domingo, 12 de agosto de 2012

Dia dos Pais!De réu, papai passou para vítima no processo que abri da minha vida.



Hoje, dia dos pais, fiquei a pensar que deveria escrever um artigo a respeito, mesmo porque tenho escrito tanto e não poderia deixar um dia como este passar em branco. Mas, escrever o quê? 

Isso me assustou, porque normalmente escrevo o que sinto e o que sinto no momento não é saudade e nem tristeza, nem tampouco alegria. Me sinto normal. 

Normal? Vede, o meu inconsciente está me enganando. Sinto, que poderia sentir saudade, ou que poderia ter sido muito amada pelo meu pai. Sinto que minha história de vida do passado poderia ter sido diferente se tivesse tido o abraço caloroso de meu pai, se tivesse recebido a correção explicativa na minha vida do meu pai. Mais uma coisa é certa não sinto mais dor por não ter recebido uma vida paterna coerente com o projeto de Deus na vida de meu pai e na minha.

Hoje, percebo que ordenei o meu passado paterno para o amor.

Meu pai, faleceu à 09 anos atrás. No dia do seu entenrro prestei vestibular. E passei em penúltimo lugar. Era um dia chuvoso, mas centenas de pessoas foram ao velório dele. As pessoas estranharam aquele fato. 

Como pode alguém prestar vestibular no dia do enterro do pai? Eu podia, porque a minha história com papai tinha sido quase resolvida. Eu o havia perdoado! Sim, foi uma decisão de perdoá-lo, para ser feliz e para ter a consciência tranquila. Afinal, uma serva do Senhor, não poderia deixar de perdoar alguém, senão estaria jogando todo o trabalho missionário fora.

Havia depois de 12 anos de caminhada religiosa, perdoado papai. Naqueles doze anos fui passando mertiolate na ferida, dia após dia. Dando testemunhos nos encontros de casais, nos encontros de jovens, na renovação. As pessoas choravam comigo. Me emocionava demais ao dar o testemunho.

Hoje, sequer falo sobre isso, aliás, depois de anos, estou escrevendo, porque parei de falar, simplesmente pelo fato de que já não mais incomoda.

Papai era mulherengo! Eu com 15 anos de idade comecei a fazer a despesa de toda a família. Tive uma infância muito pobre. Aos nove já trabalhava de doméstica e comprava meu material escolar. E não tivemos brinquedos, não tivemos o afeto como gostaríamos, afinal éramos nove irmãos.

Faltou carinho, faltou brinquedos, faltou comida. Faltou diálogo. Mas isso realmente hoje não me incomoda. Foi um processo diário de cura. É óbvio que não estou totalmente curada, mas não sinto dor pelo meu passado e isso é excelente. A cura é até o final da vida.

Como disse anteriormente havia perdoado papai, mas não entendia porque ele não agiu corretamente com a gente. E um dia fazendo um REtiro "Tecendo o Fio de Ouro", entendi. É que meu pai não foi amado quando criança. Sua mãe o teve quase aos 50 anos de idade. E naquela época era vergonhoso ter filhos quando idosa. 

Então vovó escondia a barriga. Ela rejeitou os dois filhos no ventre(eram gêmeos). Daí meu pai por ter sido rejeitado, não soube ser um pai carinhoso, um pai responsável. E procurou em outras mulheres, aquela mãe que o havia rejeitado.

Finalmente depois de anos, analisando a vida do meu pai, o Espírito Santo me revelou que o papai foi uma vítima de sua própria história. Papai, de réu passou para vítima. E pude declarar meu pai absolvido.

Senti muito alívio e neste dia dos pais, testemunho isso. Sim, dou meu testemunho! Ninguém pode dar aquilo que não tem. Como meu pai me daria amor se não recebeu?

Hoje, não sinto dor. Foi anulada essa sentença negativa na minha vida. De réu, papai passou para vítima no processo que abri da minha vida.

Por isso, não podemos congelar o nosso passado. Aliás, é preciso abrir um processo e analisar o passado da nossa vida. E através da luz do Espírito Santo, ao descongelar esse passado, vamos descobrindo o que de fato ocorreu e assim podemos mudar a sentença da nossa vida, ordenando a vida de sofrimento para o amor.


Li no blog da Canção Nova o seguinte: "A experiência positiva com o pai é libertadora, gera vida, esperança, destemor. Quem pôde experimentar o amor atuante - mas ao mesmo tempo exigente - de um pai testemunha que [amor paterno] é fonte segura de coragem e ousadia para seguir rumos aos desafios da vida".

Li também:"As lições de vida, as histórias dos antepassados, os casos contados em família são algumas das lembranças positivas que permanecem na mente de quem já não pode dar um abraço em seu pai, no dia que é dedicado a ele. Saudade é sinal de que houve amor, doação, presença e, por isso, também é bem-vinda".

Por isso, é importante, fazermos o processo da nossa vida. Ordenar o passado para o amor, para que a gente não faça outros pessoas sofrerem.

Viva o dia dos pais. Viva o meu pai, que ia aos domingos no azilo visitar os velhinhos. Que ficava no alpendre cantando, com o seu violão e toda criança que via na rua presenteava com uma balinha. Eram qualidades, que todos reconheciam nele e hoje, reconheço também.

Louvado seja Deus!

Augusta Moreira dos Santos
Vazante-MG

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