos, e o Meu Coração se alegra quando eles voltam a Mim. Esqueço as amarguras com que alimentaram o Meu Coração e alegro-Me com a volta deles.”

“Quando a alma vê e reconhece a gravidade dos seus pecados, quando se desvenda diante dos seus olhos todo o abismo da miséria em que mergulhou, que não desespere, mas se lance com confiança nos braços da minha Misericórdia, como uma criança nos braços da mãe querida. Estas almas têm sobre meu Coração misericordioso um direito de precedência.”

“Escreve que quanto maior a miséria da alma, tanto maior direito tem à minha Misericórdia e estimula todas as almas à confiança no inconcebível abismo da minha Misericórdia, porque desejo salvá-las todas. A fonte da minha Misericórdia foi aberta pela lança na Cruz para todas as almas; não excluí a ninguém.”

devoção relacionada à aparição: Divina Misericórdia; contemplação da Paixão de Jesus.  A Festa da Misericórdia é celebrada no 2º domingo da Páscoa.
orações: Hora da Misericórdia, Terço da Misericórdia, Novena da Misericórdia.

Terço da Misericórdia:
Pai Nosso, Ave Maria, Credo

Nas contas do Pai Nosso:
   Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro.
Nas contas das Ave-Marias:
   Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
No final do terço:
   Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro. (3 vezes)

Invocação para a Hora da Misericórdia (três horas da tarde):
   Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de Misericórdia para nós, eu confio em Vós.

O Cristo de Limpias



História
Na rota Compostelana que passa pela província espanhola de Cantábria, está a Vila de Limpias, famosa pelo Santuário do Santíssimo Cristo da Agonia.

O nome de Limpias provém das águas térmicas que brotam em seu final e que eram conhecidas como Águas de Limpias. A vila é pequena mas tem uma bela igreja paroquial em honra de São Pedro. No altar-mor se venera uma prodigiosa imagem do Cristo da Agonia.

O crucifixo é uma meditação dos sofrimentos de Nosso Senhor que apresenta Jesus nos momentos finais de Sua agonia. A imagem de Cristo é em tamanho natural. Mede seis pés de altura e está colocada sobre uma cruz de 2m30cm de altura. Os braços parecem relaxados como os de um homem que os tivesse aberto sem esforço e os dedos indicador e médio em ambas as mãos estão estendidos como se estivessem dando a bênção final...

Seu rosto tem uma expressão indescritível, de uma particular beleza: olha para o céu e, segundo o ângulo de onde se veja, a expressão é diferente, não somente de dor, mas de oração e contemplação ao Pai. Colocadas dos lados de Cristo estão outras duas imagens: a Virgem Mãe Dolorosa e São João Evangelista.

Pouco se sabe da origem desta preciosa imagem. Acredita-se que tenha sido venerada em Cádiz na igreja dos padres franciscanos e que quando esta foi derrubada por inundações, a imagem do Cristo passou ao oratório de Don Diego de la Piedra, cavaleiro professo da Ordem de Santiago. Contam que um maremoto ameaçou a cidade de Cádiz, o povo cristão levou em procissão as imagens mais veneradas da cidade, as águas se detiveram e começaram a retroceder somente ante a santa imagem do Cristo da Agonia. Diante do prodígio, o povo agradecido pediu que a imagem do Santo Cristo fosse deixada para veneração em alguma das igrejas de Cádiz.

Don Diego faleceu no ano de 1755 não sem antes outorgar em seu testemunho diversas linhas nas que recorda sua vila natal de Limpias: "Mando assoalhar a paróquia de São Pedro de Limpias, custeando a decoração do altar mor e seu esplendor, colocando nele três imagens: a de Nosso Redentor agonizando na Cruz, a de Sua Mãe Santíssima e a do Evangelista São João..." Assim esta paróquia se converte no Santuário do Santíssimo Cristo da Agonia.

A partir do dia 30 de março de 1919, correu aos quatro ventos que em Limpias aconteciam eventos extraordinários. Diziam que a bela imagem do Santo Cristo movia os olhos, dando a sensação de um corpo vivo, que empalidecia, sangrava e suava. O nome de Limpias se tornou famoso e suas ruas foram visitadas por peregrinos provenientes de todas as partes do mundo.

O primeiro a ver o prodígio foi o Padre Antonio López, professor do Colégio São Vicente de Paula que estava na vila: "Um dia no mês de agosto de 1914, fui à igreja para instalar uma iluminação elétrica no altar-mor. Encontrava-me sozinho na igreja, em uma escada apoiada sobre um andaime improvisado sobre a parede que serve de cenário para a imagem do Cristo Crucificado, e depois de duas horas de trabalho comecei a limpar a imagem para que esta pudesse ser vista mais claramente. Minha cabeça estava no mesmo nível da do Cristo, a pouco menos de dois pés de distância; fazia um dia muito bonito e pela janela atravessavam raios de luz que iluminavam completamente o altar, sem notar a menor anormalidade e depois de um longo tempo de trabalho, detive minha vista nos olhos da imagem e observei que estavam fechados. Por vários minutos eu vi com toda clareza de modo que duvidei se habitualmente eles eram abertos. Não podia acreditar no que meus olhos viam, comecei a sentir que me faltavam as forças; perdi o equilíbrio, desmaiei e caí da escada do andaime até o chão, levando um grande tombo. Ao recobrar os sentidos, pude confirmar de onde estava que os olhos da imagem do crucifixo permaneciam fechados... Saí rapidamente da igreja contando o fato a minha comunidade. Minutos depois de sair da igreja, encontrei-me com o sacristão que se dispunha a tocar os sinos para o Ângelus. Ao me ver tão agitado me perguntou se estava me acontecendo algo. Relatei a ele todo o ocorrido e ele não se surpreendeu, pois já havia escutado que o Cristo havia fechado seus olhos em mais de uma ocasião".

Pensando que o movimento que havia visto nos olhos se devia a algum tipo de mecanismo, o sacerdote professor diminuiu a importância da visão e se incumbiu de examinar a imagem minuciosamente. Pôde confirmar que esta não possui nenhum mecanismo e que seus olhos estão tão firmemente fixos, que nem o pressioná-los fortemente pôde fazer com que se movessem. Isto foi comprovado mais de uma vez.

A pedido de seus superiores, o Padre Antonio escreveu o relato de todo o acontecido, mantendo prudência por ordem de seu diretor espiritual. Somente no dia 16 de março de 1920, um ano depois dos tantos milagres de 1919 é que esta declaração se tornou pública.

No início do ano 1919 aconteceram as missões na Paróquia de Limpias. No último dia da missão, enquanto o sacerdote celebrava a Santa Missa, proferindo uma homilia baseada nas palavras de Prov. 23,26, outros dois sacerdotes se encontravam nos confessionários. Uma menina de 12 anos entrou no confessionário e comunicou ao sacerdote que a imagem do Santo Cristo estava com os olhos fechados. O sacerdote, pensando que era fruto da imaginação da menino, ignorou o acontecimento. Terminada a homilia do sacerdote celebrante, este outro sacerdote se aproximou para notificar o que estava acontecendo. Ambos olharam para o crucifixo sem ver que algo não-usual acontecera. Simultaneamente, um dos fiéis que se encontrava na igreja gritou: "Olhem o crucifixo!" Em poucos minutos as pessoas confirmaram com entusiasmo o que as crianças haviam visto. As pessoas ali presentes começaram a chorar, outros gritavam que haviam visto um milagre e outros caíram de joelhos pedindo a Deus por misericórdia.

Para verificar o fenômeno, quando se conseguiu esvaziar o templo, o pároco subiu com uma escada de mão até a santa imagem tocando o rosto e o colo com um pano, e pôde comprovar que a imagem transpirava, confirmando o fato mostrando a todos ali presentes seus dedos umidecidos.

A segunda manifestação aconteceu em 13 de abril de 1919, no Domingo de Ramos, quando dois homens importantes de Limpias se aproximaram do altar duvidosos do que ali acontecia e considerando os fatos como histeria coletiva e alucinação.; ao aproximarem-se puderam ver os olhos e a boca do Cristo moverem-se. Simultaneamente caíram de joelhos pedindo perdão e clamando por misericórdia.

A terceira manifestação aconteceu em 20 de abril de 1919, no Domingo da Ressurreição, na presença de um grupo de irmãs religiosas da ordem das Filhas da Santa Cruz, que viram os olhos e a boca do Santo Cristo moverem-se enquanto rezavam o santo Rosário.

A partir de 14 de abril do mesmo ano, as manifestações se repetiram quase diariamente, e como era de se esperar a igreja se mantinha abarrotada de gente que desejava ver o milagre. Conta o Rev. Barón Von Kleist, sacerdote da vila que muitas eram as pessoas que testemunhavam que Nosso Senhor havia olhado para elas, a uns de forma sutil, a outros com certa tristeza, e inclusive a alguns com um olhar penetrante e de través. Muitos viram lágrimas em Seus olhos, outros relatam ter visto gotas de sangue caírem das feridas produzidas pelos espinhos de Sua coroa. Foram muitas e variadas as manifestações que se relataram, desde ver a imagem do Cristo mover Seus olhos de lado a lado na hora da bênção e pousando Seu olhar cativante sobre toda a assembléia ali presente, até mover Sua cabeça coroada de espinhos e suspirar...

Peregrinações e mais testemunhos
Peregrinações de todos os lugares começaram a chegar à vila de Limpias. Jornais repletos de relatos detalhados sobre os acontecimentos em Limpias inundaram a imprensa de todos as regiões da Espanha e do exterior. No final de 1921, o número de peregrinos havia crescido de tal forma que o volume do tráfego de estrangeiros em Limpias superou a dos visitantes do Santuário de Lourdes. Príncipes, bem como dignitários da Igreja da Espanha, incluindo bispos e cardeais, visitaram o Santuário do Santíssimo Cristo da Agonia. Também vieram arcebispos do México, Peru, Manila, Cuba e outros países. São muitos os registros que se encontram na sacristia da igreja de Limpias e que contêm 8.000 testemunhos de pessoas que atestam as manifestações. 2.500 destes testemunhos foram dados "sob juramento". Entre as testemunhas se encontravam membros de ordens religiosas, sacerdotes, médicos, advogados, professores, catedráticos, oficiais, vendedores, boiadeiros, não crentes e até ateus.

O primeiro bispo a ser favorecido com a graça de poder presenciar as manifestações foi Dom Manuel Ruiz y Rodríguez, bispo de Cuba, que foi a Limpias após uma visita a Roma. De volta a seu país escreveu uma carta pastoral a todos os membros de sua diocese na que expunha sem reservas tudo o que se relacionava ao crucifixo milagroso. Relatou como os olhos do Cristo se moviam de lado a lado e como o rosto, em dado instante, tomou uma expressão agonizante. Aqui começou a grande devoção que em Cuba se teve ao Cristo de Limpias.

Em 29 de julho de 1919, o Padre Celestino María de Pozuelo, monge capuchinho, visitou a paróquia de Limpias e escreveu um relato que incluía a seguinte declaração: "O rosto apresenta uma expressão viva de dor, o corpo descolorido como se houvesse recebido cruéis chicotadas e totalmente banhado de suor".

