sábado, 18 de agosto de 2012

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO-Dom Estêvão Bettencourt, OSB


Admitamos um barco movido a remos; avança através das águas lentamente e com grande esforço dos remadores. Se nesse barco, porém, colocarmos velas que possam captar o sopro do vento e as deixarmos abertas, o barco se adiantará muito mais rapidamente e sem cansaço para a tripulação. 

Assim em nós há o progresso espiritual, lento e penosos, se procurarmos – com a graça de Deus – pôr em prática as virtudes teologais e morais; avançamos segundo dimensões humanas... Podemos, porém, progredir muito mais rápida e facilmente se abrirmos nossas velas – os dons do Espírito Santo – para que captem o sopro do Espírito Santo; nosso progresso toma então as dimensões do próprio Espírito; assim nossa oração torna-se extremamente saborosa se nos deixarmos mover pelo Espírito Santo.

Fazendo eco ao texto de Is 11,2, a teologia distingue 7 Dons do Espírito Santo. Estes habilitam a pessoa a realizar atos heróicos e façanhas generosas, experimentando nisso profunda alegria.
DOM DA SABEDORIA
É o mais precioso. Possibilita ao cristão tornar-se dócil ao Espírito Santo para contemplar Deus e seu plano. Há duas maneiras de contemplar as coisas de Deus: uma adquirida, que exige estudo e meditação, e pode ser árdua; outra que procede por afinidade com Deus, afinidade decorrente do amor; assim, quem vive intimamente com Deus num amor dócil e pronto, é levado pelo Espírito Santo a descobrir verdades que o estudo não atinge; essa descoberta é saborosa (saber e sabor vem ambos da mesma raiz latina SAP). Por isso o Dom da Sabedoria está ligado à virtude da CARIDADE; quanto mais vigoroso é o amor num cristão, tanto mais facilmente atua neste o Dom da Sabedoria
DOM DO ENTENDIMENTO
É a luz dada pelo Espírito santo para que o cristão penetre no sentido profundo das verdades da fé (os mistérios da Ssma. Trindade, da Encarnação do Filho, da Eucaristia...); tais verdades deixam de ser “abstratas” e frias, como parecem ser a muitos principiantes, para tornar-se objetos de intuições profundas e belas, que proporcionam grande alegria ao cristão. Tal dom está muito ligado à virtude da fé.
DOM DA CIÊNCIA
É o que nos faz olhar para este mundo com o olhar de Deus; leva-nos a descobrir nas criaturas visíveis o vestígio da sabedoria e da perfeição do Criador. Faz-nos ver também como são insuficientes os bens deste mundo para saciar as aspirações do coração humano; desta intuição seguiram-se muitas conversões da vida fútil para uma vida profundamente cristã. Tal dom foi ricamente possuído por São Francisco de Assis. O dom da Ciência é relacionado com a virtude da PRUDÊNCIA, pois aperfeiçoa a capacidade que temos de perceber a relação das criaturas com Deus.
DOM DO CONSELHO

É aquele que nos faz descobrir a decisão certa a ser tomada num momento de hesitação; dá-nos perceber a atitude equilibrada entre posições extremadas. A vida humana é marcada por situações complexas, nas quais a razão, mesmo iluminada pela fé, não consegue penetrar com clareza; ora, o Dom do Conselho nos faz discernir, com rapidez e eficiência, o certo e o errado, apontando-nos com segurança o caminho a seguir. Associa-se também à virtude da PRUDÊNCIA, que é, sem dúvida, a virtude do lúcido discernimento.
O DOM DA PIEDADE
Faz-nos conceber o afeto filial para com Deus e sentimentos fraternos para com todos os homens filhos do mesmo Pai. Assim, ultrapassamos um relacionamento meramente jurídico com Deus e os demais seres humanos; não nos contentarmos com uma religião de preceitos e proibições apenas, para assumir uma religião de amor, a respeito da qual dizia S. Tomás: “O amor não tem medida; a medida do amor é não ter medida”. Assim o coração do cristão mais e mais se assemelha ao Coração de Cristo. O Dom da Piedade é relacionado com a virtude da JUSTIÇA, que ele ultrapassa, pois a própria meta da justiça é propiciar o aumento do amor entre os homens.
O DOM DA FORTALEZA
Impele-nos a enfrentar corajosamente os obstáculos que se opõem à prática do bem; sugere-nos as palavras do Apóstolo: “Tudo posso naquele que me dá força!” (Fl 4,13). É o dom que sustentou os mártires no certame em prol da fidelidade a Cristo, e sustenta todo cristão na sua vivência cotidiana, em que se requerem paciência, perseverança, magnanimidade em grau elevado.
O DOM DO TEMOR DE DEUS
É o que nos inspira profunda reverência para com Deus. Trata-se de temor filial inspirado por amor e não por temor servil (do escravo). Este dom suscita em nós o horror ao pecado e a força para vencermos as tentações; inspira-nos também a fuga das imperfeições e um anseio de uma liberdade interior cada vez mais viva. É relacionado com a virtude da temperança, pois esta reprime os apetites desordenados, em vista de uma adesão sempre mais livre a Deus.

Fonte: Teologia Moral - Escola Mater Ecclesiae - Dom Estêvão Bettencourt, OSB
Fotos: Dons do Espírito - Catedral Espírito Santo - Barretos/SP
Fonte:http://www.hmt.com.br/novoipmmi/destaque.aspx?id_destaque=25


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