O Rev. Valentín Incio, de Gijón, conta que visitou Limpias em 4 de agosto de 1919. À sua chegada se uniu a um grupo de peregrinos que, nesse momento, estavam sendo testemunhas do milagre. Havia cerca de 30 a 40 pessoas, outros dois sacerdotes, 10 marinheiros e uma mulher que não parava de chorar. O Padre Incio escreveu:
"Ao chegar contemplei Nosso Senhor como se estivesse vivo; mais tarde Sua cabeça conservou Sua posição de costume e Seu contorno a expressão natural, mas Seus olhos estavam cheios de vida e olhavam em várias direções... 

Em certo momento, Seu olhar se centrou sobre os marinheiros a quem contemplou por muito tempo, logo olhou languidamente em direção da sacristia por algum tempo. Nesse instante ocorre o momento mais comovedor de todos: Jesus pousa Seu olhar sobre todos nós mas de uma forma tão doce, tão suave, tão expressiva, tão amorosa e divina, que todos ali presentes caímos de joelhos, choramos e adoramos a Cristo...

Nosso Senhor continuou movendo Seus olhos e pálpebras que brilhavam como se estivessem cheios de lágrimas, e moveu Seus lábios suavemente como se estivesse dizendo algo ou rezando. Ao mesmo tempo, a mulher que mencionei anteriormente estava ao meu lado e viu ao Mestre tratando de mover Seus braços, lutando por relaxá-los da Cruz". Dando testemunho sobre este relato estiveram 3 sacerdotes, os 10 marinheiros e a mulher.

Em 15 de setembro de 1919, 2 bispos acompanhados de 18 sacerdotes contaram o ocorrido ao prostrarem-se diante do crucifixo:

"Todos vimos o rosto do Santo Cristo entristecer-se ainda mais. Sua boca também estava mais aberta que o usual, Seus olhos se fixaram suavemente sobre os bispos e logo em direção à sacristia. Seus gestos simultaneamente tomaram a expressão como os de um homem que está lutando para sobreviver".

Em 24 de dezembro de 1919, em companhia de um grupo de pessoas, o padre confessor da Igreja do Pilar em Zaragoza, Dom Manual Cubi, viu o Santo Cristo na agonia da morte: "Nosso Senhor tratava de soltarse da Cruz com movimentos violentos e convulsivos, levantou Sua cabeça, moveu Seus olhos e fechou Sua boca. Em alguns momentos pude ver Sua língua e dentes. Por aproximadamente meia hora Ele nos mostrou o quanto Lhe havia custado nossa salvação e quanto havia sofrido por nós no momento de Seu abandono na Cruz".

Milagres de cura e reconhecimento oficial da Igreja
Vários relatórios médicos foram apresentados...

As manifestações milagrosas do Santo Cristo não foram as únicas relatadas, houve também muitas curas milagrosas. Em julho de 1920, houve mais de 1.000 curas certificadas pelos médicos. Muito poucas destas curas aconteceram em Limpias, mas quando os peregrinos regressavam a suas casas e se colocavam em contato com objetos que havia tocado o crucifixo.

O bispo de Santander, diocese à qual pertence Limpias, introduziu o processo canônico em 20 de julho de 1920. Um ano e um dia depois, foram dadas indulgências plenárias por um período de 7 anos a todos aqueles fiéis que visitassem o Santo Crucifixo.

O Núncio Papal visitou Limpias em setembro de 1921. Orou em frente ao crucifixo e o examinou de todos os ângulos. O núncio declarou ao clero e aos nativos que a imagem lhe havia causado uma impressão muito profunda, e congratulou-os por terem sido escolhidos para que o Mestre Se revelasse através dessa imagem em sua igreja.

Os fenômenos públicos cessaram de maneira total vários anos depois. Uma guerra nacional parecia que deixaria no esquecimento o Santo Cristo de Limpias, mas aquela devoção nascida do calor de eventos, ao que parece prodigiosos, ainda perdura... É surpreendente a existência em qualquer época, tanto de turistas como de peregrinações que continuam chegando atraídos pela fama dos prodígios e da formosura da Santa efígie.

Atualmente os padres paulinos estão encarregados da Paróquia/Santuário, tratando de seguir a linha de seus antecessores e dignos párocos do clero secular. Além da vida ordinária de uma paróquia, procura-se sempre fomentar o culto ao Santíssimo Cristo.

Todos estes depoimentos poderiam ser concluídos com um registro muito breve, redigido por um jornalista relatando os fatos acontecidos em sua presença: "Pude perceber movimentos no queixo, como se estivesse pronunciando poucas sílabas em Seus lábios. Fechei meus olhos fortemente e me perguntei: O que terá dito? A resposta não se fez esperar, do mais profundo de meu coração pude escutar claramente estas palavras tão significativas e ungidas: "AMA-ME".

É por esta razão que Nosso Senhor realizou tantas maravilhas diante dos olhos de crentes e não-crentes. Em Limpias Ele demonstrou a agonia de Sua morte e a magnitude de Seu amor por nós, não somente para evocar sentimentos de compaixão e arrependimento, mas também para pedir, ou melhor, suplicar que O amemos em resposta.

Em nossa peregrinação de Miami ao Santo Cristo de Limpias, experimentamos uma grande consciência do amor de Jesus e um desejo de responder a Ele com todo o coração."

(do original espanhol "El Santo Cristo de Limpias")

Nossa Senhora de Fátima - Portugal
Por Equipe LeiaMe em 24-Mar-10 10:25
Nossa Senhora de Fátima
Obs.: este texto foi composto por meio de pesquisas em vários livros sobre Nossa Senhora de Fátima. Por favor: se for reproduzi-lo, indique o endereço desta página como fonte. Obrigada!

O Anjo da Paz
Entre junho e agosto de 1916, Lúcia e seus priminhos Francisco e Jacinta conduziam suas ovelhinhas como de costume, até que, num dia de muito calor, foram ter a um lugar chamado Chousa Velha, um pouco a oeste de Aljustrel, no meio de um olival. Estavam os pastorinhos a brincar quando subitamente o céu se escureceu e se espalhou uma névoa espessa. Lembraram-se então da Loca do Cabeço, perto de onde o rebanho pastava. 

A toda pressa, abrigaram as ovelhas debaixo de uma árvore frondosa e correram ladeira acima a refugiar-se naquela cavidade. Era o que de melhor havia por ali, e os três continuaram a brincar. Passado um tempo, os pastorinhos merendaram, rezaram o terço e mal terminaram de rezar, a chuva cessou e o sol voltou a brilhar. Os três começaram a divertir-se atirando pedras para o fundo do vale.

De repente levantou-se um vento, um vento estranho; olharam espantados as árvores agitadas e deram com um clarão, vindo do nascente, que se aproximava cada vez mais forte, cada vez mais esplendoroso. Lúcia reconheceu a alvura singular daquela "estátua de neve", transparente pelo sol, que um ano antes vislumbrara com outras meninas ("Parecia uma pessoa embrulhada num lençol").

Mas desta vez a luz aproximou-se tanto que, ao chegar à pedra da entrada da loca, puderam distinguir a forma de "um jovem dos seus catorze a quinze anos, mais branco que se fora de neve, que o sol tornava transparente como se fora de cristal", descreve Lúcia. Podiam ver agora perfeitamente os traços de um rosto humano de indescritível beleza. Estupefatos, emudecidos, contemplavam-no paralisados.

«Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo!»

Ajoelhou em terra e curvou a fronte até o chão. Os pastorinhos imitaram-no e repetiram as suas palavras:

«Meu Deus, eu creio, adoro, espero e Vos amo. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.»

Mais duas vezes o Anjo pronunciou aquela oração e depois recomendou-lhes:

«Orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos às vossas súplicas.»

Então desapareceu.

A oração gravou-se de tal forma na mente de Lúcia e Jacinta (Francisco não chegara a ouvi-la) que nunca mais a esqueceram e, a partir desse instante, a repetiam muitas vezes por longo tempo, até caírem de cansaço.

Depois da aparição, os três sentiam-se fracos e aturdidos. Aos poucos, foram-se refazendo e começaram a reunir o rebanho, pois entardecia. Ao longo do caminho de volta para Aljustrel, nenhum deles tinha vontade de falar. Lá se iam calados, silenciosos, pensativos...

Era o aviso do Céu que escolhera aqueles corações pequeninos para coisas grandes.

Sacrifícios e orações pelos pecadores
A segunda aparição deu-se semanas depois. As crianças foram passar em casa as horas mais quentes do dia e brincavam junto do poço, quando, subitamente, viram junto deles a mesma figura.

«Que fazeis? Orai, orai muito. Os corações santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente, ao Altíssimo, orações e sacrifícios.»

- Como nos havemos de sacrificar?, perguntou Lúcia.

«De tudo o que puderdes, oferecei a Deus sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim, sobre a vossa pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.»

E desapareceu.

As crianças ficaram tolhidas de espanto e novamente permaneceram numa espécie de êxtase. Quando recuperaram o domínio de si, Francisco foi o primeiro a falar. Tinha visto o Anjo mas novamente não ouvira suas palavras. Somente no dia seguinte Lúcia pôde lhe contar o que havia dito o Anjo. Ainda se passou mais um dia para que conseguisse reunir as idéias e explicar, como podia, quem era o Altíssimo, e o que significava "os Corações de Jesus e Maria estão atentos às vossas súplicas".

Jacinta dizia ao irmão:

- Tem cuidado, nestas coisas fala-se pouco. - E continuava - Quando falo no Anjo não sei o que me acontece; não posso falar, nem brincar, nem cantar... Não tenho forças para nada...

- Nem eu também - dizia Francisco. - Mas que importa?... O Anjo é mais que tudo isso: pensemos nele!

Desde então, o menino pôs-se a refletir sobre o que o Anjo quisera dizer ao falar de sacrifícios e começou a rivalizar com a irmã e a prima na renúncia a pequenos prazeres e satisfações, em reparação pelos pecadores. Os três passavam horas e horas prostrados em terra a repetir sem cessar a oração que o Anjo lhes ensinara.

Reparações ao Santíssimo Sacramento
Passaram-se três meses. Estavam os pastorinhos novamente na gruta do Cabeço e, depois de rezarem o terço, como de costume, puseram-se a recitar juntos a oração.

Acabavam de repeti-la mais uma vez quando subitamente a mesma luz cristalina brilhou novamente sobre o vale e o Anjo tornou a aparecer-lhes: belo, resplandecente, deslumbrante, suspenso no ar. Trazia numa mão um Cálice e, sobre ele, com a outra mão, segurava uma Hóstia. Deixou-os suspensos no ar, prostrou-se por terra e disse:

«Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.»

Repetiu três vezes essa oração com as crianças. Depois levantou-se, tomou novamente o Cálice e a Hóstia e deu a Comunhão a Lúcia, dando o Cálice a beber aos dois irmãozinhos, dizendo:

«Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.»

De novo em adoração, repetiu a súplica à Santíssima Trindade. E desvaneceu-se na luz do sol.

A sensação da presença de Deus nessa ocasião foi muitíssimo mais intensa e deixou-os tão exaustos que, dias depois, Francisco comentava:

- Gosto muito de ver o Anjo; mas o pior é que, depois, não somos capazes de nada. Eu nem andar podia!

Isso tudo aconteceu quando Lúcia tinha nove anos, Francisco, oito, e Jacinta, seis. Nenhuma das crianças contou sobre a aparição do Anjo, nem em casa nem em parte alguma. Somente na Segunda Memória, escrita em 1937, é que Lúcia se refere incidentalmente ao Anjo da Paz, relato inesperado pelos 21 anos de ocultamento, e que causou grande surpresa.

A Senhora mais brilhante que o sol
Um dos lugares prediletos das crianças pastoras ficava nas terras do pai de Lúcia. Era um pequeno vale, chamado Cova da Iria. Os pastorinhos brincavam e cantavam cantigas daquele tempo, como esta:

Amo a Deus no Céu,
Amo-o também na terra;
Amo o campo, as flores,
Amo as ovelhas na serra.

Com os meus cordeirinhos
Eu aprendi a saltar.
Sou a alegria da serra
E sou o lírio do vale

Sou uma pobre pastora
Rezo sempre a Maria.
No meio do meu rebanho
Sou o sol do meio-dia.

Ó, i, ó ái!
Quem me dera ver-te agora!
Ó, i, ó ái!
Meu Jesus, já nesta hora!

Mas depois das experiências com o Anjo, eles já não cantavam com o mesmo entusiasmo de antes. Já não eram os mesmos. Além disso, os problemas de saúde da mãe de Lúcia, e a guerra que se desenrolava na Europa, refletindo-se na vida da pequena vila, trouxe para os pequenos muitos sofrimentos; eles, porém, lembravam-se das palavras do Anjo e tudo ofereciam:

- Meu Deus, ofereço-Vos todos estes sacrifícios e sofrimentos em reparação pelos pecadores e pela sua conversão.

As crianças tinham agora consciência de que existia um mundo angustiado, às voltas com o incompreensível mistério do sofrimento.

No dia 13 de maio de 1917, um domingo, os pais de Jacinta e Francisco planejaram ir a uma feira próxima para fazer compras, e mandaram as crianças à missa em Fátima. Era um dia muito bonito, e já passava do meio-dia quando os pastorinhos conduziram as ovelhas até a Cova da Iria, passando então a se entreter na construção de uma casinha de pedras.

Estavam entretidos nesse trabalho, quando foram surpreendidos por um raio de luz, que lhes pareceu um relâmpago. Correram para se abrigar, quando um segundo relâmpago os fez afastarem-se da árvore, e então pararam pasmados. Bem diante deles, na copa de uma azinheira de cerca de um metro de altura, viram uma esfera de luz e, no centro, uma Senhora, "vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio d'água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente", nas palavras de Lúcia. Seu rosto era de uma beleza indescritível. Tinha as mãos juntas, em atitude de quem reza, apoiadas no peito; da mão direita pendia um terço. As vestes pareciam ser feitas unicamente de luz. A túnica era branca, como branco era o manto, orlado de uma luz ainda mais intensa a reluzir como outro, que lhe cobria a cabeça e lhe descia até aos pés. Não se lhe viam o cabelo nem as orelhas. Era impossível fixar os olhos em seu rosto, pois sua luz os cegava.

Fascinadas, aproximaram-se tanto que se colocaram dentro do círculo de luz que a acompanhava.

«Não tenhais medo. Eu não vos faço mal»

As crianças não sentiam medo, o que as assustara fora somente o "relâmpago" e o receio da trovoada. Uma grande alegria e paz inundavam suas alminhas. Refeita do susto, Lúcia perguntou:

- De onde é vossemecê?

«Sou do Céu!»

- E que é que vossemecê me quer?

«Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois direi quem sou e o que quero. E voltarei ainda aqui uma sétima vez.»

- E eu também vou para o Céu?

«Sim, vais»

- Que felicidade! Ir para o Céu!... E a Jacinta?

«Também.»

- E o Francisco?

«Também irá, mas terá de rezar muitos terços.»

O olhar da formosa Senhora parecia agora fixar magoado o pastorinho que nada ouvia e não via distintamente a Celeste Visão.

- Ó Lúcia, eu não vejo nada... Arruma-lhe uma pedra, a ver se é gente ou não!

"Que idéia!... Atirar uma pedra a uma Senhora tão bonita e tão boa!", pensa Lúcia. Mas perguntou:

- Então vossemecê é a Nossa Senhora do Céu e o Francisco não a pode ver?

«Ele que reze o terço e assim também me verá.»

Lúcia voltou-se para o primo:

- Olha, Francisco, a Senhora diz que rezes o terço e já a podes ver.

E o pequeno, começando a rezar, logo goza da presença da Virgem Santíssima. Entretanto, ele não podia esquecer as ovelhas que andavam na Cova e se preocupava que não comessem a plantação que havia por perto.

- Deixa! - disse Lúcia. A Senhora diz que as ovelhas não os comem.

- Qual não comem!... As ovelhas não comerem os chícharos?

- Deixa, deixa, a Senhora lá sabe!

- Ó Lúcia - manifestou-se Jacinta - pergunta à Senhora se tem fome. Ainda ali temos broa e queijo... E oferece-lhe um cordeirinho...

Mas Lúcia se lembrou de duas moças, amigas de suas irmãos, que há pouco haviam morrido.

- A Maria do Rosário do José das Neves está no Céu?

«Sim.»

- E a Amélia?

«Está no Purgatório até o fim do mundo.»

Que pena sentiu Lúcia! Também a Senhora parecia triste ao perguntar:

«Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos em ato de reparação pelos pecados com que é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?»

- Sim, queremos! - respondeu Lúcia, em nome dos três.

«Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.»

Ao dizer "a graça de Deus", a Senhora abriu pela primeira vez as mãos e delas saíram feixes de luz muito intensa, cujo reflexo envolveu as crianças, penetrou-lhes no peito e atingiu-lhes o mais íntimo da alma. Conta Lúcia que essa luz os fez "ver a nós mesmos em Deus, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos".

Por um impulso irresistível, prostraram-se de joelhos e começaram a repetir intimamente: "Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento".

A Senhora esperou que terminassem e então disse:

«Rezai o terço todos os dias, para alcançar a Paz para o Mundo e o fim da guerra.»

Em seguida, foi-se elevando suavemente da azinheira, subindo em direção ao nascente, até desaparecer. As crianças permaneceram um longo tempo de olhos fixos no céu. Estavam silenciosas e pensativas, porém não se sentiam cansadas e abatidas, como ficavam ao ver o Anjo da Paz. Sentiam-se leves como pássaros. E logo viram, como dissera a Senhora, que as ovelhinhas não haviam tocado nos feijões e nos chícharos.

- Ai que Senhora tão bonita! - exclamava Jacinta repetidas vezes.

- Estou mesmo a ver que ainda vais dizer a alguém - dizia-lhe Lúcia.

- Não digo nada a ninguém; está descansada.

Esquecida, porém, de todos os seus propósitos e recomendações da prima, Jacinta correu para a mãe e gritou toda alvoroçada:

- Ó mãe, vi hoje Nossa Senhora na Cova da Iria!

- Credo, filha! És uma boa santa para veres Nossa Senhora.

Mas Jacinta insistiu e se pôs a contar os detalhes de tudo o que havia acontecido, arrematando:

- Ó mãe, é preciso rezar o terço todos os dias... a Senhora disse isso à Lúcia. E disse também que nos levava todos três para o Céu, a Lúcia, o Francisco e mais eu... e mais outras coisas disse que eu não sei, mas que a Lúcia sabe... Quando Ela entrou pelo céu dentro, parece que as portas se fecharam com tanta pressa que até os pés iam ficando de fora, entalados... Era tão lindo o céu!... Havia lá tantas rosas albardeiras!...

O Imaculado Coração de Maria
No dia de Santo Antônio, apareceram os primeiros peregrinos na casa de Lúcia. Tendo voltado da missa em Fátima, Lúcia foi com os primos e os peregrinos até a Cova da Iria. Naquele dia havia 50 pessoas, algumas vindas de longe, para presenciar o momento da aparição. Ainda não era meio-dia quando chegaram e as pessoas se espalharam pelo lugar à sombra da grande azinheira, abrindo cestos com comida. Uma moça começou a recitar em voz alta umas orações de um livro de piedade. Rezaram então um terço e, ao iniciarem a ladainha Lúcia interrompeu, dizendo que não haveria tempo. Logo exclamou:

- Jacinta! Já lá vem Nossa Senhora, que já deu o relâmpago!

Todos os três correram para a azinheira pequena, com o povo atrás em círculo, ajoelhado sobre as moitas e os tojos. Lúcia levantou as mãos como em oração e perguntou:

- Vossemecê mandou-me vir aqui, faça o favor de dizer o que me quer.

«Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias, e que aprendais a ler. Depois direi o que quero.»

Lúcia pediu-lhe a cura de um doente.

«Se se converter, curar-se-á durante o ano.»

- Queria pedir-lhe para nos levar para o céu.

«Sim; Eu levarei em breve a Jacinta e o Francisco para o Céu. Mas tu ficarás cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.»

- Fico cá sozinha?

«Não, filha. E tu sofres muito com isso? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O Meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.»

Dizendo essas palavras, abriu as mãos como da outra vez, comunicando-lhes um feixe de luz vivíssima que os envolveu como num lago de ouro. Era como se estivessem submergidos em Deus. Jacinta e Francisco pareciam estar na parte dessa luz que se elevava para o Céu, e Lúcia na que se espargia sobre a terra. Nossa Senhora tinha sobre a palma da mão direita um Coração cercado de espinhos que penetravam nele, fazendo-o sangrar horrivelmente. Era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, a pedir reparação.

Desvanecida essa revelação, a Virgem voltou para o Céu na direção do nascente. Algumas pessoas mais próximas notaram que os rebentos no topo da azinheira se inclinavam na mesma direção, como se as vestes da Senhora os tivessem arrastado.

A mãe de Lúcia, no dia seguinte, levou-a até Fátima para que desmentisse toda a história das aparições ao Prior. Este, porém, acolheu a menina com amabilidade e acreditou que realmente algo estivesse acontecendo. No entanto, para grande espanto de Lúcia, sugeriu que tudo poderia ser uma enganação do demônio. Jacinta e Francisco tratavam de dissuadi-la de crer nessa possibilidade, mas Lúcia cada vez mais se decidia a não ir à Cova no mês seguinte.

A visão do inferno
Maria Rosa, mãe de Lúcia, sentiu-se aliviada quando, no dia 13 de julho, percebeu que sua caçula não pretendia levar o rebanho à Cova da Iria. Mas quando chegou a hora, Lúcia sentiu-se subitamente impelida e correu à casa dos tios, em busca dos primos, para irem ao encontro da Senhora. Densa multidão já se aglomerava no local, pois os fatos do mês anterior haviam corrido de boca em boca. Cerca de 2 ou 3 mil pessoas, devotas ou curiosas, lá estavam ao redor das crianças, que rezavam o terço. Tio Marto, pai de Jacinta e Francisco, também estava lá; inesperadamente, encontrou ali também sua esposa, Olímpia. É que, tendo ouvido a conversa dos três pequenos, ela havia ido até Maria Rosa e ambas se dirigiram para a Cova, munidas de velas bentas para exorcisar o espírito maligno que se manifestasse a seus filhos.

Era já o meio-dia solar. Estavam ainda rezando o terço quando Lúcia, muito pálida, olhou para o nascente e gritou:

- Fechem os chapéus! Fechem os chapéus que já aí vem Nossa Senhora!

A mesma nuvenzinha acinzentada apareceu pairando sobre a azinheira, leve e transparente. O sol amainou e começou uma aragem muito fresca, mal se percebendo que era pleno verão. No silêncio profundo, apenas as pessoas mais próximas dos videntes conseguiam ouvir como um zumbido vindo da azinheira, mas sem distinguir as palavras da Senhora.

- Vossemecê que me quer?

«Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.»

- Queria pedir-lhe para nos dizer quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.

«Continuem a vir aqui todos os meses. Em outubro direi quem sou, o que quero, e farei um milagre que todos hão de ver para acreditar.»

Lúcia então pensou em alguns pedidos que várias pessoas lhe haviam feito. Um deles foi pela cura do filho de Maria Carreira, que desde a segunda aparição acompanhava as crianças. Nossa Senhora disse que não o curaria, mas lhe daria meios de vida se rezasse o terço todos os dias. E acrescentou:

«Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: "Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria".»


Conta Lúcia: «ao dizer estas últimas palavras, a Senhora abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados. 

O reflexo pareceu penetrar na terra, e vimos como um mar de fogo, os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados como caem as fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizavam e faziam estremecer de pavor. 

Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerozas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes, como negros carvões em brasa.»

As crianças ficaram tão atemorizadas que recearam estar a ponto de morrer, como se não lhes tivesse sido dito que as três iriam para o Céu. Ergueram os olhos em súplica desesperada para a Senhora que os contemplava com melancólica ternura.

«Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior.

Quando vierdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo pelos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre.

Para o impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.

Em Portugal, conservar-se-á sempre o dogma da Fé.»

Continua Lúcia, em relato do Terceiro Segredo, como divulgado em 26 de junho do ano 2000:

«vimos ao lado de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que parecia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! 

E vimos n'uma luz emensa que é Deus: "algo semelhante a como se vêm as pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante" um Bispo vestido de Branco "tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre". Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com casca; 

o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns atrás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n'eles recolhiam o sangue dos Martires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus.»

Disse então Nossa Senhora:

«Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo.

Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem”.»

Seguiu-se um momento de silêncio. Então Lúcia perguntou:

- Vossemecê não me quer mais nada?

«Não, hoje não te quero mais nada.»

Com um último olhar cheio de afeto, a Senhora elevou-se em direção ao nascente até desaparecer. Logo começaram a interpelar as crianças, que ainda estavam aturdidas:

- Ó Lúcia, que te disse Nossa Senhora que ficaste tão triste?

- É um segredo.

- E é coisa boa?

- Para uns é boa, para outros é má.

- E não o dizes?

- Não, senhor, não o posso dizer.

Por esse tempo já parecia não haver ninguém em Portugal que não soubesse das notícias de Fátima. Os jornais católicos faziam referência aos fatos com grande prudência. A imprensa anticlerical acusava os padres de inventarem tudo, para recuperar o prestígio da Igreja.

Enquanto isso, Lúcia sofria em casa as conseqüências da destruição que o povo causava nas plantações da Cova da Iria. No local já não se podia cultivar coisa alguma.

- Tu, agora, quando quiseres comer, vais pedi-lo a essa Senhora! - diziam à menina, que muitas vezes nem ousava pedir um pedaço de pão, indo dormir com fome.

Mas Lúcia jamais se revoltou contra a oposição que sofria da família, particularmente da mãe. Tudo via como cumprimento do que o Anjo lhe havia dito, a respeito de aceitar os sofrimentos que Deus lhes enviaria. Além disso, foi inúmeras vezes levada à presença do pároco para interrogatórios, para que, quebrada sua teimosia, admitisse que toda essa história não passava de mentira. Mas o bom padre não encontrava contradição alguma nas palavras da pequena, e abanava a cabeça sem saber o que fazer a respeito de tudo aquilo.

Somente no campo, com os priminhos, é que tinha um pouco de paz. Mesmo assim, suas conversas agora eram melancólicas, marcadas pelas revelações espantosas do dia 13 de julho. Rezavam e faziam penitências pelos pobres pecadores. Jacinta não se comprazia com a promessa de que iria para o Céu: queria que todos também lá fossem. E dizia:

- Penso no inferno e nos pobres pecadores... O inferno! O inferno!... Que pena eu tenho das almas que vão para o inferno. E as pessoas lá vivas a arder como lenha no fogo!... Ó Lúcia, por que será que Nossa Senhora não mostra o inferno aos pecadores? Se eles o vissem, já não faziam mais pecados para não irem para lá. Hás de dizer àquela Senhora que mostre o inferno a toda aquela gente. Verás como se convertem.

De vez em quando Jacinta interrompia sua oração para perguntar:

- Ó Lúcia, ó Francisco, vocês estão a rezar comigo?... É preciso rezar muito para livrar as almas do inferno... Vão para lá tantas, tantas!...

E rezavam pelos pecadores que não rezam. Pela conversão dos pecadores, deixavam muitas vezes de beber água e não comiam. Por sua vez, Francisco parecia menos abalado com as revelações do inferno e das futuras atribulações da humanidade. Freqüentemente exclamava, arrebatado:

- Como é Deus!!! Não se pode dizer! Isto sim, que a gente nunca pode dizer! Mas que pena Ele estar tão triste! Se eu O pudesse consolar!...

Visões e o seqüestro
Em agosto, Jacinta começou a ter visões proféticas. Certo dia, tendo terminado de rezar com o irmão e a prima no Cabeço, levantou-se e disse a Lúcia:

- Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente a chorar com fome e sem nada para comer? E o Santo Padre numa igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com ele?

Nas visões de Jacinta sempre havia coisas sobre o Papa (embora não soubesse qual Papa), e ela ficava tão perturbada, que queria contar a todos, para que assim rezassem constantemente por ele.

- Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente?

- Não! - respondia Lúcia. Não vês que isso faz parte do segredo? E que por aí logo se descobria?

Mais uma vez, estando os três à beira do poço, Jacinta fitava o espaço e então disse a Lúcia:

- Não viste o Santo Padre?

- Não!

- Não sei como foi! Eu vi o Santo Padre numa casa muito grande, de joelhos, diante de uma mesa, com as mãos na cara, a chorar. Fora da casa estava muita gente e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feitas. Coitadinho do Santo Padre! Temos que pedir muito por ele!

Ao mesmo tempo, tanto a família como os curiosos atormentavam as crianças:

- Ainda por aqui, ainda não foste para o Céu?

- E a tal mulherzica já veio outra vez passear por cima das azinheiras?

- Achas que acredito nas tuas mentiras?

Também os sacerdotes as afligiam, e muito. Porém, de vez em quando aparecia algum que os ensinava, animando-os e confortando-os. Um deles disse a Lúcia:

- A menina deve amar muito a Nosso Senhor por tantas graças e benefícios que lhe está concedendo.

Estas palavras, ditas com tanta bondade, gravaram-se tão intimamente na sua alma, que a pequena dizia repetidas vezes, ensinando também aos priminhos:

- Meu Deus, eu Vos amo em agradecimento pelas graças que me tendes concedido.

Marcante para eles foi o aparecimento de Padre Cruz, que conversou longamente com as três crianças, ensinando-lhes muitas jaculatórias, tais como:

- Ó meu Jesus, eu Vos amo!

- Doce Coração de Maria, sede a minha salvação!

Dizia Jacinta:

- Gosto tanto de dizer a Jesus que o amo!... Quando lhe digo muitas vezes, parece que tenho um lume no peito, mas não queima. Gosto tanto de Nosso Senhor e de Nossa Senhora, que nunca me canso de Lhes dizer que os amo!

Mas, enquanto isso, o governo anticlerical via os três confidentes de Nossa Senhora como perturbadores da ordem pública.

No dia 11 de agosto, Lúcia foi com o tio e o pai para Ourém, onde foram inquiridos pelo administrador. No dia seguinte, um domingo, já se avolumava o povo em Aljustrel, à espera da aparição do mês. Ao entardecer, três homens vindos de Ourém interrogaram acidamente as crianças, ameaçando-as de morte caso insistissem em guardar silêncio sobre o segredo. Na manhã do dia 13, o próprio administrador apareceu na casa de tio Marto, dizendo desejar ir até o local do milagre. Colocou as crianças em seu carro, para levá-las à Cova da Iria; disse que poderiam passar antes em Fátima, para o Prior fazer-lhes algumas perguntas. Foi assim realmente, porém, partindo da casa do Prior, a carruagem fez uma curva na direção oposta: estavam indo para Ourém!

Enquanto isso, na Cova da Iria os peregrinos que rezavam o terço ouviram um murmúrio e um ruído como de trovão; viram um relampejar de luz e uma nuvenzinha frágil vindo do leste, branca e transparente, que flutuou e pousou levemente sobre a azinheira. Maravilhados e surpreendidos, muitos observaram que o rosto das pessoas parecia brilhar com as cores do arco-íris e as roupas ficaram manchadas de vermelho, amarelo, azul e alaranjado. A folhagem das árvores e arbustos parecia coberta de flores brilhantes, em vez de folhas, e até a terra seca estava coberta de cores alegres. A Senhora viera, sem dúvida. Mas não encontrou as crianças. Pouco depois, a nuvenzinha se elevou novamente e se dissipou no céu.

Em Ourém, o administrador interrogou os três pastorinhos, mandando-os depois encarcerar na mesma cela dos presos. Assustados com a situação, desapontados por não terem podido ir à Cova, tristes com a expectativa da Senhora não mais lhes aparecer, ofereciam todo esse sofrimento a Deus, em espírito de reparação. Rezaram um terço, acompanhados pelos prisioneiros, e chegaram a brincar um pouco com eles, até que foram chamados novamente à presença do administrador. Ameaçados de serem jogados num caldeirão de azeite quente, nem assim as crianças abriram a boca para revelar o segredo da Senhora. Os três passaram a noite na casa do administrador. No dia seguinte, depois de mais um interrogatório frustrado, foram levados de volta a Fátima.

Antes de irem para casa, os pastorinhos foram ao local das aparições para rezar o terço diante da árvore. Causou pena ver o estado da azinheira, com mais galhos do que folhas. Perto dela estava uma mesa com dois castiçais e algumas flores, levadas para ali no dia 13 por Maria Carreira. Muitas pessoas haviam lançado sobre essa mesa algumas moedas, cuja aplicação Lúcia ficou de perguntar à Senhora em 13 de setembro.

Nos Valinhos
No domingo seguinte, dia 19 de agosto à tarde, Lúcia, Francisco e o irmão João foram levar as ovelhas para uma fazenda do tio de Lúcia: os Valinhos. Eram mais ou menos quatro horas da tarde quando Lúcia começou a notar que a temperatura refrescava, o sol se amainava, e então surgiu o relâmpago. Também a irmã de Lúcia, Teresa, e seu marido, que estavam para entrar em Fátima, perceberam nesse momento as mesmas coisas que se viram no dia 13 na Cova da Iria. Ao sentir que Nossa Senhora vinha, e Jacinta não estava no local, exclamou para o primo:

- Ó João, vai buscar a Jacinta depressa que vem lá Nossa Senhora!

Como o rapaz não quisesse ir, na intenção de ficar e ver também a Senhora, Lúcia lhe prometeu dois vinténs para que fosse a toda pressa. Quando deu o segundo relâmpago, Jacinta chegava com João. Momentos depois, aparecia a Senhora sobre uma azinheira.

- Que é que Vossemecê me quer? - perguntou Lúcia, como das outras vezes.

«Quero que continueis a ir à Cova da Iria, no dia 13, e que continueis a rezar o terço todos os dias.»

Novamente, Lúcia pediu que Ela fizesse um milagre para todos acreditarem.

«Sim. No último mês, em outubro, farei um milagre para que todos creiam nas minhas aparições. Se não vos tivessem levado à aldeia, o milagre seria mais grandioso. Virá São José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo. Virá também Nosso Senhor para abençoar o povo. Virá ainda Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Dores.»

- Que é que Vossemecê quer que se faça do dinheiro e das outras ofertas que o povo deixa na Cova da Iria?

«Façam-se dois andores; um leva-o tu com a Jacinta e outras duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para ajuda de uma capela que hão de mandar fazer.»

- Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes.

«Sim; curarei alguns durante o ano.»

Ela fez uma pausa e continuou, depois, muito triste:

«Rezai, rezai muito, e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.»

Então, como das outras vezes, foi se elevando até sumir em direção ao nascente. As crianças ficaram cheias de júbilo, depois de tantas desilusões e vexames sofridos. Quando saíram do êxtase e se sentiram capazes de se mover, cortaram alguns galhos da árvore em que Nossa Senhora havia pisado, levando-os para casa. Jacinta foi logo dizendo:

- Ó tia, vimos outra vez Nossa Senhora!... Nos Valinhos!

- Ai, Jacinta! Sempre vocês me saíram uns mentirosos! Nem que Nossa Senhora lhe vá aparecer agora em toda parte por onde vocês andam!...

Mas a extraordinária fragrância dos galhos da azinheira dos Valinhos foi, para as famílias dos videntes, um sinal de que alguma coisa singular realmente estava acontecendo.

O tempo todo as três crianças dedicavam à oração e a imaginar que mortificações poderiam praticar pela conversão dos pecadores. No mês de agosto, de maior seca, chegaram a ficar nove dias sem beber água. Em lugar de comer as frutas doces que os pais lhes davam, comiam ervas do campo e pinhas verdes. Tendo encontrado uma corda áspera no caminho para Aljustrel, os três a repartiram para usar na cintura como um silício, dia e noite.

Eram claros os sinais de que essas penitências agradavam a Deus. Particularmente, Jacinta agora era mais paciente, carinhosa, e aberta aos sofrimentos. Teve muitas visões sobre coisas futuras. Certo dia, rezou três Ave-Marias por uma mulher muito doente, e todos os sintomas da doença desapareceram. Por outra mulher, que os injuriava chamando-as de impostoras e mentirosas, Jacinta pediu que os três fizessem muitas penitências para que se convertesse; e de fato, nunca mais a ouviram dizer uma palavra menos bondosa.

Vinte mil peregrinos na Cova da Iria
O número de devotos de Nossa Senhora de Fátima ia aumentando dia a dia.

Na Cova da Iria, os devotos se comportavam como se estivessem na igreja, ajoelhando-se quando lhes era possível, e os homens descobriam a cabeça para rezar. Com grande dificuldade, as crianças passaram pela multidão para chegar ao pé da azinheira. No caminho, gente do povo e até senhoras e cavalheiros caíam de joelhos diante deles, pedindo-lhes que apresentassem à Senhora suas aflições.

- Pelo amor de Deus, peçam a Nossa Senhora que me cure o meu filho que é aleijadinho!

- Que me cure o meu que é cego!

- O meu que é surdo!

- Que me traga meu marido, meu filho, que anda na guerra.

- Que me converta um pecador!

- Que me dê saúde que estou tuberculoso!...

Ali apareciam todas as misérias da pobre humanidade. Alguns gritavam até do alto das árvores e muros, para onde subiam a fim de ver os videntes. E as crianças haviam apenas visto a Mãe do Salvador. Como não terá sido nos caminhos de Israel, quando Nosso Senhor andava pelo mundo?

Chegados à azinheira milagrosa, Lúcia começa o terço, e toda a gente a segue na oração. Agora a Cova da Iria transformava-se num grande templo cuja abóbada era o Céu.

Dá-se o relâmpago. Um globo luminoso que todo o povo vê, move-se do nascente para o poente, deslizando lento e majestoso. Acontece então uma chuva de pétalas coloridas, que desaparecem antes de chegar ao chão; o sol escurece a ponto de deixar ver as estrelas; uma aragem fresca suaviza os rostos escaldados. Tudo causa assombro e alegria. De todos os lados se ouvem brados de louvor à Virgem Santíssima, que mais uma vez vem manifestar seu poder e misericórdia.

- Que é que Vossemecê me quer?

«Continuem a rezar o terço a Nossa Senhora do Rosário, todos os dias, para alcançarem o fim da guerra.»

E novamente recomenda que não faltem no dia 13 de outubro, em que virá São José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo, Nosso Senhor para abençoar o povo, Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora do Carmo. Depois de um curto silêncio, a Senhora acrescenta:

«Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia.»

Desse modo, foi corrigido o excesso de mortificação ao qual as crianças se submetiam.

- As pessoas me têm pedido para pedir muitas coisas. Esta pequena é surda-muda. Não a quer curar? - e Lúcia acrescenta os muitos outros pedidos de que se lembrava.

«Alguns curarei, outros não, porque Nosso Senhor não se fia neles.»

- O povo gostava de ter aqui uma Capela.

«Empreguem metade do dinheiro, que até hoje têm recebido, nos andores, e sobre um deles ponham Nossa Senhora do Rosário, a outra parte será destinada a ajudar a construção duma Capela.»

- Há muitos que dizem que eu sou uma intrujona, que merecia ser enforcada ou queimada. Faça um milagre para que todos creiam!

«Sim, em outubro farei um milagre para que todos acreditem.»

- Umas pessoas deram-me duas cartas para Vossemecê e um frasco de água de colônia.

«Isso de nada serve para o Céu.»

E começou a elevar-se até desaparecer. Parte da multidão viu novamente o globo nevado.

O Milagre do Sol
Em todo o país de Portugal se falava nas Aparições de Fátima e sobretudo no milagre esperado em outubro. Os inimigos da Igreja se riam dessa profecia e dos simplórios que acreditavam nela. Não podendo deixar de cobrir tal notícia, o jornalista Avelino de Almeida, o mais conceituado de Portugal na época, escrevia na edição de 13 de outubro do jornal O Século:

Que não se ofendam as almas piedosas nem se assustem os corações crentes e puros (...) Este é apenas um artigo de jornal sobre um acontecimento que não é novidade na história do catolicismo... Alguns o encaram como uma mensagem do céu e da graça. Outros vêem nele a prova evidente de que o espírito de superstição e de fanatismo lançou raízes tão profundas que será difícil, se não de todo impossível, destruí-lo. (...) Segundo o que afirmam as crianças, a Virgem aparece sobre uma azinheira, rodeada de uma nuvem por todos os lados. É tão poderosa a sugestão coletiva, ali causada pelo sobrenatural e mantida por uma força sobre-humana, que os olhos se enchem de lágrimas, as faces se tornam pálidas como cadáveres, homens e mulheres caem de joelhos, cantando hinos e rezando juntos o terço."

Em Fátima e Aljustrel, onde menos se dava fé às palavras dos pastorinhos videntes, reinava um verdadeiro pavor: temia-se que, não acontecendo o tal milagre prometido, o povo lhes queimasse as casas e os matasse. A mãe de Lúcia acordou-a no dia 12, mal nascido o sol:

- Ó Lúcia, é melhor irmos à confissão. Dizem que havemos de morrer amanhã na Cova da Iria... Se a Senhora não faz o Milagre, o povo mata-nos. Portanto é melhor que nos confessemos, a fim de estarmos preparadas para a morte...

Mas Lúcia respondia com toda a calma:

- Se a mãe quer se confessar, eu vou também; mas não por este motivo. Não tenho medo que nos matem. Estou certíssima que a Senhora há de fazer amanhã tudo o que prometeu.

O dia 13 de outubro amanheceu com uma chuva torrencial. Havia cerca de 70 mil pessoas na Cova da Iria. Pelo caminho, como no mês anterior, muitos se aproximavam dos pastorinhos pedindo graças e curas. A água da chuva escorria por suas roupas, e as pessoas enlameadas até os joelhos cantavam hinos. Um dos padres que passara a noite toda na chuva e na lama, de tempos em tempos consultava nervosamente o relógio. Ao aproximar-se a hora da aparição, todo o povo rezava o terço, até que Lúcia, impulsivamente, disse que fechassem os guarda-chuvas. E, apesar da chuva que ainda caía, um por um os presentes obedeceram. O padre olhou novamente para o relógio depois de alguns instantes e disse:

- Já passou do meio-dia. Fora com tudo isto! É tudo uma ilusão!

Começou a empurrar os três pequenos videntes com as mãos e Lúcia, quase a chorar, recusou-se a sair do lugar.

- Quem quiser ir-se embora, que se vá, que eu não vou! Nossa Senhora disse que vinha. Veio das outras vezes e agora também há de vir.

Já se ouviam queixas e murmúrios de desapontamento entre os presentes, quando Lúcia olhou para o nascente e disse a Jacinta:

- Ó Jacinta, ajoelha-te que já lá vem Nossa Senhora! Já vi o relâmpago.

- Vê bem, filha! Olha que não te enganes! - disse Maria Rosa. Mas Lúcia nem ouviu a recomendação. As pessoas mais próximas já notaram que suas feições se tornavam coradas e de uma beleza transparente. Olhava agora arrebatada para a Senhora.

- Que é que Vossemecê me quer?

«Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra. Sou a Senhora do Rosário. Que continuem a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.»

- Tenho muitas coisas para lhe pedir: se curava uns doentes, se convertia uns pecadores...

«Uns, sim; outros, não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.»

E o rosto da Senhora tomou um ar sério:

«Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido.»

- Não me queres mais nada?

«Não te quero mais nada.»

- E eu também não quero mais nada.

Despedindo-se, a Senhora abriu as mãos, como das outras vezes, e o brilho que delas saía subia até onde devia estar o sol. A multidão viu as nuvens se abrirem e o sol aparecer entre elas, no azul do céu, como um disco luminoso. Muitos ouviram Lúcia gritar:

- Olhem para o sol!

porém, ela estava em êxtase e não se recorda de ter dito isso, pois estava totalmente absorta em outras visões que se sucederam...

Conta Lúcia: "desaparecida Nossa Senhora na imensidade do firmamento, vimos ao lado do sol São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco com um manto azul. São José com o Menino pareciam abençoar o mundo, pois faziam com as mãos uns gestos em forma de cruz."

E somente Lúcia teve a visão seguinte: "Pouco depois, desvanecida essa aparição, vi Nosso Senhor e Nossa Senhora que me dava a idéia de ser Nossa Senhora das Dores. Nosso Senhor parecia abençoar o mundo da mesma forma que São José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo".

Enquanto isso, a multidão presenciava o milagre prometido por Nossa Senhora: o sol rompia as nuvens e, bem no zênite, na posição de meio-dia, brilhava como um disco de prata. Era possível realmente olhar para ele, sem que sua luz ofuscasse. Isso foi por um instante. Todos ainda olhavam para o sol, assombrados, quando ele começou a "dançar", segundo a descrição das pessoas: ele começou a girar sobre si mesmo, como uma bola de fogo, e então parou. Logo voltou a girar, mas velozmente. Ainda girando, suas bordas ficaram escarlates e começaram a lançar chamas por todo o céu, e com isso sua luz se refletia em tudo e em todos, com as diferentes cores do espectro solar. Ainda girando rapidamente, e espargindo chamas coloridas, por três vezes o sol pareceu desprender-se do céu e precipitar-se em zigue-zague sobre a multidão.

Muitos julgavam ser o fim do mundo, e as pessoas se ajoelhavam na lama pedindo perdão de seus pecados. Houve quem fizesse confissão pública em altos brados, e alguns dos que haviam ido até a Cova para fazer troça dos crédulos prostraram-se em terra entre soluços e orações desajeitadas. O fenômeno durou por uns dez minutos, e depois, elevando-se em zigue-zague, o sol voltou a sua posição normal e brilhante, ofuscando como o sol comum.

As pessoas se entreolhavam e diziam: "Milagre! Milagre! As crianças tinham razão! Nossa Senhora fez o milagre! Bendito seja Deus! Bendita seja Nossa Senhora!" Muitos riam, outros choravam de alegria, e houve quem notasse que suas roupas se haviam secado subitamente.

Soube-se que o fenômeno foi visto até a quarenta quilômetros de Fátima. Personalidades como o Prof. Almeida Garret e membros da nobreza de Portugal registraram seu testemunho. A imprensa anticlerical foi obrigada pelos fatos a noticiar o fenômeno. Escreveu o mesmo jornalista Avelino de Almeida, que esteve presente na Cova da Iria:

Carta a alguém que pede um testemunho insuspeito

(...) Foste um crente na tua juventude e deixaste de sê-lo. Pessoas de família arrastaram-te a Fátima, no vagalhão colossal daquele povo que ali se juntou a 13 de outubro. O teu racionalismo sofreu um formidável embate e queres estabelecer uma opinião segura socorrendo-te de depoimentos insuspeitos como o meu, pois que estive lá apenas no desempenho de uma missão bem difícil, tal a de relatar imparcialmente para um grande diário, O Século, os fatos que diante de mim se desenrolaram e tudo quanto de curioso e de elucidativo a eles se prendesse. Não ficará por satisfazer o teu desejo, mas decerto que os nossos olhos e os nossos ouvidos não viram nem ouviram coisas diversas, e que raros foram os que ficaram insensíveis à grandeza de semelhante espetáculo, único entre nós e de todo o ponto, digno de meditação e de estudo.

(...) Nas precedentes reuniões de fiéis, não faltou quem tivesse suposto ver singularidades astronômicas e atmosféricas que se tomaram como indício da imediata intervenção divina. Houve quem falasse de súbitos abaixamentos de temperatura, da cintilação de estrelas em pleno meio-dia e de nuvens lindas e jamais vistas em torno do sol. Houve quem repetisse e propalasse comovidamente que a Senhora recomendava penitência, que pretendia a ereção de uma capela naquele local, que em 13 de outubro manifestaria, por intermédio de uma prova sensível a todos, a infinita bondade e a onipotência de Deus...

(...) Vi que o desalento não invadiu as almas, que a confiança se conservou viva e ardente, a despeito das inesperadas contrariedades, que a compostura da multidão que superabundavam os campônios foi perfeita e que as crianças, no seu entender privilegiadas, tiveram a acolhê-las as demonstrações do mais intenso carinho por parte daquele povo que ajoelhou, se descobria e rezou a seu mandado ao aproximar-se a hora mística e suspirada do contato entre o céu e a terra...

E, quando já não imaginava que via alguma coisa mais impressionante do que essa rumurosa mas pacífica multidão animada pela mesma obsessiva idéia e movida pelo mesmo poderoso anseio, que vi eu ainda de verdadeiramente estranho na charneca de Fátima? A chuva, à hora prenunciada, deixar de cair; a densa massa de nuvens romper-se e o astro-rei -- disco de prata fosca -- em pleno zênite aparecer e começar dançando num bailado violento e convulso, que grande número de pessoas imaginava ser uma dança serpentina, tão belas e rutilantes cores revestia sucessivamente a superfície solar...

Milagre, como gritava o povo; fenômeno natural, como dizem sábios? Não curo agora de sabê-lo, mas apenas de te afirmar o que vi... O resto é com a Ciência e com a Igreja...

Era o fim glorioso das aparições de Fátima. Mas agora podia começar o trabalho de investigação oficial da Igreja e tornava-se ainda mais importante o testemunho dos pastorinhos.


 Nossa Senhora de Coromoto
Por Equipe LeiaMe em 11-Nov-09 12:06
(em edição!!!)

A imagem de Nossa Senhora de Coromoto, padroeira da Venezuela, está ligada aos primórdios da evangelização do país. Os fatos associados à sua origem falam também diretamente a cada país latino-americano.

Pelo fim de 1651 e inícios de 1652, uma Bela Senhora apareceu ao cacique da tribo Coromoto e à sua mulher. A Senhora envolta em luz disse na língua deles: “Ide à casa dos brancos, para que eles joguem água em vossas cabeças e assim possam ir para o Céu”.

A tribo obedeceu: abandonou a selva, recebeu a catequese, e um grande número de índios pediu o sacramento do Batismo se tornando católicos.

Entretanto, as tendências desregradas do cacique puxavam-no para voltar à vida selvagem. Os instintos desordenados levavam-no a achar que perdera a liberdade.

Concebeu, então, a idéia de fugir para a selva e afundar de novo nos vícios do paganismo. Quando estava para cometer esse projeto desvairado, na alvorada do 8 de setembro de 1652, a Bela Senhora voltou a aparecer para ele e sua mulher, além da cunhada Isabel e um filho dela.

O cacique, cegado pela ilusão da barbárie, pediu-lhe que o deixasse em paz. Disse-lhe que não iria mais obedecê-la. Nossa Senhora, então, entrou na choça sorrindo para os índios.

O cacique furioso pegou arco e flechas para matar a Nossa Senhora. Mas, Ela foi se aproximando e a armas caíram das mãos do selvagem.

O cacique não desistiu. Pegou a luminosa Senhora pelo braço para puxá-la fora da choça. Nessa hora, deu-se o milagre. A brilhante Senhora desapareceu deixando na mão do chefe da tribo sua diminuta imagem.

O cacique Coromoto ficou com o punho fechado, dizendo que a tinha pegado. Enorme foi seu espanto quando, por fim, abrindo a mão, encontrou uma imagenzinha de Nossa Senhora coroada segurando o Menino Jesus, tal como tinha aparecido.

Naquele instante começou uma grande história de favores e milagres, de devoção e expansão da fé na Venezuela. Em 1942 a Virgem de Coromoto foi proclamada Padroeira do país. Sua festa se comemora na mesma data da última aparição ao cacique: o 8 de setembro que é também dia da Natividade de Nossa Senhora.



Nossa Senhora de Guadalupe - México
Por Equipe LeiaMe em 15-Sep-09 14:44
Nossa Senhora de Guadalupe não é somente invocada como protetora das Américas, mas também das vocações, das famílias e dos nascituros.

Todos os escritos narrados sobre as quatro aparições de Nossa Senhora de Guadalupe são inspirados no Nican Mopohua, ou Huei Tlamahuitzoltica, escrito em Nahuatl, a linguagem Azteca, pelo índio erudito Antônio Valeriano em meados do século XVI. O que se divulga é uma cópia publicada em Nahuatl por Luis Lasso de la Vega em 1649.

As Aparições
Dez anos depois da tomada da Cidade do México, a guerra chegou ao fim e houve uma paz entre os povos. Desta maneira começou a brotar a fé, o conhecimento do Deus Verdadeiro, por quem nós vivemos. Neste tempo, no ano de mil quinhentos e trinta e um, nos primeiros dias do mês de dezembro, aconteceu que havia um pobre índio, chamado Juan Diego, inicialmente conhecido pelo nome nativo de Cuautitlan. No que diz respeito as coisas espirituais, ele pertencia ao Tlatilolco.

Era sábado de madrugada, pouco antes do amanhecer, ele estava em seu caminho, a seguir seu culto divino e empenhado em sua tarefa. Ao chegar no topo da montanha conhecida como Tepeyacac, o dia amanhecia e ele ouviu cantos acima da montanha, assemelhando-se a cantos de vários lindos pássaros. De vez em quando, as vozes cessavam e parecia que o monte lhes respondia.

O som, muito suave e deleitoso, sobrepassava do "coyoltototl" e do "tzinizcan" e de outros pássaros lindos que cantam. Juan Diego parou, olhou e disse para si mesmo: “Porventura, sou digno do que ouço? Será um sonho? Estou dormindo em pé? Onde estou? Será que estou agora em um paraíso terrestre de que os mais velhos nos falam a respeito? Ou quem sabe estou no céu?”. Ele estava olhando para o oriente, acima da montanha, de onde vinha o precioso canto celestial e então de repente houve um silêncio. Então, ouviu uma voz por cima da montanha dizendo:

«Juanito, Juan Dieguito.»

Ele com coragem foi onde o estavam chamando, não teve o mínimo de medo, pelo contrário, encorajou-se e subiu a montanha para ver. Quando alcançou o topo, viu uma Senhora, que estava parada e disse-lhe para se aproximar. Em Sua presença, ele maravilhou-se pela Sua grandeza sobrehumana. Seu vestido era radiante como o sol, o penhasco onde estavam Seus pés, penetrado com o brilho, assemelhava-se a uma pulseira de pedras preciosas e a terra cintilava como o arco-íris. As "mezquites", "nopales", e outras ervas daninhas que ali estavam, pareciam como esmeraldas, sua folhagem como turquesas e seus ramos e espinhos brilhavam como ouro. Ele inclinou-se diante Dela e ouviu Sua palavra, suave e cortês, como alguém que encanta e cativa muito. Ela disse-lhe:

«Juanito, o mais humilde dos meus filhos, onde estás indo?»

Ele respondeu: “Minha Senhora e Menina, eu tenho que chegar na Sua igreja no México, Tlatilolco, para seguir as coisas divinas, que nos dão e ensinam nossos sacerdotes, delegados de Nosso Senhor”. Ela então lhe disse:

«Sabe e entende, tu é o mais humilde dos meus filhos. Eu sou a Sempre Virgem Maria, Mãe do Deus Vivo por quem nós vivemos, do Criador de todas as coisas, Senhor do céu e da terra. Eu desejo que um templo seja construído aqui, rapidamente; então, Eu poderei mostrar todo o meu amor, compaixão, socorro e proteção, porque Eu sou vossa piedosa Mãe e de todos os habitantes desta terra e de todos os outros que me amam, invocam e confiam em mim.

Ouço todos os vossos lamentos e remedio todas as vossas misérias, aflições e dores. E para realizar o que a minha clemência pretende, vá ao palácio do Bispo do México e lhe diga que Eu manifesto o meu grande desejo, que aqui neste lugar seja construído um templo para mim. Tu dirás exatamente tudo que viste, admiraste e ouviste. Tem a certeza que ficarei muito agradecida e te recompensarei. Porque Eu te farei muito feliz e digno da minha recompensa, por causa do esforço e fadiga que terás para cumprir o que Eu te ordeno e confio. Observa, tu ouviste minha ordem, meu humilde filho, vai e coloca todo teu esforço.»

Neste ponto ele inclinou-se diante Dela e disse: “Minha Senhora, Eu estou indo cumprir Tua ordem, agora me despeço de Ti, Teu humilde servo”. Logo desceu para cumprir sua tarefa e foi em linha reta pela estrada, até a Cidade do México.

Tendo entrado na cidade, sem perder tempo, foi direto ao palácio do Bispo, que chegara recentemente e se chamava Frei Juan de Zumarraga, um religioso Franciscano. Ao chegar, procurou vê-lo, pediu ao criado para anunciá-lo. Esperou muito tempo. Quando entrou, se ajoelhou e disse ao Bispo a mensagem da Nossa Senhora do Céu, bem como tudo que havia visto, escutado e admirado. Porém, após ouvir toda a conversa, o Bispo incrédulo disse-lhe:

“Volte depois, meu filho e eu lhe ouvirei com muito prazer. Eu examinarei tudo e pensarei no motivo pelo qual você veio”. Juan Diego saiu triste, porque sua mensagem não se realizou de forma alguma.

Retornou no mesmo dia. Foi diretamente ao topo da montanha, encontrou-se com a Senhora do Céu, que o esperava no mesmo lugar, onde tinha aparecido. Vendo-A, prostrou-se diante Dela e disse: “Senhora, a Caçulinha de minhas filhas, minha Menina, eu fui onde me mandaste para levar Tua mensagem, como me havias instruído. Ele recebeu-me benevolentemente e ouviu-me atentamente, mas quando respondeu, pareceu-me não acreditar. Ele disse: "Volte depois, meu filho e eu o ouvirei com muito prazer. Examinarei o desejo que você trouxe, da parte da Senhora". Entendo pelo seu modo de falar, que não acredita em mim e que seja invenção da minha parte, o Teu desejo de construção de um templo neste lugar para Ti. E que isso não é Tua ordem.

Por isso eu, encarecidamente Te peço, Senhora e minha Criança, que instrua a alguém mais importante, bem conhecido, respeitado e estimado para que acreditem. Porque eu não sou ninguém, sou um barbantinho, uma escadinha de mão, o fim da cauda, uma folha. E Tu, minha Criança, a minha filhinha caçula, minha Senhora, envias-me a um lugar onde eu nunca estive! Por favor, perdoa o grande pesar e aborrecimento causado, minha Senhora e meu Tudo.”

A Virgem Santíssima respondeu:

«Escuta, meu filho caçula, deves entender que eu tenho vários servos e mensageiros, aos quais Eu posso encarregar de levar a mensagem e executarem o meu desejo, mas eu quero que tu mesmo o faças. Eu fervorosamente imploro, meu caçula, e com severidade Eu ordeno que voltes novamente amanhã ao Bispo. Tu vais em meu Nome e faze saber meu desejo: que ele inicie a construção do templo como Eu pedi. E novamente dize que Eu, pessoalmente, a Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus Vivo, te ordenei.»

Juan Diego respondeu: “Senhora, minha Criança, não deixes que eu Te cause aflição. Alegremente e de bom grado eu irei cumprir Tua ordem. De nenhuma maneira irei falhar e não será penoso o caminho. Irei realizar Teu desejo, mas acho que não serei ouvido, ou se for, não acreditarão. Amanhã ao entardecer, trarei o resultado da Tua mensagem com a resposta do Bispo. Descansa neste meio tempo”. Ele, então, foi para sua casa.

No dia seguinte, domingo, antes do amanhecer, ele deixou sua casa e foi direto ao Tlatilolco, para ser instruído em coisas divinas, e em seguida estar presente a tempo para ver o Bispo. Por volta das 10 horas, estando em cima da hora, após participar da Missa e o povo ter dispersado, ele apressadamente se foi. Pontualmente, Juan Diego foi ao palácio do Bispo. Mal chegou, ansioso já estava para tentar vê-lo. E novamente com muita dificuldade, o Bispo estava à sua frente.

Ajoelhou-se diante de seus pés, entristecidamente e chorando, expôs a ordem de Nossa Senhora do Céu, e que por Deus, acreditasse em sua mensagem, de que o desejo da Imaculada de erguer um templo onde Ela queria, fosse realizado. O Bispo para assegurar-se, fez várias perguntas, onde ele A tinha visto e como Ela era.

E ele descreveu perfeitamente em detalhes ao Bispo. Apesar da precisa descrição de Sua imagem, e tudo que ele tinha visto e admirado, que em tudo refletia ser a Sempre Virgem Santíssima Mãe do Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bispo não deu crédito e disse que somente pela sua súplica, não atenderia o seu pedido, que aliás, um sinal era necessário; só então acreditaria, ser ele enviado pela verdadeira Senhora do Céu. Após ouvir o Bispo, disse Juan Diego:

“Meu senhor, escuta! Qual deve ser o sinal que o senhor quer? Para eu pedir a Senhora do Céu que me enviou aqui”. O Bispo, vendo que ele ratificava tudo sem duvidar, nem retratar nada, o despediu. Imediatamente, ordenou algumas pessoas de sua casa, e de inteira confiança, para segui-lo e olhar onde ele ia, a quem ele via e falava. E assim foi feito. Juan Diego veio direto pela estrada. Aqueles que o seguiam, após cruzarem o barranco perto da ponte do Tepeyacac, perderam-no de vista.

Eles procuraram por todos os lugares, mas não puderam mais vê-lo. Retornaram com muita raiva, não somente porque estavam aborrecidos, mas também por ficarem impedidos do objetivo. E o que eles informaram ao Bispo, o influenciou a não acreditar em Juan Diego. Eles lhe disseram que foi enganado. Juan Diego apenas forjou o que veio dizer, e a sua mensagem e pedido não passava simplesmente de um sonho. Eles então arquitetaram um plano, que se ele de alguma forma voltasse, eles o prenderiam e o puniriam com severidade e de tal forma que ele jamais mentiria ou enganaria novamente.

Entretanto, Juan Diego estava com a Virgem Santíssima, contando-lhe a resposta que trazia do senhor Bispo. A Senhora, após ouvir, disse-lhe:

«Muito bem, meu querido filhinho, retornarás aqui amanhã, então levarás ao Bispo o sinal por ele pedido. Com isso ele irá acreditar em ti, e a este respeito, ele não mais duvidará nem desconfiará de ti, e sabe, meu querido filhinho, Eu te recompensarei pelo teu cuidado, esforço e fadiga gastos em Meu favor. Vai agora. Espero por ti aqui amanhã.»

No outro dia, segunda-feira, quando Juan Diego teria que levar um sinal pelo qual então acreditariam, ele não pôde ir porque, ao chegar em casa, seu tio chamado Juan Bernardino, estava doente e em estado grave. Primeiro foi chamar um médico que o auxiliou, mas era tarde, e o estado de seu tio era muito grave. Por toda a noite seu tio pediu que, ao amanhecer, ele fosse ao Tlatilolco e chamasse um sacerdote, para prepará-lo e ouvi-lo em confissão, porque certamente sua hora havia chegado, pois não mais levantaria ou melhoraria de sua enfermidade.

Na terça-feira, antes do amanhecer, Juan Diego ia de sua casa ao Tlatilolco para chamar o sacerdote, e ao aproximar-se da estrada que liga a ladeira ao topo do Tepeyacac, em direção ao oeste onde estava acostumado a passar, disse: “Se eu seguir adiante, a Senhora estará esperando-me, e eu terei que parar e levar o sinal ao Bispo, como pressuponho.

A primeira coisa que devemos fazer apressadamente, é chamar o sacerdote, porque meu pobre tio certamente o espera.” Então, contornou a montanha, deu várias voltas, de forma que não poderia ser visto por Ela, que pode ver todos os lugares. Mas, ele A viu descer do topo da montanha e estava olhando na direção onde eles anteriormente se encontraram. Ela aproximou-se dele pelo outro lado da montanha e disse:

«O que há, meu caçula? Onde você está indo?»

Ele estava afligido, envergonhado, ou assustado? Ele inclinou-se diante dela e A saudou dizendo: “Minha Criança, a mais meiga de minhas filhas, senhora, Deus permita que estejas contente. Como estás nesta manhã? Estás bem de saúde? Senhora e minha Criança. Vou te causar um pesar. Sabe, minha Criança, um de Teus servos está muito doente, meu tio.

Ele contraiu uma peste, e está perto de morrer. Eu estou indo depressa à Tua casa no México para chamar um de Teus sacerdotes, querido pelo Nosso Senhor, para ouvir sua confissão e absolvê-lo, porque desde que nós nascemos, aguardamos o trabalho de nossa morte. De forma que, se eu for, retornarei aqui brevemente, então levarei Tua mensagem. Senhora e minha Criança, perdoa-me, sê paciente comigo. Eu não Te enganarei, minha Caçula. Amanhã eu voltarei o mais rápido possível.”

Depois de ouvir toda a conversa de Juan Diego, a Santíssima Virgem respondeu:

«Escuta-Me e entende bem, meu caçula, nada deve te amedrontar ou te afligir. Não deixes teu coração perturbado. Não temas esta ou qualquer outra enfermidade, ou angústia. Eu não estou aqui? Quem é tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção? Eu não sou tua saúde? Não estás feliz com o meu abraço? O que mais podes querer? Não temas nem te perturbes com qualquer outra coisa. Não te aflijas por esta enfermidade de teu tio, por causa disso, ele não morrerá agora. Tem a certeza de que ele já está curado.»

(E então, seu tio foi curado, como mais tarde se soube.)

A imagem de Guadalupe
Quando Juan Diego ouviu estas palavras da Senhora do Céu, ele ficou enormemente consolado. Estava feliz. Prometeu que, quanto antes, estaria na presença do Bispo, para levar o sinal ou prova, a fim de que cresse. A Senhora do Céu ordenou que subisse ao topo da montanha, onde eles anteriormente haviam se encontrado. Ela lhe disse:

«Sobe, meu caçula, ao topo da montanha; lá onde Me viste e te dei a ordem, encontrarás diferentes flores. Corta-as, junta-as, então volta aqui e traze-as em minha presença.»

Imediatamente Juan Diego subiu a montanha, e quando atingiu o topo, ele espantou-se pela variedade de esquisitas rosas de Castilha que haviam brotado bem antes do tempo, porque, estando fora da época, deveriam estar congeladas. Elas estavam muito fragrantes e cobertas com o orvalho da noite, assemelhando-se a pérolas preciosas.

Imediatamente ele começou a cortá-las. Recolheu todas e colocou-as em seu tilma. O topo da montanha era um lugar impossível de nascer qualquer tipo de flor, porque havia vários penhascos, cardos, espinhos e ervas daninhas. Ocasionalmente as ervas cresceriam, mas era mês de dezembro, na qual toda vegetação é destruída pelo frio. Ele voltou imediatamente e entregou as diferentes rosas que havia cortado para a Senhora do Céu, que ao vê-las, tocou-as com suas mãos e de novo colocou-as de volta no tilma, dizendo:

«Meu caçula, esta variedade de rosas é a prova e sinal que levarás ao Bispo. Tu irás dizer em meu nome que nelas ele verá o meu desejo e que deverá realizá-lo. Tu és meu embaixador, muito digno de confiança. Rigorosamente eu ordeno que apenas diante da presença do Bispo desenroles o manto e descubras o que estás carregando. Tu contarás tudo direito. Que Eu te ordenei a subir ao topo da montanha, e cortar estas flores, e tudo que viste e admiraste, então, tu podes induzir ao Bispo dar a sua ajuda, com o objetivo de que um templo seja construído e erguido como Eu tenho pedido.»

Depois que a Senhora do Céu deu seu aviso, ele se pôs a caminho pela estrada que dava diretamente ao México. Estava feliz e seguro de seu sucesso, carregando com grande carinho e cuidado o que continha dentro de seu tilma. De tal forma que nada poderia escapar de suas mãos, a não ser a maravilhosa fragrância das variadas e belas flores.

No palácio do Bispo, os serventes tentaram ver o que Juan Diego carregava. Com cuidado, ele descobriu o manto que escondia e eles puderam ver algumas flores; ao verem que eram rosas fora de época, ficaram impressionados, ainda mais por verem-nas frescas, tão fragrantes e belas. Estenderam a mão para as rosas, mas, ao tentar pegá-las, elas pareciam pintadas ou estampadas ou costuradas no tecido. Ao relatarem esse fato ao Bispo, ele compreendeu que Juan Diego carregava a prova desejada.

Ao ser admitido na presença do Bispo, Juan Diego contou o que havia visto e feito, renovando a mensagem de Nossa Senhora que pedia a construção de uma igreja no monte das aparições. Então, desdobrou seu manto, onde estavam as rosas; quando elas caíram ao chão, apareceu subitamente o desenho da preciosa imagem de Nossa Senhora, como ela é vista até hoje no templo de Tepeyacac, chamada Nossa Senhora de Guadalupe.

[ Fonte: http://www.sancta.org/moreninha.html ]

A figura no manto é cheia de sinais, entre palavras, imagens e símbolos. Aqui destacamos apenas alguns:

Nossa Senhora está diante de uma Luz Brilhante: os índios veneravam o deus sol. Ela está vestida de sol, o que mostra que Seu Deus é mais poderoso.
Manto Azul: azul era sinal de realeza, virgindade e a cor que as deusas vestiam. As estrelas no manto estão como no céu da noite de 12 de dezembro de 1531. Os índios viviam sob as estrelas e aqui Ela as veste, mostrando que Seu Deus é mais poderoso que as estrelas.

Cabeça curvada: na cultura indígena, os deuses e deusas olhavam diretamente nos olhos para mostrar seu poder e eram representados com olhos grandes. Maria, com Sua cabeça abaixada, mostra que não é um deus ou uma deusa, mas que há um poder maior acima dela.
Lua: os índios veneravam Quetzalcoatl (serpente de pedra), representado por uma lua encrespada. Os pés de Maria estão firmemente apoiados sobre a lua, simbolizando que Ela está esmagando o deus deles.
Coração nas costas da mão: o Coração Imaculado de Maria, como representamos, com chamas. Somente nas aparições de Guadalupe e Fátima esse sinal apareceu, o que mostra que são eventos relacionados.
Chave entre as mãos postas: a oração é a chave para o Céu

Outros sinais representam: o Espírito Santo; Abraão; os Reis Davi e Salomão; o profeta Daniel; a maternidade de Maria; Maria, Mãe de Deus; Natividade de Jesus; apresentação do Menino Jesus no Templo; a Última Ceia; um rosto de duas caras: Judas e o demônio; agonia de Jesus no Horto; flagelação de Jesus; a Cruz; a Sagrada Face.

[ Fonte: http://www.Apparitions.org/guadalupe.html ]

Por que “Guadalupe”?
A origem do nome Guadalupe (um nome espanhol) nas aparições do México sempre foi motivo de controvérsias, e muitas possíveis explicações têm sido dadas.

A razão mais provável é que o nome seja a passagem, do nahuatl para o espanhol, das palavras usadas pela Virgem durante Sua aparição a Juan Bernardino, o tio enfermo de Juan Diego. Acredita-se que Nossa Senhora tenha usado a palavra Azteca Nahuatl coatlaxopeuh — que é pronunciado "quatlasupe" e soa extremamente parecido com a palavra em espanhol Guadalupe. Coa siginifica "serpente"; tla, o artigo "a"; xopeuh significa "esmagar". Assim, Nossa Senhora deve ter chamado a si mesma como "Aquela que esmaga a serpente" — também numa referência ao deus Quetzalcoatl, ou serpente de pedra, ao qual os Aztecas costumavam oferecer sacrifícios humanos. Em 1487, devido a dedicação de um novo templo em tenochtilan, cerca de 80.000 cativos foram imolados em sacrifícios em uma só cerimônia que durou quatro dias.

Certamente, neste caso Nossa Senhora esmagou a serpente, e milhões de nativos foram convertidos ao Cristianismo.

[ Fonte: http://www.sancta.org/moreninha.html ]

Análises da imagem de Guadalupe

Em primeiro lugar, chamou a atenção dos peritos a singular conservação do rude tecido da tilma (avental) de Juan Diego. Durante séculos, esteve exposto, sem maiores cuidados, aos rigores do calor, da poeira e da umidade, e mesmo assim sua tessitura não se desfibrou, nem tampouco se lhe desvaneceu a admirável policromia.

A matéria sobre a qual a imagem foi estampada é tecido confeccionado com fibra de ayate, da espécie mexicana agave potule zacc, que se decompõe por putrefação aos 20 anos, aproximadamente. Em contraposição, o avental de Juan Diego já dura 450 anos sem se rasgar nem se decompor e, por motivos inexplicáveis, é imune à umidade e à poeira.

Atribuiu-se essa virtude ao tipo de pintura que cobre o pano, a qual poderia atuar como matéria protetora. Em conseqüência, foi enviada uma amostra para ser analisada pelo cientista alemão e Prêmio Nobel de Química Richard Kuhn, cuja resposta deixou perplexos os consultantes. Os corantes da imagem não pertencem nem ao reino vegetal, nem mineral nem ao animal, afirmou o pesquisador.

Pensou-se, então, que a tela estivesse tratada por um procedimento especial. Mas de que consistência seria essa preparação da tela para que a pintura pudesse aderir e se conservar incólume sobre matéria tão frágil e perecível como é o ayate?

Mais: confiaram a dois estudiosos norte-americanos — o doutor Calagan, da NASA, e o professor Jody B. Smith, catedrático de Filosofia da Ciência no Pensacolla College — a tarefa de submeter a imagem à análise fotográfica com raios infravermelhos. As suas conclusões foram as seguintes:

    1ª.) o ayate — tela rala de fio de magüey — não possui preparação alguma, o que torna inexplicável, à luz dos conhecimentos humanos, que os corantes impregnem fibra tão inadequada e nela se conservem.

    2ª.) não há esboços prévios, como os descobertos pelo mesmo processo nos quadros de Velázquez, Rubens, El Greco e Ticiano. A imagem foi pintada diretamente, tal qual a vemos, sem esboços nem retificações.

    3ª.) não há pinceladas. A técnica empregada é desconhecida na história da pintura. É inusitada, incompreensível e irrepetível.

[ Fonte: "Católicos Perguntam" - Estêvão Tavares Bettencourt,
OSB — Ed. "O Mensageiro de Santo Antônio", 1997 ]

Mistérios nos olhos de Maria
Em 1929, Alfonso Marcue, fotógrafo oficial da antiga Basílica de Guadalupe na Cidade do México, teve a impressão de ver a imagem de um homem de barba refletido no olho direito da Virgem. Depois de várias análises de sua fotografia em preto e branco, ele não tinha dúvidas e decidiu informar as autoridades da Basílica. Ele foi orientado para manter completo silêncio a respeito do descobrimento.

Mais de 20 anos depois, em 29 de maio de 1951, José Carlos Salinas-Chavez examinou uma boa fotografia da face e redescobriu a imagem que parece claramente ser um homem de barba refletido no olho direito da Virgem, localizando-o também no olho esquerdo.

Desde então, várias pessoas tiveram a oportunidade de analisar mais de perto os olhos da Virgem na tilma. O primeiro relatório dos olhos da imagem, emitido por um médico, certifica a presença de uma tripla reflexão (efeito Samson-Purkinje), característica de todo olho humano vivo; o resultado diz que as imagens estão localizadas exatamente onde elas deveriam estar de acordo com tal efeito, e também que a distorção das imagens combina com a curvatura da córnea.

No mesmo ano, outro oftamologista examinou os olhos da imagem com um oftamoscópio em grande detalhe. Ele observou a aparente figura humana nas córneas nos dois olhos, com a localização e distorção de um olho humano normal e, especialmente, notou uma singular aparência dos olhos: eles parecem estranhamente vivos quando examinados.

[ Fonte: http://www.sancta.org/moreninha.html ]

O oftalmologista Torija Lauvoignet examinou com um oftalmoscópio de alta potência a pupila da imagem e observou, maravilhado, que na íris se via refletida uma mínima figura que parecia o busto de um homem. E este foi o antecedente imediato para promover a investigação mais profunda, ou seja, a "digitalização" dos olhos da Virgem de Guadalupe, que pode ser assim descrita:

Sabemos que na córnea do olho humano se reflete o que a pessoa está vendo no momento. O doutor Aste Tonsmann fez fotografar (sem que ele estivesse presente) os olhos de uma filha sua e, utilizando o procedimento denominado "processo de digitalizar imagens", pôde, sem mais, averiguar tudo quanto via sua filha no momento de ser fotografada.

Este mesmo cientista, cuja profissão era a de captar as imagens da Terra transmitidas do espaço pelos satélites artificiais, "digitalizou", no ano de 1980, a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, e os resultados foram surpreendentes.

Tal procedimento consiste em dividir a imagem em quadrículas microscópicas, até o ponto de, numa superfície de um milímetro quadrado, caberem 27.778 ínfimos, mínimos quadrinhos. Uma vez feito isso, cada miniquadrícula pode ser ampliada, multiplicando-se por dois mil, o que permite a observação de pormenores impossíveis de serem captados a olho nu.

Ora, os pormenores que se observaram na íris da imagem são: um índio no ato de desdobrar sua tilma perante um franciscano; o próprio franciscano, em cujo rosto se vê escorrer uma lágrima; uma pessoa muito jovem, tendo a mão sobre a barba com ar de consternação; um índio com o torso desnudo, em atitude quase orante;

uma mulher de cabelo crespo, provavelmente uma negra, serviçal do bispo; um varão, uma mulher e umas crianças com a cabeça meio raspada; e mais outros religiosos vestidos com hábito franciscano. Isto é... o mesmo episódio relatado em náhualt por um anônimo escrito indígena na primeira metade do século XVI e editado em náhualt e em espanhol por Lasso de La Veja em 1649.

Foram feitos também estudos iconográficos para comparar estas figuras com os retratos conhecidos do arcebispo Zumárraga e de pessoas do seu tempo ou do lugar. O que é radicalmente impossível, é que num espaço tão pequeno como a córnea de um olho, situada numa imagem de tamanho aproximado ao natural, um miniaturista tenha podido pintar aquilo que foi necessário ampliar duas mil vezes para que pudesse ser percebido.

Todo fiel católico sabe que a Igreja não impõe à fé dos cristãos alguma revelação particular, mas deixa a critério de cada um aceitar ou não as respectivas narrações. Ora as que se referem a Nossa Senhora de Guadalupe têm forte cunho de verossimilhança, dados os estudos científicos que acabamos de mencionar.

Deus seja louvado pelos sinais que Se digna de dar aos homens, para manifestar a Sua presença e providência no mundo conturbado em que vivemos!

[ Fonte: "Católicos Perguntam" - Estêvão Tavares Bettencourt,
OSB — Ed. "O Mensageiro de Santo Antônio", 1997

Fonte: de toda essa postagem:http://aparicoes.leiame.net/mundo.html

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